Ozempic: conheça um dos medicamentos mais populares da atualidade
Após a pandemia de COVID-19, a Saúde passou a ser um dos temas mais buscados não só no blog Dot.Lib, mas também em toda a internet. A sociedade passou a se interessar com mais afinco pelas inovações e tendências na Medicina e na Farmácia, especialmente no que diz respeito às etapas de diagnóstico e tratamento.
Um dos termos que mais despertou curiosidade foi “Ozempic”. Trata-se de um medicamento que tem revolucionado o tratamento da diabetes tipo 2 e se popularizou após a comprovação científica de que também é uma substância aliada daqueles que buscam emagrecer. Neste artigo, a Dot.Lib traz mais informações sobre o fármaco mais popular de 2023.
Histórico
Ozempic é o nome comercial do medicamento que tem em seu princípio ativo a semaglutida — um análogo do hormônio GLP-1 que, por sua vez, é um hormônio natural que regula os níveis de glicose no sangue e a secreção de insulina no corpo. A descoberta e o desenvolvimento da semaglutida foram realizados pela gigante farmacêutica Novo Nordisk em 2012. O processo envolveu extensa pesquisa em laboratório, estudos pré-clínicos e clínicos para avaliar sua segurança e eficácia.
Durante essas etapas, os pesquisadores buscaram entender como a semaglutida interagia com o organismo, como afetava os níveis de glicose no sangue, sua duração de ação e potenciais efeitos colaterais. Seu uso foi aprovado nos Estados Unidos pelo Food and Drugs Administration (FDA) em 2017 e, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu seu aval em 2018.
Farmacologia clínica do Ozempic (semaglutida)
Ilustração de uma molécula de um análogo ao hormônio GLP-1, no qual se baseia o princípio ativo do Ozempic, a semaglutida (imagem: Canva).
Indicação
O Ozempic é indicado, via prescrição médica, para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2 não controlada em adultos e deve ser preferencialmente combinado com uma dieta balanceada e a prática de atividades físicas para maior eficácia. O fármaco pode ser indicado para uso monoterápico nos casos em que o paciente apresenta intolerância ou contraindicações à metformina ou em adição a outros medicamentos para a diabetes.
Mecanismo de ação
De acordo com a bula do Ozempic, a semaglutida (seu princípio ativo) é um análogo ao GLP-1 com 94% de homologia sequencial ao GLP-1 humano. Agindo como um agonista do receptor de GLP-1, a semaglutida se liga seletivamente e ativa o receptor de GLP-1, o alvo do GLP-1 endógeno. A ação na glicemia e os efeitos no apetite são mediados especificamente pelos receptores de GLP-1 no pâncreas e no cérebro.
Ao reduzir a glicemia de uma forma dependente da glicose, a semaglutida estimula a secreção de insulina e diminui a secreção de glucagon quando a glicemia é alta. O mecanismo de redução da glicemia também envolve um pequeno atraso no esvaziamento gástrico na fase pós-prandial precoce. Durante a hipoglicemia, o fármaco diminui a secreção de insulina e não prejudica a secreção de glucagon.
Além disso, a semaglutida reduz o peso e a massa corporal adiposa por meio da baixa ingestão energética, envolvendo uma redução do apetite de maneira geral, reduzindo também a preferência por alimentos com alto teor de gordura. Ainda, os receptores de GLP-1 são expressos no coração, com a redução de 20% de problemas cardiovasculares, na vasculatura no sistema imune e nos rins.
Administração e posologia
Imagem: Canva.
O Ozempic é administrado via injeção subcutânea (por meio de uma caneta) no abdômen, na coxa ou na parte superior do braço, uma vez por semana. Na monoterapia, inicia-se com dose mínima de 0,5 mg e, após 4 semanas, pode chegar à dose máxima recomendada de 1,0 mg, de acordo com a resposta do paciente. O local de aplicação pode ser alterado a qualquer momento, sem reajuste de dose, bem como o dia da aplicação semanal, respeitando o intervalo mínimo de 72 horas a partir da última aplicação.
Na terapia combinada com a metformina e/ou tiazolidinediona, as doses de ambos devem ser mantidas sem alterações. Quando combinado com a sulfonilureia ou insulina, a redução nas doses de ambos deve ser considerada para reduzir o risco de hipoglicemia. O automonitoramento da glicemia é necessário apenas para o ajuste de dose da sulfonilureia ou da insulina, quando acompanhados do Ozempic.
Efeitos colaterais
Alguns dos efeitos colaterais considerados muito comuns e comuns incluem: hipoglicemia (quando usado com insulina ou antidiabéticos orais), náusea, diarreia, vômito, dor ou distensão abdominal, gastrite, refluxo, flatulência, fadiga, complicações de retinopatia diabética, surgimento de pedras na vesícula biliar, entre outros.
Já entre os incomuns e raros estão: hipersensibilidade, reação anafilática, alteração do paladar, aumento da frequência cardíaca, algumas condições gastrointestinais adversas — como a pancreatite aguda, e o esvaziamento gástrico atrasado — além de reações no local da injeção. O único efeito colateral relatado após a comercialização foi angiodema.
Advertências para populações específicas
- Crianças: a segurança e a eficácia do Ozempic em pacientes abaixo dos 18 anos ainda não foram testadas. Portanto, o uso pediátrico não é recomendado;
- Idosos: apesar de não ser necessário o ajuste de dosagem de acordo com a idade, não há estudos suficientes sobre seus efeitos na população com 75 anos ou mais;
- Gestantes e lactantes: nos estudos com cobaias animais, foi demonstrada toxicidade na gestação e excreção da semaglutida no leite durante a amamentação. Ainda não há estudos com gestantes e lactantes humanas e, desse modo, não é recomendado o uso de Ozempic a nenhum desses grupos.
- Pacientes com comprometimento hepático: não é necessário nenhum ajuste para estes pacientes. Contudo, o uso da semaglutida nos que têm comprometimento grave da função hepática é limitado e, portanto, não recomendado.
- Pacientes com comprometimento renal: o Ozempic não é recomendado aos pacientes em estado terminal.
Possíveis interações medicamentosas
Ao realizar a anamnese, identifique os medicamentos que o paciente toma e que exigem uma rápida absorção gastrointestinal. Isso porque o retardamento do esvaziamento gástrico está entre os mecanismos de ação do Ozempic.
Outras versões
É importante salientar que, embora tenha se popularizado no Brasil como Ozempic, este nome se refere apenas à versão da semaglutida voltada especificamente ao tratamento da diabetes. A seguir, confira as outras versões comercializadas com diferentes nomes:
1) Wegovy: aprovado pela Anvisa em 2023, o medicamento injetável também tem a semaglutida como princípio ativo e tem foco no tratamento da obesidade. Diferencia-se do Ozempic na dosagem, que chega a 2,4 mg.
2) Rybelsus: seu uso é indicado apenas para o tratamento da diabetes. Diferencia-se dos outros por ser o único administrado diariamente via oral por meio de comprimido.
Sobre o Cognys Meds
Imagem: Cognys Meds / Dot.Lib.
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