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COVID-19: 4 cientistas brasileiras de destaque
  • Artigo
  • Ciências da Saúde, COVID-19
  • 19/03/2021
  • Ester Sabino, Jaqueline Goes, Marilda Siqueira, Ana Paula Fernandes, pesquisadoras brasileiras

A luta feminina pela participação igualitária na ciência ainda precisa vencer vários desafios, em uma área que há anos é majoritariamente ocupada por homens. Entretanto, mesmo diante de um ambiente marcado pela exclusão e desigualdade de gênero, mulheres têm feito história na comunidade científica e construído um ambiente de valorização feminina.  

Segundo o levantamento feito pelo Open Box da Ciência, até 2019 as mulheres no Brasil representam 40,3% dos cientistas que declararam ter doutorado na Plataforma Lattes, base de dados sobre estudantes e pesquisadores do país mantido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No país, pesquisadoras têm conquistado reconhecimento nacional e internacional com os seus trabalhos desenvolvidos no enfrentamento ao SARS-CoV-2. 

Você sabe o nome das duas mulheres que lideraram a equipe que realizou o sequenciamento do genoma do vírus no Brasil em tempo recorde? Conhece a pesquisadora pela criação de um diagnóstico sorológico para detectar a COVID-19 totalmente nacional? E quem foi a brasileira que preparou os laboratórios da América do Sul para o enfrentamento da doença? 

Neste artigo, apresentaremos a trajetória e as contribuições de 4 cientistas brasileiras que, desde a descoberta do vírus, fizeram a diferença no combate a uma das piores pandemias registradas na história da humanidade. Confira:

Ester Sabino e Jaqueline Goes de Jesus

Em apenas dois dias, após a confirmação do primeiro caso de COVID-19 no Brasil, no hospital de São Paulo, a comunidade científica conheceu o sequenciamento completo do genoma do vírus SARS-CoV-2 que circulava na América Latina. Esse feito foi destaque internacional e fomentou o debate sobre os investimentos na ciência brasileira, a importância de incentivar a participação das mulheres na ciência e em cargos de liderança.

Com o uso da tecnologia MinION – rápida, portátil e de baixo custo –, o sequenciamento foi desenvolvido em 48 horas, um processo que demora cerca de 15 dias em outros países.O trabalho foi publicado em 28 de fevereiro de 2020 sob a coordenação de duas mulheres: Ester Sabino e Jaqueline Goes de Jesus. 

A paulista Ester Cerdeira Sabino é pesquisadora, coordenadora de vários projetos multicêntricos nacionais e internacionais com apoio da FAPESP, CNPQ, National Institute of Health dos EUA e Medical Research Center da Inglaterra. Hoje atua como professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e como pesquisadora do Laboratório de Parasitologia Médica.  Ela ainda é autora de mais de 200 artigos em revistas internacionais.  Seus principais trabalhos de pesquisa destacam-se em segurança transfusional, HIV, doença de Chagas, arboviroses e anemia falciforme. 

Jaqueline Goes de Jesus é graduada em Biomedicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, mestre em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI) pelo Instituto de Pesquisas Gonçalo Moniz - Fundação Oswaldo Cruz (IGM-FIOCRUZ) e Doutora em Patologia Humana e Experimental pela Universidade Federal da Bahia em ampla associação com o IGM-FIOCRUZ. Atualmente desenvolve pesquisas como bolsista FAPESP, em nível de pós-doutorado, no (IMT-USP), no âmbito do CADDE - Brazil-UK Centre for Arbovirus Discovery, Diagnosis, Genomics and Epidemiology.

A descoberta coordenada por essas duas pesquisadoras trouxe grandes contribuições como a identificação da origem das primeiras contaminações e a descoberta da forma de transmissão do vírus no país. Também foi possível coletar dados sobre potenciais variações genéticas do patógeno e os caminhos percorridos por ele, de maneira a contribuir para o monitoramento e rastreio da doença em território nacional.

Ana Paula Fernandes

Formanda em biologia e com especialização em biologia molecular de diagnósticos e vacinas, Ana Paula Fernandes é reconhecida pelas suas pesquisas para o diagnóstico, tratamento e vacinas contra a leishmaniose. Além disso, foi uma das responsáveis pela vacina Leish-Tec, contra a leishmaniose canina.

Atualmente, a professora e pesquisadora do Centro de Tecnologia em Vacinas e Diagnósticos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ganhou notoriedade com as suas estratégias realizadas logo no início dessa crise na saúde no Brasil.

Seu trabalho de combate ao patógeno começou em janeiro de 2020, ou seja, antes mesmo da confirmação do primeiro caso de infecção no país. Com a propagação rápida do vírus no mundo, criar um ambiente favorável para contenção do SARS-CoV-2 era necessário e ela previa um desafio enorme quando o vírus chegasse no país.

Em fevereiro do mesmo ano, ela foi designada para coordenar a rede brasileira de diagnóstico criada pelo MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações) na própria UFMG em parceria com diversas instituições como a Fiocruz, Instituto Butantan e a USP. Neste processo, Ana Paula conseguiu identificar uma grande falha no sistema, referindo-se à dependência do país em testes importados. Logo, ela foi responsável pela criação de um diagnóstico sorológico para detecção da Covid-19 totalmente nacional.

Marilda Siqueira

O trabalho desenvolvido pela pesquisadora da Fiocruz, Marilda Siqueira, e a sua equipe foram fundamentais para preparar a América do Sul para o cenário caótico na saúde mundial. Em janeiro de 2020, com o anúncio das primeiras recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde), o Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo da Fiocruz, onde ela trabalha, começou uma corrida contra o tempo com o objetivo de comprar insumos e encontrar tecnologias capazes de identificar a doença.

Essas ações ajudaram para que o país estivesse minimamente preparado para o desafio do novo coronavírus. Além disso, a força tarefa fez da Fiocruz-RJ um dos centros de inteligência de referência das Américas para o coronavírus, com reconhecimento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos 12 laboratórios de referência internacional na pandemia. 

A OMS e a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) solicitaram ainda à pesquisadora que  preparasse outras instituições, como o Instituto Adolfo Lutz (São Paulo) e o Evandro Chagas (Paraná), e treinasse equipes de nove países sul-americanos. 

Com uma longa experiência em tratamentos de outras doenças como Mers, Sars-CoV-1, ebola e sarampo, Marilda Siqueira se tornou uma referência na luta contra os vírus em território nacional. 


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