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Conheça as pioneiras da ciência no Brasil - Parte 2
  • Artigo
  • Ciências Agrárias, Ciências Humanas
  • 22/07/2020
  • Carolina Bori, Elisa Pessoa, Victória Rossetti, Eulália Maria Lahmeyer Lobo, Johanna Döbereiner, "pioneiras da ciência no Brasil

De acordo com os dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), cresceu de forma significativa o número de mulheres na pesquisa, no ensino e no desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no Brasil. Porém, ainda não é possível equiparar com o de homens. Elas representam 53% do total de matrículas nos cursos strictus sensu, sendo 57% dos bolsistas da CAPES. Dos 364 mil estudantes de mestrado e doutorado no país, 195 mil são mulheres. 

A diretora de Avaliação da CAPES, Sônia Bao, ressaltou que as áreas antes com pouco ou nenhuma participação feminina, hoje possuem uma participação significativa. “É preciso aumentar a base para conseguir chegar às posições de destaque. [...] Isso é transferido para a pós-graduação, para professores do ensino superior, logo, para pesquisadoras”, afirmou.

Esse progresso é uma continuidade da luta de diversas mulheres, ao longo da história da ciência no país, que iniciou na década de 20. No artigo  “Conheça as pioneiras da ciência no Brasil - Parte 1” apresentamos a história de cinco mulheres, suas carreiras e contribuições para a ciência brasileira. Neste post, você vai descobrir mais cinco pesquisadoras, em diversas áreas de conhecimento, que também abriram as portas para a construção da participação feminina no universo científico.

1 - Carolina Martuscelli Bori (1924 - 2004) | Psicóloga

Carolina Bori nasceu em 4 de janeiro de 1924, em São Paulo. Em 1947, formou-se em pedagogia pela USP e, no ano seguinte, foi contratada como professora assistente de Psicologia na mesma universidade. Aos 30 anos, seguiu para os Estados Unidos para se aprofundar nos estudos da área e concluiu o curso de mestrado na New School for Social Research, de Nova York. Ao regressar para o Brasil, defendeu a sua tese de doutorado na USP, em 1954. 

Considerada a pioneira da Psicologia no Brasil, a professora liderou o movimento de defesa pela regulamentação da profissão no país, em 1962. Atuou diretamente nas principais iniciativas no campo institucional da psicologia, participando da fundação da Sociedade Brasileira de Psicologia, da Sociedade de Psicologia de São Paulo e do programa de pós-graduação do Instituto de Psicologia da USP. Por conta de suas contribuições na área, ao ser criado o Conselho Regional de Psicologia, Carolina recebeu o registro número 1. 

Ela ainda presidiu, entre 1986 e 1989, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, com o objetivo de divulgar a ciência para o público geral. Após o término do seu mandato, a psicóloga foi aclamada presidente de honra da entidade. Além desse título, recebeu inúmeras honrarias pelos serviços prestados à divulgação da ciência como: título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília em 2000; Comendadora, em 1998; Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de São Carlos, em 2003, entre outras.

2 - Johanna Döbereiner (1924 – 2000) | Agrônoma

Nascida em 1924, na antiga Tchecoslováquia, Johanna Liesbeth Kubelka Döbereiner foi uma engenheira agrônoma brasileira, pioneira em biologia do solo. Formou-se no curso de agronomia, na Universidade de Munique, onde conheceu o estudante de Medicina Veterinária, Juger Döbereiner, com quem se casou em 1950. Veio para o Brasil, neste mesmo ano, se naturalizando brasileira somente no ano de  1956.

No campo da pesquisa, desenvolveu diversos trabalhos que foram fundamentais para o progresso do país. Sua contribuição mais importante foi a descoberta da ocorrência de uma associação entre bactérias do gênero Spirillum e as gramíneas, o que permitiu a fixação biológica do nitrogênio, dispensando o uso de fertilizantes químicos.

Johanna aplicou também esse método no cultivo da cana-de-açúcar, o que viabilizou a implementação do Programa Nacional do Álcool. Em 1964, foi convidada para participar da Comissão Nacional da Soja e usou essa mesma técnica nas plantações do grão. Assim, esse método reduziu os custos da soja brasileira e aumentou o potencial agrícola do país.

Além disso, esse trabalho melhorou a produção de leguminosas e possibilitou também que milhares de pessoas consumissem alimentos mais baratos e saudáveis. Ao longo dos seus 50 anos de carreira, assinou mais de 500 publicações e recebeu mais de 25 prêmios e homenagens oficialmente registrados.

3 - Eulália Maria Lahmeyer Lobo (1924 - 2011) | Historiadora

Pioneira na historiografia brasileira, Eulália Maria Lahmeyer Lobo foi a primeira mulher a se formar em doutorado em História no Brasil ao defender a tese “Administração colonial luso-espanhola nas Américas”. Em 1944, graduou-se em Geografia e História pela Universidade do Brasil e completou seus estudos nos Estados Unidos, nas Universidades de Columbia e North Carolina.

Ao retornar ao Brasil, Eulália iniciou sua carreira no magistério na Universidade do Brasil e como professora de História do Colégio Pedro II. Nos anos 1980, passou a lecionar na pós-graduação em História, na Universidade Federal Fluminense (UFF), onde coordenou o primeiro Projeto Finep na área. Sua trajetória marcante no exercício de suas atividades acadêmicas a conferiu o título de professora emérita na UFF e na UFRJ. 

Eulália publicou, ainda, mais de 100 títulos sob a forma de livros, artigos e monografias em revistas especializadas no Brasil, Argentina, Peru, Costa Rica, Estados Unidos, Portugal, França e Alemanha. 

 

4 - Victória Rossetti (1917-2010) | Engenheira-Agrônoma

Em 14 de outubro de 1917, nasceu Veridiana Victória Rosseti, em Santa Cruz das Palmeiras, interior de São Paulo. Filha de pai e neta de avô agrônomo, seguiu a mesma área da família e ingressou na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, renomada instituição na área. Ela foi a primeira mulher a concluir um curso de agronomia no estado de São Paulo e a segunda no Brasil no ano de 1939.

Iniciou sua carreira como estagiária no Instituto Biológico do estado de São Paulo, com a supervisão do pesquisador Agesilau Bittencourt, um dos mais renomados fitopatologistas do país. Nesta instituição, desenvolveu sua carreira profissional e se tornou referência em doenças que acometem as plantas cítricas.

Victória publicou mais de 400 trabalhos científicos, recebeu 55 prêmios nacionais e 12 internacionais, é pesquisadora emérita do Estado de São Paulo e foi condecorada com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República do Brasil. Faleceu no dia 26 de dezembro de 2010, em São Paulo. 

5 - Elisa Frota Pessoa (1921 - 2018) | Física 

Nascida em 17 de janeiro de 1921, Elisa Esther Habbema de Maia foi uma física experimental brasileira e uma das fundadoras do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Ainda no curso ginasial apresentou interesse pelas aulas de ciência e começou a se interessar pela graduação em Engenharia. Seu maior incentivador a seguir os estudos nesta área foi o mestre de física Plínio Süssekind da Rocha, com quem teve aula a partir de 1936.

Em 1940, contra a vontade da família, ingressou no curso de Física na Faculdade Nacional de Filosofia (FMFi), atual Universidade Federal do Rio de Janeiro. Formou-se em 1942, sendo juntamente com a física Sonja Ashauer, que terminou o curso no mesmo ano na USP, a segunda mulher a graduar-se em Física no Brasil. Ela fez parte do grupo de pioneiros da física brasileira, que se graduaram no início da década de 40, desenvolvendo em parceria com eles sua carreira de física experimental.

Seus principais trabalhos no campo científico foram: seus estudos de radioatividade com a técnica de emulsões nucleares no Brasil e a sua aplicação em várias áreas; seu trabalho sobre a não existência da assimetria do decaimento Pion – Muon, que encerrou uma longa disputa sobre o spin do méson π; e as pesquisas sobre as reações de prótons e dêuterons  com núcleos de massas médias.

 

 

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