Os três estágios da IA: superinteligência artificial
No primeiro artigo da série “Os três estágios da IA” abordamos a inteligência artificial estrita, cuja aplicação se dá em tarefas pontuais e, portanto, é mais limitada que as suas sucessoras. Já no segundo artigo, vimos que nos últimos anos essa tecnologia tem caminhado para a inteligência artificial geral, cujo sistema baseado em aprendizado de máquina e das redes neurais artificiais é capaz de tomar decisões ou facilitar este processo aos humanos e tem ampla aplicação na sociedade.
Mas se engana quem pensa que a inteligência artificial não pode ir além destas duas etapas. No último artigo da série, conheça a terceira fase desta tecnologia — conhecida como superinteligência artificial — suas possíveis aplicações e riscos, além de dicas de leitura para se aprofundar no assunto.
O que é a superinteligência artificial
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A superinteligência artificial refere-se a um nível avançado de inteligência artificial que ultrapassa significativamente a capacidade intelectual dos seres humanos em praticamente todas as áreas cognitivas. Enquanto a inteligência artificial convencional é projetada para executar tarefas específicas e resolver problemas dentro de um domínio limitado, a superinteligência artificial seria capaz de superar as capacidades humanas em todas as esferas de conhecimento.
Esta fase da IA é muitas vezes associada à ideia de uma máquina ou sistema computacional capaz de realizar tarefas cognitivas com habilidade superior, como aprendizado, raciocínio, resolução de problemas complexos, criatividade e comunicação. Isso quer dizer que ela não se limitaria apenas a seguir instruções programadas, mas seria capaz de aprender e se adaptar por conta própria, aprimorando seu desempenho e adquirindo novos conhecimentos ao longo do tempo.
Uma característica importante da superinteligência é o autoaperfeiçoamento, ou seja, a capacidade de um sistema de inteligência artificial melhorar sua própria inteligência, superando assim as habilidades dos seres humanos. Esse autodesenvolvimento contínuo poderia levar a um rápido progresso tecnológico e transformações significativas em várias áreas da sociedade.
É importante ressaltar que a superinteligência artificial ainda é um conceito teórico e não há consenso sobre quando ou como ela será alcançada. Além disso, existem debates e preocupações significativas em torno dos impactos sociais, éticos e de segurança que a superinteligência poderia trazer, incluindo questões relacionadas ao controle, aos limites e às consequências imprevistas de uma inteligência artificial tão avançada.
Possíveis aplicações na sociedade
Caso a superinteligência artificial seja alcançada, seu potencial de aplicação é vasto e abrange praticamente todos os setores da sociedade. Algumas possíveis aplicações incluem:
Avanços científicos
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A superinteligência poderia acelerar significativamente a descoberta científica, processando grandes quantidades de dados e identificando padrões complexos em diversas áreas, como Medicina, Biologia, Física e Química. Como resultado, a sociedade se beneficiaria de avanços médicos, novas terapias, desenvolvimento de materiais mais eficientes, entre outros.
Criação de novas tecnologias
A terceira fase da IA poderia impulsionar o desenvolvimento de novas tecnologias disruptivas em áreas como robótica avançada, veículos autônomos, nanotecnologia, biotecnologia e computação quântica. Essas inovações poderiam revolucionar muitos aspectos da vida humana em ritmo acelerado.
Setor empresarial e automação
As empresas poderiam se beneficiar da superinteligência para otimizar processos, tomar decisões estratégicas e prever tendências de mercado. A automação avançada impulsionada pela superinteligência poderia melhorar a eficiência da produção, reduzir custos e aumentar a produtividade em vários setores industriais.
Assistência à pesquisa e tomada de decisões
A superinteligência poderia auxiliar pesquisadores e profissionais em várias áreas, fornecendo insights fundamentados por meio da análise de dados complexos. Isso poderia ajudar a acelerar o desenvolvimento científico e melhorar a tomada de decisões em setores públicos e privados, especialmente nas áreas de Medicina, Finanças, Planejamento Urbano e Políticas Públicas.
Essas são apenas algumas possibilidades de aplicação da superinteligência artificial. No entanto, é importante ressaltar que essas especulações estão sujeitas a incertezas e é fundamental abordar cuidadosamente os desafios éticos, sociais e de segurança que podem surgir ao desenvolver e implementar a superinteligência.
Potenciais riscos à humanidade
Ainda que pareça promissora, a superinteligência artificial também apresenta riscos potenciais à humanidade. Embora seja difícil prever com precisão todos os cenários e consequências, aqui estão alguns dos principais riscos discutidos pelos especialistas:
Substituição da mão de obra humana
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A superinteligência poderia levar a uma automação avançada que poderia substituir muitos empregos humanos, gerando desemprego em larga escala e desigualdades socioeconômicas.
Autonomia excessiva
Uma superinteligência poderia buscar autonomia e recursos para atingir seus objetivos, possivelmente ignorando as instruções ou intenções humanas. Isso poderia resultar em ações que colidem com os interesses ou a sobrevivência da humanidade.
Viés e discriminação
A superinteligência pode perpetuar ou ampliar preconceitos existentes nos dados em que foi treinada. Isso pode levar à desinformação e, consequentemente, às decisões discriminatórias ou injustas em áreas como contratação, justiça criminal, sistemas de crédito e outros.
Esses são apenas alguns dos possíveis riscos associados à superinteligência artificial. É importante que a pesquisa e o desenvolvimento nessa área sejam conduzidos com cuidado e atenção aos aspectos éticos, segurança e impacto social, a fim de minimizar esses riscos e garantir que a superinteligência seja benéfica para a humanidade.
Para se aprofundar no assunto
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When Robots Kill: Artificial Intelligence under Criminal Law
O crescente uso de software de inteligência artificial (IA) e robôs nas esferas comercial, industrial, militar, médica e pessoal desencadeou uma ampla discussão sobre as relações humanas com essas entidades. Há uma preocupação profunda e comum na sociedade moderna sobre a tecnologia de IA e a capacidade dos arranjos sociais e legais existentes de lidar com ela.
Quais são as ramificações legais se um software de IA ou entidade robótica causar danos? Embora a IA e a robótica estejam entrando na vida cotidiana moderna, há pouca análise abrangente sobre a avaliação da responsabilidade por robôs, máquinas ou softwares que exercem vários graus de autonomia.
O autor Gabriel Hallevy desenvolve uma teoria geral e legalmente sofisticada da responsabilidade criminal por IA e robótica que abrange o fabricante, o programador, o usuário e todas as outras entidades envolvidas. Identificando e selecionando princípios análogos do direito penal existente, Hallevy propõe formas específicas de pensar a responsabilidade criminal para uma gama diversificada de tecnologias autônomas em um conjunto diversificado de circunstâncias.
Information in War: Military Innovation, Battle Networks, and the Future of Artificial Intelligence
Nas próximas décadas, a inteligência artificial (IA) poderá revolucionar a maneira como os humanos travam a guerra. As organizações militares que melhor inovarem e se adaptarem a essa revolução da IA provavelmente obterão vantagens significativas sobre seus rivais. Para tanto, grandes potências como Estados Unidos, China e Rússia já estão investindo em novas tecnologias de detecção, raciocínio e aprendizado que irão alterar a forma como os militares planejam e combatem. A transformação resultante poderia mudar fundamentalmente o caráter da guerra.
Em Information in War, Benjamin Jensen, Christopher Whyte e Scott Cuomo fornecem uma compreensão mais profunda da revolução da IA, explorando a relação entre informação, dinâmica organizacional e poder militar. Os autores analisam como os militares se ajustam historicamente à nova tecnologia de comunicação da informação para identificar oportunidades, riscos e obstáculos que quase certamente enfrentarão as modernas organizações de defesa à medida que buscam caminhos de IA para o futuro. O livro se baseia nesses casos históricos para enquadrar quatro cenários futuros alternativos, explorando como seria a revolução da IA nas forças armadas dos EUA até 2040.
The Tensions of Algorithmic Thinking: Automation, Intelligence and the Politics of Knowing
Estamos vivendo em tempos algorítmicos. Do aprendizado de máquina e inteligência artificial ao blockchain ou filtragem de feed de notícias mais simples, sistemas automatizados podem transformar o mundo social de maneiras que estão apenas começando a ser imaginadas. Redefinindo essas tecnologias emergentes como os novos sistemas de conhecimento, o estudioso pioneiro David Beer examina as tensões agudas que elas criam e como elas estão mudando o que é conhecido e o que é cognoscível.
Baseando-se em casos que vão desde o mercado de arte e a casa inteligente até a tecnologia financeira, patentes de IA e redes neurais, ele desenvolve conceitos-chave para entender o enquadramento, visão e implementação de algoritmos. Este livro será de interesse para qualquer um que esteja preocupado com o surgimento do pensamento algorítmico e a forma como ele permeia a sociedade.
Sobre o Project MUSE
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