Março lilás: campanha contra o câncer do colo do útero
Todos os meses do ano são dedicados a uma ou mais campanhas de conscientização sobre doenças que podem ser silenciosas, graves, de pouco conhecimento público ou que possuam tratamentos nem sempre conhecidos ou acessíveis à população. Entre as datas mais conhecidas estão o Setembro Amarelo, dedicado à prevenção do suicídio, o Outubro Rosa, sobre o câncer de mama, o Novembro Azul, sobre o câncer de próstata.
Em março, não seria diferente: o terceiro mês do ano é dedicado ao câncer do colo do útero que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), é o quarto tipo de câncer com maior incidência entre mulheres. Em 2022, as regiões de maior ocorrência da doença foram o Norte (com 20,48 casos para cada 100 mil mulheres), o Nordeste (17,59/100 mil) e o Centro-Oeste (16,66/100 mil); a estimativa do instituto para 2023 é de que surjam 17.010 casos novos.
Considerando o cenário citado acima e seguindo a série de artigos sobre as campanhas mensais de prevenção às doenças, a equipe Dot.Lib contribui com este artigo contando um pouco da história do mês de conscientização contra o câncer do colo do útero, como a doença surge, seus sintomas e tratamentos disponíveis. Fique conosco até o fim, e confira uma dica que pode auxiliar os profissionais da saúde no combate à doença e a garantir a segurança e o bem-estar do paciente.
A campanha
Imagem: iStock.
Não se sabe exatamente quando começou o Março Lilás, mas a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou a data em 1975. A escolha do mês se deu pelo fato de que, em 8 de março, comemora-se o dia internacional da mulher e, no dia 26, o dia mundial da prevenção do câncer de colo do útero. Já o lilás estaria ligado ao movimento sufragista da Inglaterra, em 1908, quando as mulheres que, dentre outras cores, escolheram o lilás para simbolizar a luta pela igualdade de direitos e liberdade.
De acordo com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), esse câncer é a principal causa de morte entre mulheres na América Latina e no Caribe, região responsável por 80% dos óbitos nas Américas. A estimativa é que o número de vítimas aumente para 51,5 mil em 2030, com 89% delas na América Latina e no Caribe. Dito isto, campanhas como o Março Lilás são importantes para que a sociedade e as autoridades públicas voltem suas atenções à doença, que pode ser tratada, mas principalmente, prevenida.
A doença
Ilustração do colo do útero e evolução do câncer (imagem: iStock/Dot.Lib).
O câncer do colo do útero acontece quando há crescimento anormal ou invasão de células na região da cérvix, uma pequena passagem entre a vagina e o útero; por esse motivo, também é conhecido como câncer cervical. A doença se desenvolve lentamente, o que dá mais tempo para o diagnóstico precoce e aumenta as chances de cura. A incidência do câncer cervical é maior em mulheres de 40 a 60 anos, embora alguns hábitos e estilos de vida coloquem as mais jovens em perigo.
O vírus do papiloma humano (ou HPV) é o causador de mais de 90% dos casos da doença, mas nem todos que estão infectados irão desenvolvê-la. O câncer cervical pode ser espinocelular, tipo mais comum que se inicia nas células superficiais da cérvix, próximo a vagina; ou do tipo adenocarcinoma, o mais raro e com início nas células mais profundas da cérvix, entre o útero e a vagina.
Sintomas
Os sintomas variam de acordo com o estágio no qual o câncer se encontra e, geralmente, a fase inicial não apresenta qualquer sinal. No câncer gerado pelo HPV, há o surgimento de verrugas na vulva, parede vaginal, colo do útero e períneo. Ainda que sejam incomuns, o sangramento vaginal ou de contato após a relação sexual e secreções incomuns na vagina podem ocorrer no início da infecção e são indicativos de um tumor maligno.
Em um quadro avançado, os sintomas costumam se apresentar como falta de apetite, sangue na urina, sangramento retal, diarreia, incontinência urinária e até inchaço em uma das pernas. Caso não seja diagnosticado e tratado a tempo, a doença pode se tornar uma metástase no aparelho uterino, se espalhar para outros órgãos e levar a óbito.
Causas
Apesar de a maioria dos casos ser resultante do HPV, alguns fatores podem aumentar as chances de surgimento do câncer do colo do útero e até mesmo agravá-lo, como:
- Não realizar acompanhamento ginecológico de rotina;
- Vida sexual precoce e/ou sem preservativos;
- Ter filhos muito jovem e/ou ter muitos filhos;
- Se relacionar sexualmente com muitas pessoas;
- Ter um sistema imune enfraquecido por outras doenças ou má-nutrição;
- Tabagismo;
- Predisposição genética relacionada aos genes miR 146, miR 196a2 e miR 499.
Diagnóstico
Os exames mais pedidos pelos ginecologistas para um diagnóstico preciso costumam ser:
- Teste de Papanicolau ou especular: munido de luvas, o ginecologista insere o dedo na vagina da paciente, que deve estar relaxada e com as pernas afastadas, para determinar a posição do colo do útero. Em seguida, com o órgão aberto, o especialista insere o espéculo já lubrificado, um instrumento que permite a visualização mais aprofundada do colo do útero e, caso necessário, a coleta de amostras para biópsia.
Ilustração do colo do útero e evolução do câncer vistos pelo espéculo durante o teste de Papanicolau (imagem: iStock/Dot.Lib).
- Colposcopia: por meio das lentes de aumento do colposcópio, é possível identificar se há lesões e se são benignas (como as inflamações), pré-malignas (com possibilidade de ser um câncer) ou malignas (câncer). Ele é inserido na vagina de modo semelhante ao espéculo e são usados dois reagentes — o ácido acético 3 ou 5%, e o iodo (o chamado Teste de Schiller) — para melhor visualização das lesões e sua origem. É complementar ao Papanicolau (também conhecido como esfregaço).
- Biópsia: feita com anestesia local durante a colposcopia, o procedimento é realizado com uma pinça para coletar uma pequena porção do material biológico na superfície das áreas anormais, que é enviada para uma análise laboratorial. O procedimento também pode ser feito por meio da conização ou da curetagem endocervical.
- Teste de HPV: semelhante à biópsia, são coletadas amostras de áreas anormais da parede da vagina e das regiões anal, bucal e cervical, locais onde costumam surgir as verrugas nos casos de infecção por papilomavírus humano. O objetivo é identificar o tipo do HPV e se pode evoluir para o câncer do colo de útero.
Tratamento e prevenção
Imagem: Canva.
Assim como os sintomas, o tratamento varia de acordo com o estágio da doença. Tanto a cirurgia quanto sua combinação com radioterapia são mais indicadas quando o câncer ainda não se disseminou para além do colo do útero. Combinada com a quimioterapia, a radioterapia é aconselhada quando há metástase no colo do útero ou além dele. A quimioterapia é indicada apenas em quadros metastáticos e recorrentes da doença.
Quanto à prevenção, as recomendações incluem acompanhamentos ginecológicos frequentes (como o Teste de Papanicolau citado acima) a partir dos 21 anos ou da primeira relação sexual para detecção precoce o uso de preservativos (em especial, a camisinha) antes de qualquer atividade sexual. Indicada para todos a partir dos 9 anos, a vacina contra o HPV protege contra os tipos do vírus 6, 11, 16 e 18 e previne também as verrugas genitais.
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Leia também: Associação de câncer cervical materno com vacinação infantil contra o HPV
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