Novembro Azul: conheça a data e sua importância
Há uma crença de que os homens cuidam menos de sua saúde, comparados às mulheres, especialmente quando há a necessidade de ir às consultas médicas ou realizar exames.
As estatísticas confirmam que essa percepção é uma realidade: dados do Plano Nacional de Saúde (PNS) — que compila dados de anos anteriores e faz uma estimativa para os próximos — revelam que 82,3% das mulheres se consultaram com o médico e apenas 69,4% dos homens fizeram o mesmo.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, esse fato também reflete nas taxas de mortalidade a cada mil habitantes (4,2 para mulheres e 6,8 para homens) e na expectativa de vida (84,23% para mulheres e 77,90% para homens).
Os dados acima citados servem como um panorama geral da saúde masculina no Brasil. Desse modo, a equipe Dot.Lib preparou este artigo para ajudar na conscientização não só da importância do “Novembro Azul”, mas também para promover o conhecimento sobre a doença e a sua respectiva prevenção.
História da campanha
A origem do “Novembro Azul” remete ao ano de 2003, na Austrália, quando os amigos Travis Garone e Luke Slattery souberam que a mãe de um colega havia arrecadado fundos para o combate ao câncer de mama, o mais prevalente nas mulheres.
Inspirados por essa ação, a dupla decidiu deixar seus bigodes crescerem como uma forma de chamar atenção para a pauta do câncer de próstata. Assim, o visual ficou associado não só à masculinidade, mas à conscientização sobre os cuidados para com a saúde dos homens, principalmente com a prevenção do câncer de próstata.
A partir disso, Garone, Slattery e outros dois amigos criaram o Movember Foundation, sendo o primeiro nome uma junção das palavras do inglês moustache (bigode) e november (novembro). A organização sem fins lucrativos também arrecada fundos para o combate ao câncer de próstata.
No Brasil, a campanha de conscientização do público masculino sobre essa doença começou em 2008, ano no qual foi criada a instituição Lado a Lado pela Vida, que popularizou o “Novembro Azul” no país com ações iniciadas em 2011.
Sobre o câncer de próstata
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostrou que, no Brasil, o câncer de próstata foi responsável por 29,2% das localizações primárias de tumores em homens em 2020, sendo o tipo de maior prevalência nesse sexo. O instituto estima que cerca de 65.840 novos casos devem surgir entre 2020 e 2022.
Causas
O surgimento está associado ao aumento na produção de andrógenos, entre os quais está a testosterona. Apesar desses critérios, a causa exata ainda é desconhecida.
O que se sabe é que existem alguns genes-chave e mutações genéticas que facilitam o desenvolvimento da doença: BRCA1 e BRCA2, por exemplo, são os responsáveis por reparar erros no DNA e, portanto, também são capazes de suprimir o surgimento ou crescimento de tumores. Após mutação, podem causar câncer de mama em mulheres e, em menor proporção, pode causar o câncer de próstata nos homens.
Já a mutação nos genes CHEK2, ATM, PALB2 e RAD51D é responsável pelo surgimento de alguns tipos de câncer na próstata, sendo esses hereditários. O gene HOXB13 é fundamental para a formação da próstata e a mutação genética que nele ocorrem — e nesse caso, são raras — geralmente estão associadas à doença em estágio inicial.
Além das alterações genéticas, há também alguns fatores de risco que podem fazer com que as células prostáticas se tornem cancerosas:
- Idade: esse tipo de câncer é prevalente em homens com mais de 65 anos, mas é recomendado um acompanhamento médico a partir dos 50 anos.
- Etnia: é mais recorrente em homens com ascendência africana e/ou caribenha e menos nos de ascendência asiática e hispânica/latina.
- Condições/doenças genéticas pré-existentes: homens diagnosticados com síndrome de Lynch, por exemplo, podem desenvolver o câncer de próstata e uma série de outros tipos com risco aumentado.
Outros fatores estão em estudo como a dieta, a obesidade, a prostatite (ou inflamação na próstata), o tabagismo, doenças sexualmente transmissíveis (as chamadas DSTs) e até mesmo certos tipos de atividades laborais.
Sintomas
Alguns tipos de câncer de próstata crescem lentamente e sem manifestar sintomas. No entanto, os mais relatados são os problemas no trato urinário, que envolvem a micção excessiva durante a noite, fluxo urinário baixo ou dificuldades em mantê-lo constante, incontinência, entre outros.
Estudos recentes (2020-2021)
A seguir, veja três estudos publicados recentemente nos mundialmente renomados journals de ciências da saúde:
JAMA Oncology
Publicado em novembro de 2021, o estudo “Desenvolvimento e validação de uma plataforma alimentada por inteligência artificial para classificação e quantificação do câncer de próstata” mostra o papel da Inteligência Artificial (IA) e do banco de dados como aliados na busca por diagnósticos e tratamentos mais precisos.
Os resultados sugerem que uma plataforma alimentada pela IA pode ser capaz de detectar, classificar e quantificar o câncer de próstata com alta precisão e eficiência. Dessa forma, é possível aumentar o nível de detalhamento da avaliação histopatológica, além de melhorar a estratificação de risco e o manejo clínico do câncer de próstata.
New England Journal of Medicine
A pesquisa denominada “Lutécio-177-PSMA-617 para câncer de próstata resistente à castração metastática” focou nos efeitos da substância para retardar o processo metastático do câncer de próstata. Os autores do estudo acompanharam 831 pacientes em 10 países por um período médio de 20 meses.
A terapia, que também é realizada com radioligantes, prolongou a sobrevida livre de progressão baseada em imagem em e a sobrevida geral quando adicionada ao tratamento padrão em pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração metastática avançada para PSMA.
Wiley
“Acetato de abiraterona mais prednisona em homens negros e brancos com câncer de próstata metastático resistente à castração” é o título de um estudo prospectivo que foca de análise exploratória que inclui genotipagem de todo o genoma para identificar polimorfismos de nucleotídeo único associados à progressão em um modelo que incorpora ancestralidade genética.
Apesar das taxas de morbidade mais altas, os pacientes negros demonstraram progressão radiográfica e sobrevida geral semelhantes aos dos pacientes brancos e tenderam a maiores declínios do antígeno específico da próstata, bem como seu tempo de progressão, consistentes com relatórios retrospectivos. Esta análise exploratória de TTP em todo o genoma identificou um possível marcador candidato de resultados de tratamento dependentes de ancestralidade.
ATENÇÃO: as descrições e os dados contidos neste artigo são apenas para fins informativos e não substituem um diagnóstico realizado por médicos especialistas.
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