ChatGPT: benefícios e possíveis riscos à sociedade
A inteligência artificial (IA) revolucionou a forma como a humanidade tem lidado com as tecnologias até aqui — desde a motivação para desenvolvê-las, até seu uso e respectivas consequências. Se antes eram apenas meios facilitadores de tarefas manuais e pesadas, hoje já possuem “inteligência” suficiente para automatizar processos inteiros com pouca ou nenhuma intervenção humana.
Um dos frutos desse salto tecnológico são os chatbots, programas de computador que utilizam a inteligência artificial para simular conversas humanas e fornecer respostas automatizadas. Essas soluções baseadas em IA estão sendo amplamente adotadas em diversos setores, desde o atendimento ao cliente até o suporte técnico, oferecendo uma experiência de usuário mais rápida e personalizada.
A IA desempenha um papel fundamental no funcionamento dos chatbots. Ela permite que esses programas analisem e compreendam as perguntas e solicitações dos usuários, identificando padrões e contextos para fornecer respostas relevantes. Além disso, os avanços na área de processamento de linguagem natural possibilitam que os chatbots imitem as capacidades humanas ao interpretarem e gerarem textos de maneira cada vez mais precisa e natural, melhorando a interação com os usuários.
O exemplo atual mais popular de chatbot é o ChatGPT que, em poucos anos de existência, têm surpreendido alguns, preocupado outros — e, o mais importante, já faz parte da realidade de muita gente. Neste artigo introdutório sobre a tecnologia, você saberá um pouco mais da origem do ChatGPT e seus benefícios e riscos.
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O que é o ChatGPT?
Imagem: Canva.
Criado em 30 de novembro de 2022 nos Estados Unidos pelo laboratório de pesquisa em Inteligência Artificial OpenAI, o ChatGPT é um software que simula a linguagem humana natural, como em uma conversa. No entanto, uma das suas principais características — que o diferencia dos demais — é a versatilidade que o uso da inteligência artificial traz.
Para além do que os chatbots comuns fazem, o ChatGPT é capaz não só de responder perguntas gerais como também de compor músicas e poesias, fazer trabalhos acadêmicos, traçar uma estratégia de vendas ou até mesmo criar códigos de programação como o Python.
Outro diferencial do ChatGPT é que ele lembra os dados (ou prompts) fornecidos pelo usuário em uma mesma conversa, podendo referenciá-los em outras respostas ao longo do diálogo, o que torna a interação contextual, coerente e semelhante à dos humanos.
Mas como o próprio nome já diz — GPT, “generative pre-trained transformer”, ou “transformador generativo pré-treinado” — a tecnologia passou por treinamentos (machine learning, ou aprendizado de máquina) para que essas interações ocorram da forma mais natural possível. E vale destacar que “da forma mais natural possível”, aqui, significa também o refinamento gradativo dos algoritmos a cada interação para que simulem, de modo cada vez mais sofisticado, uma conversa com outro humano.
Antes de ser aberto ao público, os desenvolvedores “alimentaram” o modelo de IA com grandes quantidades de dados fornecidos em textos e outros conteúdos — inclusive, por toda a Web. Assim, foi criado um gigantesco conjunto de dados (também chamado de big data) a partir do qual a plataforma conseguiria, por meio do processamento de linguagem natural , gerar respostas e diálogos mais complexos.
Atualmente, a plataforma está em seu quarto modelo de linguagem, o GPT-4, que foi lançado em 14 de março de 2023 e está disponível apenas para o plano Plus, que é pago. Uma das principais diferenças de seu antecessor, o GPT-3 — lançado em 2020 e ainda aberto gratuitamente ao público na versão GPT-3.5 — é a sua capacidade de processar não só textos, mas também imagens como dados de entrada, analisando seu conteúdo de forma semelhante à um exame humano.
Benefícios
As possibilidades que tecnologias como o ChatGPT oferecem são incontáveis e algumas delas já trazem benefícios à sociedade. Confira alguns deles a seguir:
Otimização de processos
Imagem: Canva.
Os chatbots conseguem simplificar algumas etapas de processos — especialmente os digitais — direcionando os usuários para o espaço no qual terá o atendimento mais adequado às suas necessidades, como já ocorre em bancos e demais serviços essenciais. Na área da saúde, por exemplo, a triagem feita por chatbots pode proporcionar um atendimento mais rápido e eficiente, ganhando tempo para que a equipe de saúde possa tomar decisões sobre o diagnóstico e o tratamento.
Os departamentos de recursos humanos também já aderiram às facilidades desse tipo de tecnologia, especialmente na seleção de candidatos. Os chatbots conseguem “escanear” quais currículos contém as habilidades e experiências que se enquadram nos requisitos podendo, inclusive, dar os feedbacks positivos ou negativos sobre o processo seletivo. Assim, os profissionais responsáveis pela seletiva têm mais tempo para se dedicar às entrevistas presenciais ou virtuais. Algumas plataformas relacionadas à contratação profissional e ao mercado de trabalho já fazem uso desse recurso, como Gupy e LinkedIn.
Incentivo à criatividade
Imagem: Canva.
Nos dias em que a criatividade não está tão afiada, o ChatGPT pode dar uma mãozinha, com algumas ideias que podem servir de ponto de partida. Afinal, como dito anteriormente, ele é capaz de produzir conteúdos das mais variadas estruturas e linguagens.
Em áreas como o marketing digital, por exemplo, a ferramenta é capaz de criar planejamentos do zero e sugerir modos de executá-lo, além de mapear o comportamento do consumidor para personalizar sua experiência no seu site e ou blog e uma variedade de outras tarefas. Também é possível pedir ao chatbot para que aprimore um conteúdo pronto, seja adequando-o ao tom de voz do cliente, aplicando conceitos de SEO, corrigindo erros gramaticais e ortográficos, entre outros ajustes.
Riscos
Os benefícios citados acima são apenas uma amostra dos vários benefícios que recursos como o ChatGPT oferecem. No entanto, como qualquer tecnologia, seu uso traz riscos que precisam ser previamente considerados. Confira alguns a seguir:
Segurança dos dados
Imagem: Canva.
Em abril de 2023, o Conselho Europeu de Proteção de Dados da União Europeia iniciou uma força-tarefa para discutir uma possível regulamentação sobre chatbots baseados em IA tendo o ChatGPT como o centro das atenções. A decisão foi tomada após investigações abertas na Itália, Alemanha, Espanha e França, cujas autoridades públicas alegam possíveis violações ao General Data Protection Regulation (GDPR), equivalente à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Entre os motivos citados, a Agência Italiana de Proteção de Dados acusou a OpenAI de não realizar verificações de idade dos usuários, o que “expõe as crianças a respostas absolutamente inadequadas para sua idade e consciência”. Já as autoridades da Espanha enfatizaram que, embora favoreça o desenvolvimento da IA, “ela deve ser compatível com os direitos e liberdades pessoais”.
Na França, foram abertas cinco denúncias sobre risco à privacidade de usuários e um parlamentar francês afirmou que a plataforma já deu respostas erradas sobre dados de sua vida pessoal e profissional.
Instabilidade nas relações de trabalho
Imagem: iStock.
Como uma tecnologia capaz realizar muitas atividades de forma quase autônoma e em um curto prazo, é normal que surjam especulações sobre a substituição de humanos pelo ChatGPT, especialmente em áreas que trabalham com produção de conteúdo, fórmulas e códigos de programação. Mais do que mera especulação, algumas empresas têm feito experimentos do tipo, como o grupo de mídia de notícias BuzzFeed.
Em janeiro de 2023, o fundador e CEO da empresa norte-americana, Jonah Peretti, anunciou por um memorando interno que os conteúdos produzidos no BuzzFeed serão aprimorados pelo ChatGPT. A notícia veio um mês após a demissão de 180 funcionários, cerca de 12% do quadro geral de trabalho. Outra gigante que se viu ameaçada pelo chatbot foi a Alphabet Inc., controladora do Google, que demitiu mais de 12 mil funcionários.
De acordo com o artigo “A difficult decision to set us up for the future”, publicado em janeiro de 2023 pelo CEO, Sundar Pichai, os desligamentos foram realizados para garantir que os funcionários e as funções desempenhadas estejam alinhados às prioridades do Google, que atualmente giram em torno da IA. Por outro lado, o ChatGPT desafiou a empresa, que prometeu lançar 20 novos produtos e uma versão repaginada do seu mecanismo de busca com recursos de chatbot ainda este ano.
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