5G: múltiplas possibilidades na nova era digital
Desde 6 de julho de 2022, o Brasil tem experimentado uma nova forma de conexão com a chegada do sinal 5G em Brasília. Até o momento, a novidade já foi implantada nas seguintes capitais: Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP) e Vitória (ES). A previsão é de que, até julho de 2029, todas as cidades com mais de 30 mil habitantes já tenham acesso ao sinal mais potente, ainda que o acesso pleno ao 5G “puro” — ou seja, em frequência máxima de 3,5 gigahertz (GHz) — esteja marcado para novembro.
Com isso, a chamada internet das coisas se torna uma realidade, abrindo um mundo sem fim de possibilidades cada vez mais inteligentes e integradas. Neste artigo, você ficará por dentro do que é o 5G, como funciona e as tecnologias que possibilitam seu funcionamento, além das oportunidades e dos desafios da sua implementação na sociedade.
O que é o 5G?
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A sigla 5G pode ser entendida tanto como a abreviação de “quinta geração”; entretanto, tecnicamente, a letra G está relacionada à conectividade da internet nas redes móveis, sendo a sucessora do 4G (ou quarta geração). Esta geração promete ter qualidade muito superior à sua antecessora por ser ainda mais rápida e permitir a integração entre outros dispositivos e sistemas remotamente.
Apesar de ser uma novidade no Brasil, o 5G pronto para uso existe desde 2018 e, em 2019, a Coreia do Sul foi o primeiro país a disponibilizá-lo em grande escala para a população. A Samsung Electronics foi a responsável não só pelo desenvolvimento do sinal 5G como também por sua implementação no país asiático.
Inicialmente, os equipamentos que terão acesso ao 5G serão os smartphones, ainda que a boa parte dos modelos lançados antes de 2021 não estejam aptos a receber a nova geração da internet. Apesar disso, mais de 80 aparelhos receberam a homologação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) certificando que os dispositivos estão aptos a receber o sinal 5G. Estima-se que, à medida que o custo de implantação diminua, será possível usufruir desse sinal por meio dos wearables (como os smartwatches), eletrodomésticos e até mesmo automóveis, com possibilidade de integração entre esses objetos e controle remoto dos mesmos.
Principais características
A seguir, confira algumas especificações técnicas que, em termos gerais, caracterizam o sinal 5G e que o tornam tão atrativo:
Latência
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Nas telecomunicações, este termo se refere ao tempo que um comando dado pelo usuário leva para ser executado e é um sinal da qualidade da velocidade de uma conexão. É possível perceber a importância da latência nos jogos online, por exemplo: suponhamos que, para que o personagem execute a ação de pular, o jogador deve apertar a tecla de espaço.
Neste caso, a latência será o tempo decorrido desde o acionamento da tecla de espaço (comando) até o pulo dado pelo personagem (execução e finalização da tarefa). Uma característica do 5G é a baixa latência, ou seja, a diminuição do intervalo de tempo entre o envio do sinal ou de um pacote de dados e seu recebimento.
Velocidade
É inversamente proporcional à latência, ou seja, quanto mais baixa é a latência, maior é a velocidade da transmissão de dados. Esta é uma das características que os usuários do 5G no Brasil já notaram, uma vez que o upload e o download dos conteúdos ficaram mais rápidos em comparação com as gerações anteriores. Quanto maior a velocidade, maior é a capacidade de transferência de dados e, com isso, mais tarefas cada vez mais complexas podem ser realizadas.
Se com o 3G, é possível enviar mensagens pela internet, o 4G permite distribuir conteúdo multimídia pela internet (o chamado streaming) e, na área industrial, a conexão entre máquinas. Já o 5G permitirá a interconexão digital entre objetos (muito mais do que por pessoas) tendo a velocidade — que é aproximadamente 10 vezes mais rápida que a da geração anterior — como um importante fator nessa nova era digital.
Conectividade
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É a capacidade de manter conectados vários aparelhos simultaneamente, formando uma rede, como ocorre nas grandes empresas e em outros ambientes de trabalho compartilhados. Isto também é muito útil contexto residencial, já que permite aos locais com mais de um morador a conexão de diversos aparelhos à internet em atividades com tráfegos de dados intenso: ao mesmo tempo que uma pessoa pode assistir um filme via streaming, outra pode fazer uma vídeo chamada de trabalho e uma terceira pode jogar um game online, por exemplo. O 5G proporcionará uma conectividade sem prejuízo ao tráfego de dados, evitando travamentos e com mais velocidade.
Cobertura
Este aspecto diz respeito ao alcance geográfico do sinal onde a operadora responsável pela infraestrutura e geração deste sinal está ativa. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a cobertura mínima do sinal deve ser de 80% das áreas urbanas, onde está a maior parte da população, não sendo obrigatório o alcance em áreas como estradas, túneis ou zonas rurais. A previsão é de que a internet 5G cobrirá até 1 milhão de aparelhos por quilômetro, um grande avanço comparados aos atuais 10 mil aparelhos por quilômetro proporcionados pelo 4G.
3G e 4G vs. 5G
Agora que já estão claros alguns dos aspectos técnicos do sinal 5G, veja a comparação com o 4G e o 3G, sinais ainda vigentes em todo o mundo:
Megabites por segundo (mbp/s) e gigabytes por segundo (gbp/s); dados estimados (imagem: Dot.Lib).
Vantagens
Interoperabilidade
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O termo se refere a integração e interação entre máquinas e sistemas que, com o auxílio tanto da conectividade mais potente do 5G, quanto com o auxílio dos algoritmos de inteligência artificial, podem executar tarefas complexas sem intervenção humana. Com o avanço da conexão de quinta geração mais potente, a interoperabilidade estará presente em diversos setores-chave da sociedade, como os meios de produção, comércios, transporte, entre outros.
Há algum tempo, já se discute a possibilidade da aplicação da interoperabilidade na saúde, com diversos benefícios entre os quais: uma visão geral e completa da saúde, facilitação dos processos e da comunicação entre médico e paciente, além da otimização de recursos e redução de custos para a instituição da saúde.
Economia aquecida
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Por sua alta performance que inclui rapidez no tráfego de dados, além de múltiplas conexões, o 5G tem um grande potencial de impactar significativamente o setor produtivo no Brasil. Segundo um levantamento realizado pela gigante das telecomunicações Nokia, a tecnologia pode acrescer ao Produto Interno Bruto (PIB) aproximadamente R$ 6,5 trilhões até 2035.
Em entrevista ao portal Brasil 61, o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Calvet, afirmou que o 5G será o motor propulsor para a Quarta Revolução Industrial no país. “A gente está diante de uma coisa que pode viabilizar uma revolução do ponto de vista da indústria, eu diria que essa conectividade permitida pelo 5G vai aproximar consumidores de fornecedores, vai aproximar a cadeia de suprimentos muito mais, vai aproximar várias áreas dentro da própria empresa. Então, a conectividade que vai, de fato, prover a conexão de vários atores, e entre o mundo físico e o digital”, afirma Calvet.
Baixo impacto ambiental
A eficiência energética em redes celulares por meio de baterias mais duradouras tem se tornado cada vez mais importante para as operadoras de redes celulares devido à sua significativa influência econômica e ecológica do 5G. Um estudo publicado em 2018 no Emerging Telecommunications Technologies, um periódico da Wiley Online Library, apresenta uma visão abrangente e discute como a infraestrutura física que será adotada na tecnologia 5G pode melhorar a eficiência energética para alcançar uma rede sem fio sustentável.
Entre as principais tecnologias 5G discutidas estão as redes heterogêneas verdes de múltiplas entradas e saídas, ondas milimétricas verdes, comunicação 5G verde entre dispositivos e máquinas, além de arquitetura 5G com eficiência energética. A análise conclui que a tecnologia 5G cumprirá em breve os requisitos críticos da rede de baixo consumo de energia, mantendo os serviços com alto desempenho.
Desvantagens
Alto custo de implementação
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Para que os brasileiros possam, de fato, usufruir da conexão 5G e de todos os seus benefícios, o custo em infraestrutura e manutenção do fornecimento de sinal vai requerer altos investimentos. De acordo com dados da empresa de consultoria IDC Brasil divulgados no jornal Valor Econômico, o aporte financeiro estimado é de US$ 25,5 bilhões até 2025. Sozinhos, a estrutura e os serviços de cibersegurança devem abocanhar US$ 1,6 bilhão das operadoras brasileiras em 2022, considerando a preocupação decorrente dos vários ataques cibernéticos às páginas de importantes órgãos públicos durante a pandemia.
Segurança
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Um estudo publicado em 2015 no Security and Communications Network — um periódico da Wiley Online Library — explica que as redes sem fio avançadas, como o 5G, enfrentarão muitos desafios no domínio da segurança, entre os quais estão os perigos de invasão. Isso porque a velocidade de rede avançada pode ajudar os invasores a ocultar suas intrusões por meio de interferências mútuas entre células de sinal, autenticações de usuários impróprias, limitações de ferramentas de gerenciamento e ataques intencionais.
Outra preocupação com a segurança citada no artigo são as redes sem fio heterogêneas que permitem aos usuários finais uma fácil alternância entre os sinais de WiFi, 4G e 5G e, consequentemente, resulta em problemas de interoperabilidade. Além disso, a falta de um acesso de rádio padronizado pode causar interferências maciças durante a implementação da computação móvel em nuvem (ou mobile cloud computing, em inglês), abrindo brechas para invasores.
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