5 vacinas mais rápidas da história
A classificação de pandemia é designada quando uma doença se espalha por todos os continentes, afetando um grande número de pessoas e com transmissão sustentada de novos casos nos locais atingidos. No passado, diversos países enfrentaram um cenário pandêmico com o aparecimento de vírus que provocaram milhares de mortes.
Apesar dos avanços tecnológicos ao longo dos anos, as pandemias seguem provocando um colapso na saúde pública mundial. Atualmente, a crise causada pela COVID-19 promoveu uma mobilização de pesquisadores em várias partes do mundo na busca incessante por um tratamento eficaz para frear o avanço do SARS-COV-2 e, consequentemente, reduzir as taxas de casos de infecção e mortalidade.
Diante dessa urgência, os cientistas em menos de um ano conseguiram desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus. No entanto, essa criação em tempo recorde já pode ser considerada uma exceção, uma vez que não é um período comum para produção de um imunizante.
Historicamente, as vacinas no combate aos vírus que transmitem diferentes doenças infecciosas demoraram muitos anos para serem produzidas. A seguir, vamos apresentar as 5 vacinas desenvolvidas com mais rapidez nos últimos tempos.
COVID-19
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Em parceria com a empresa alemã BioNTech, a farmacêutica Pfizer saiu da frente e desenvolveu o imunizante contra a COVID-19 em tempo recorde: 10 meses. Agora, já é considerada a vacina criada e aprovada com mais rapidez na história.
Batizada de BNT162b2, foi a primeira vacina a ser autorizada para uso emergencial no mundo. Na sua produção foi utilizado o RNA mensageiro (mRNA) para simular o material genético do vírus, sem que o mesmo cause a doença. Desta forma, ao entrar no organismo, o sistema imunológico é ativado e estimula a produção de anticorpos capazes de combater o vírus.
Um artigo “Safety and Efficacy of the BNT162b2 mRNA Covid-19 Vaccine” (Segurança e eficácia da vacina BNT162b2 mRNA Covid-19), publicado no periódico New England of Medicine Journal (NEJM), descreve as conclusões sobre eficácia e segurança desta vacina. Ao administrar duas doses desse imunizante (30 mg por dose, administrado com 21 dias de intervalo) foi atestada a sua segurança contra a infecção e 95% eficaz entre pessoas acima de 16 anos.
Caxumba
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A vacina contra a caxumba ou papeira foi desenvolvida pelo microbiologista norte-americano Maurice Hilleman na década de 1960. Ele criou a vacina para o tratamento da caxumba a partir de amostras que foram coletadas da garganta da sua filha JeryL Lynn, de 5 anos, que contraiu a doença.
Em 1963, a menina acordou com dores de garganta, não conseguia dormir e por causa dos sintomas ele percebeu que era caxumba, que na época a cura era desconhecida. Diante desse quadro, o microbiologista começou a cultivar uma versão enfraquecida do vírus retirado da garganta da menina com o objetivo de criar uma vacina para a doença infecciosa.
Os testes foram realizados na indústria farmacêutica onde trabalhou durante grande parte de sua vida e os resultados foram promissores. Em 1967, a vacina estava pronta e licenciada, o processo todo teve duração de 4 anos. Em homenagem a sua filha, a cepa de caxumba foi batizada de “Jeryl Lynn”. Antes da COVID-19, era a vacina mais rápida registrada na história.
Sarampo
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O sarampo é uma doença causada por um vírus de RNA que pertence ao gênero Morbillivirus, da família Paramyxoviridae. Sua transmissão pode ocorrer através de secreções eliminadas quando a pessoa infectada fala ou tosse, sendo a única forma de prevenção a vacinação.
Considerado o “pai das vacinas modernas”, Maurice Hilleman desenvolveu mais de 40 imunizantes para seres humanos, sendo também o criador da vacina para o sarampo. Sua fórmula foi desenvolvida através de antígenos antivirais existentes na corrente sanguínea humana.
O vírus causador desta doença foi descoberto em 1953 e o processo de criação até a aprovação durou 10 anos, em 1963. Mais tarde, em 1971, o médico combinou a vacina contra a caxumba que desenvolveu contra o sarampo e a rubéola, criando uma única dose: a Tríplice Viral, usada até hoje.
Durante muitas décadas no Brasil, o sarampo foi uma das principais causas de mortalidade infantil no país. Em 1968, a doença passou a ser considerada de notificação compulsória nacional, quando foram registrados mais de 129 mil casos.
Hepatite B
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A hepatite B é uma infecção no fígado causada pelo vírus B da hepatite (HBV), que causa cirrose e câncer. Ela foi identificada, na década de 1960, pelo geneticista Baruch Blumberg, ao isolar o que chamou de "Antígeno da Austrália" (agora chamado de HBsAg) no soro de um nativo australiano. Em 1965, a descoberta do antígeno Austrália foi publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA), com o título “A New antigen in Leukemia sera”.
Este feito viabilizou a criação das primeiras vacinas contra hepatite B, através da obtenção do antígeno imunizante diretamente do sangue de portadores humanos do vírus, o que significou uma abordagem única para a produção de uma vacina. Entre a descoberta do vírus e a criação dos imunizantes para combater a infecção durou cerca de 16 anos.
Atualmente, a vacina usada na prevenção da doença contém uma das proteínas do vírus, o antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg), sendo produzida por células de levedura, nas quais o gene para HBsAg é inserido. A resposta imune ocorre quando os anticorpos do sistema imunológico para HBsAg são estabelecidos na corrente sanguínea, esse anticorpo é conhecido como anti-HBs e forma a memória do sistema imunológico contra a infecção.
HPV
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O papilomavírus humano (HPV) é uma doença sexualmente transmissível (DTS) que pode causar verrugas até câncer, sendo considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das mais comuns.
A doença chamou a atenção do imunologista Ian Frazer e foi um dos primeiros cientistas a estudar a relação entre infecções por HPV e câncer cervical. Em 1989, Frazer conheceu o cientista chinês Jian Zhou, que também estudava sobre o vírus, e juntos iniciaram um trabalho para tentar criar uma vacina contra a doença.
Para isso, usaram técnicas de engenharia genética para copiar a estrutura do vírus, a partir da identificação de seu código genético e testes em culturas de células. Após diversos testes, conseguiram replicar a camada externa do HPV e logo patentearam a descoberta. Em 1991, a vacina, que protege contra ⅔ dos tipos de HPV que causam câncer cervical, foi licenciada e iniciou a sua produção por laboratórios. Ao todo, a produção desta vacina durou cerca de 25 anos.
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