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Terapia ABA e sua aplicação nos casos de autismo
  • Artigo
  • Ciências da Saúde, Ciências Humanas
  • 15/10/2021
  • Psicologia, Autismo, Método ABA, DotLib, Applied Behavior Analysis

O que é

A sigla ABA é uma abreviação em inglês para Applied Behavior Analysis, que em português significa “análise comportamental aplicada”. A terapia (em inglês, ABA Therapy) é indicada para crianças e adolescentes que demonstram desenvolvimento cognitivo, comportamental e comunicacional atípicos.

Muito difundida nos Estados Unidos, a terapia tem tanto suas origens quanto a fundação do periódico especializado, o Journal of Applied Behavior Analysis — ambos na década de 1960 — associadas aos psicólogos norte-americanos Donald M. Baer, Montrose M. Wolf e Todd R. Risley. Os fundamentos da terapia têm considerável influência de grandes nomes da saúde mental, como B. F. Skinner, Edward L. Thorndike, John B. Watson e Ivan Pavlov.

Objetivo

A terapia ABA tem como objetivo principal desenvolver as habilidades cognitivas e comportamentais (como a interação social) necessárias para que o indivíduo diagnosticado com transtorno do espectro autista tenha capacidade de ser independente em suas ações e tenha qualidade de vida.

Segundo o Instituto de Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil (PENSI), o aprendizado consiste no desenvolvimento das seguintes habilidades: 1) comportamentos sociais, tais como contato visual e comunicação funcional; 2) comportamentos acadêmicos, como pré-requisitos para leitura, escrita e matemática, 3) realização de atividades da vida diária, como a higiene pessoal e 4) redução de comportamentos problemáticos, como agressões, estereotipias, auto lesões, agressões verbais e fugas, por exemplo.

Como funciona

O ensino escolar convencional aplica o método de “tentativa e erro” no qual supõe-se que a criança aprenderá com os erros — aqui entendidos como associações mentais não compatíveis entre objeto e palavra — até que, por raciocínio e/ou eliminação, escolha a opção certa.

Porém, a sucessão de erros pode gerar desânimo e desistência que, consequentemente, levam a comportamentos considerados nocivos, como conformismo, rebeldia, desenvolvimento de vícios, entre outros.

É aí que entra a terapia ABA: sua metodologia é baseada na aprendizagem sem erros. Desse modo, sua aplicação é gradativa uma vez que dependerá da resposta do paciente ao processo de adquirir cada nova habilidade.

Sua aplicação se dá por meio de práticas no campo do comportamento verbal, como dicas e instruções — sempre tomando cuidado com a linguagem corporal, como o tom de voz e expressões faciais — que estejam compatíveis com o nível de aprendizado da criança e que caminhem para uma resposta correta. Um de seus diferenciais é a possibilidade de intervenção em múltiplos comportamentos.

Conforme a criança evolui no aprendizado da nova habilidade — ou seja, não comete mais erros — as dicas vão gradualmente se tornando menores em importância e em frequência. Ao mesmo tempo, o paciente se torna cada vez menos dependente destas dicas e mais independente na condução da habilidade e sua aplicação em tarefas cotidianas.

Aplicação

Antes de tudo, é importante lembrar que, ainda que a participação dos pais seja fundamental para o sucesso do tratamento, é imprescindível que ele seja formulado e guiado por um profissional especializado, como psicólogos, psicanalistas, terapeutas, entre outros.

Os tratamentos são personalizados de acordo com as necessidades do indivíduo portador do autismo com o intuito de reduzir ou incentivar determinados comportamentos. Por isso, o que é conveniente para uma criança, pode não ser para outra.

De acordo com o site especializado Autismo em Dia, uma das partes mais importantes de sua aplicação é o entendimento dos seguintes itens:

- ANTECEDENTES: são os acontecimentos que precedem e/ou desencadeiam os comportamentos. Essas ocorrências podem ser de ordem verbal (como um comando ou pedido, vindo de outra pessoa ou de um estímulo do próprio autista) ou físicos e sensoriais (contato com algum objeto, uma luz incômoda, uma cor chamativa, entre outros).

- COMPORTAMENTOS: são as respostas aos acontecimentos que os antecedem, que podem ser não verbais (como fechar a cortina quando a luz de fora estiver incomodando) ou verbais (pedir que alguém feche a cortina, por exemplo).

- CONSEQUÊNCIAS: são os eventos que sucedem o comportamento. Um exemplo: quando uma criança diz que está com fome e, consequentemente, recebe a refeição (ou faz seu próprio prato). Caso faça o uso correto do que recebeu — neste caso, alimente-se sem sujar e fazendo uso do prato e dos talheres — pode-se usar o reforço positivo a fim de motivar que a criança continue com esse bom comportamento. É aqui que se cria a correta associação mental entre objetos, interações sociais e fatores ambientais.

O reforço positivo é um reconhecimento por comportamentos bons que foram trabalhados e pode ser aplicado de várias formas: dar um presente, como um brinquedo que a criança tenha demonstrado interesse, ou até mesmo apenas um elogio, uma interação agradável ou passar o tempo com a criança fazendo atividades que ela considere interessantes, como ler um livro ou desenhar (também chamado de reforço natural).

O que diz a ciência

Tanto a ciência quanto a medicina consideram a terapia ABA como um tratamento baseado em evidências. Confira, a seguir, algumas descobertas sobre a terapia publicadas em periódicos parceiros da DotLib:

American Psychological Association (APA)

Publicado no periódico Behavioral Development, da American Psychological Association (APA), o estudo “Uso do programa de computador interativo T-IRAP e análise de comportamento aplicada para ensinar a resposta relacional em crianças com autismo” (título traduzido do inglês) mostra como a tecnologia pode ser aliada não só no processo de aprendizagem, mas na reeducação comportamental.

JSTOR

O estudo “Além do tempo limite e do tempo da mesa: a análise de comportamento aplicada de hoje para alunos com autismo” (título traduzido) — publicado no periódico Education and Training in Autism and Developmental Disabilities, do JSTOR — tem o objetivo fornecer uma revisão da história da análise comportamental aplicada e seu emprego em indivíduos com autismo.

O trabalho também propõe um debate sobre práticas que são e não são baseadas na ciência da ABA. Além disso, a pesquisa expõe mitos comuns relacionados à metodologia e aos autistas e descreve os desafios que os profissionais enfrentam ao implementar práticas baseadas na ABA em escolas públicas.

Wiley

Publicado em um dos mais renomados periódicos especializados em análise comportamental aplicada — o Journal of Applied Behavior Analysis — o artigo “Ensaio clínico randomizado de um programa de treinamento virtual para o ensino de habilidades de análise comportamental aplicada a pais de crianças com transtorno do espectro do autismo” (título traduzido), como o próprio nome diz, mostra a importância da participação dos pais na terapia, seja como apoiadores/supervisores ou mesmo como os condutores.

Assim sendo, o estudo propõe que os pais recebam um treinamento on-line para que estejam aptos a aplicar as técnicas da terapia ABA no dia a dia de seus filhos. Para isso, foi proposto um ensaio clínico randomizado para avaliar a eficácia de um programa de treinamento virtual de pais com módulos de e-learning e dramatização de papéis por meio de uma rede privada pessoal.

Também foi possível avaliar a eficácia da implementação da terapia ABA pelos pais usando medidas de observação direta em contextos de trabalho estruturado e de treinamento baseado em brincadeiras.

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