Medidas reduziram pela metade a perda de potenciais doadores que tiveram morte encefálica e parada cardíaca (imagem: Canva).
JAMA: estudo brasileiro propõe melhorias na assistência aos potenciais doadores de órgãos
O Hospital Moinhos de Vento, no Rio Grande do Sul, realizou um estudo que visa melhorar a assistência a pacientes com morte encefálica identificados como potenciais doadores de órgãos. Financiado pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), por meio do Projeto DONORS, a iniciativa teve como objetivo avaliar o impacto de medidas clínicas à beira leito na prevenção da perda desses doadores por parada cardíaca. O estudo, publicado no JAMA Network Open, destaca a necessidade de aprimorar os cuidados desses pacientes que, muitas vezes, eram perdidos devido a problemas no sistema de saúde.
O médico intensivista Glauco Westphal, autor principal da pesquisa, ressalta que a parada cardíaca em potenciais doadores é um fator crítico que afeta as doações de órgãos no Brasil. Apesar de os resultados não terem apresentado significância estatística na redução das perdas entre o grupo de intervenção e o grupo de controle, a análise detalhada revelou que a adesão correta às medidas reduziu pela metade as perdas de doadores. O projeto, conduzido entre novembro de 2017 e junho de 2019, avaliou 1.535 pacientes com morte encefálica de 61 hospitais que atendem exclusivamente o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil e outros dois com atendimentos pelo SUS, particulares e/ou convênios.
Entraram no levantamento instituições de 19 estados brasileiros e do Distrito Federal, de todas as regiões. Os resultados oferecem uma alternativa simples e de baixo custo que pode contribuir para aumentar a efetivação da doação de órgãos no país. Westphal destacou a importância do projeto como um dos maiores no que diz respeito aos cuidados intensivos com doadores de órgãos no país. “Nos orgulha muito o fato de ser o maior ensaio clínico randomizado com essa população de pacientes, testando medidas clínicas de manutenção do potencial doador de órgãos. Isso é extremamente importante em um país continental como o nosso e com tantas diferenças socioeconômicas e culturais”, afirmou o médico e pesquisador.
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