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Saiba a importância do mês na conscientização sobre a condição que afeta mais de 70 milhões de pessoas pelo mundo (imagem: iStock). Saiba a importância do mês na conscientização sobre a condição que afeta mais de 70 milhões de pessoas pelo mundo (imagem: iStock).
Abril Azul: um panorama sobre o autismo
  • Artigo
  • Ciências da Saúde
  • 14/04/2022
  • Abril Azul, Transtorno do Espectro Autista, Psicologia, Autismo, DotLib

O dia oficialmente reservado para a conscientização sobre o autismo é 02 de abril e foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007. No entanto, a complexidade em torno do transtorno fez com que todo o 4º mês do ano fosse reservado para atividades que visam esclarecer sobre o tema, romper com mitos e tabus e conscientizar a população sobre a importância da inclusão das pessoas com autismo na sociedade.

A organização promove um evento anual para debater o assunto com especialistas com o objetivo de trazer à luz os desafios enfrentados pelas pessoas com autismo e seus familiares, além de propor soluções por meio de iniciativas sociais e políticas públicas. Em 2022, o tema do evento foi “Educação Inclusiva”, cujo objetivo é o de “formar indivíduos incluídos na sociedade e no mercado de trabalho”.

Criado em 1963 pela National Autistic Society, no Reino Unido, o símbolo do autismo é um laço — sempre presente nas campanhas de conscientização — que é estilizado como um quebra-cabeça colorido, denotando não só a diversidade da condição como sua complexidade

De acordo com Center of Diseases Control and Prevention (CDC), órgão governamental dos Estados Unidos, uma em cada 100 crianças têm o Transtorno do Espectro Autista (TEA), popularmente conhecido como autismo. A estimativa é de que 70 milhões de pessoas pelo mundo possuem tal condição, sendo 2 milhões no Brasil. Mas afinal de contas...

O que é o autismo?

Menino segurando um coração feito de quebra-cabeças símbolo do autismo

Imagem: iStock

O transtorno do espectro autista é uma condição de saúde mental e comportamental de origem neurológica que se manifesta ainda na infância, em torno dos cinco anos de idade, e pode persistir na adolescência e na vida adulta. Alguns dos sinais mais comuns são ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Depressão e epilepsia podem ocorrer de modo concomitante com os outros sintomas apresentados.

O desenvolvimento cognitivo de pessoas com a TEA é variável, ou seja, depende de uma junção de fatores genéticos, ambientais, sociais, emocionais, entre outros. Em diferentes graus, todos esses fatores impactam no comportamento social, comunicação verbal e não verbal do indivíduo com o transtorno, que tem interesses muito particulares e formas estritas de exercê-los.

Tipos de autismo

Menino autista com as mãos tapando as orelhas
Imagem: iStock

Na penúltima Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (ou CID-10) o transtorno era separado por vários diagnósticos inseridos nos chamados Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), sob o código F84. Sendo assim, eram classificados da seguinte forma: Autismo Infantil (F84.0), Autismo Atípico (F84.1), Transtorno Desintegrativo da Infância (F84.3), Transtorno com Hipercinesia Associada a Retardo Mental e a Movimentos Estereotipados (F84.4), Síndrome de Asperger (F84.5), outros TGD (F84.8) e TGD sem outra especificação (F84.9).

  1. Síndrome de Asperger: é considerada uma das formas mais leves de autismo e os diagnosticados com essa condição são conhecidos como “autistas funcionais” uma vez que não apresentam atrasos na linguagem, no intelecto ou no desenvolvimento cognitivo como um todo. Apesar disso, essas pessoas possuem interesses fixos, têm necessidade de cumprir com rotinas muito bem definidas e mostram dificuldade em acatar regras simples;
  2. Transtorno Invasivo do Desenvolvimento: mais grave que a Síndrome de Asperger, este transtorno impacta as interações pessoais além de gerar vontade de fazer várias coisas ao mesmo tempo e dificuldade de ordenar e interpretar os próprios pensamentos e sentimentos;
  3. Transtorno Desintegrativo da Infância: também conhecido como Síndrome de Heller ou “autismo tardio”, esta é uma das formas mais graves e incomuns de autismo, já que é marcada pela regressão das habilidades já aprendidas, especialmente nos campos linguístico, social, intelectual, social e motores, além da incapacidade de recuperá-las. Na adolescência, tem grande probabilidade de manifestar o retardo mental;
  4. Transtorno Autista: esta é a forma mais grave de autismo, uma vez que apresenta dificuldades de aprendizado em todos os aspectos acima citados, acompanhadas de muitos comportamentos repetitivos, auto-agressão, irritabilidade, entre outros sintomas.

Na recente revisão da classificação feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e vigente desde 1º de janeiro de 2022, o CID-11 unificou os diagnósticos acima descritos e todos se tornaram espectros do autismo. Dessa forma, a condição passou a se chamar Transtorno do Espectro Autista, cujo atual código no CID-11 é 6A02. O CID é o parâmetro adotado no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A condição também consta no Diagnostic and Statistical Manual — ou Manual de Diagnóstico e Estatística — elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria e que atualmente está em sua 5ª revisão (portanto, DSM-5), feita em 2013. Diferente do CID, que trata das doenças em geral, este manual contempla apenas as doenças e transtornos mentais, sendo amplamente utilizado por acadêmicos, cientistas e pesquisadores da área da Saúde.

Diagnóstico

Psicóloga conversando com pais de criança autista

Imagem: iStock

O diagnóstico do autismo é realizado por meio da observação direta do comportamento do paciente com o auxílio de um profissional da saúde mental (geralmente um psicólogo). O impacto do transtorno no intelecto, cognição e comunicação diminuem quando o diagnóstico e o tratamento são feitos já na infância, fazendo com que seja mais fácil lidar com a condição na idade adulta. Dessa forma, é importante que os pais ou responsáveis fiquem atentos aos seguintes sinais comportamentais caso ocorram em conjunto e com frequência:

- Não responde quando é chamado pelo nome ou refere a si mesmo como “você”;

- Repete frases ditas por outras pessoas por várias vezes seguidas ou se mantém em silêncio quando alguém faz uma pergunta direta;

- Não entende linguagem não-verbal, como expressões faciais ou gestos;

- Tem dificuldade em iniciar ou manter o contato visual direto com seu interlocutor, mesmo que esteja fisicamente próximo;

- Fixa o olhar em alguma direção como se estivesse paralisado;

- Evita contatos físicos que demonstrem afeto, como beijos e abraços;

- Tem comportamento repetitivo: sempre os mesmos brinquedos ou as mesmas formas de brincar, por exemplo;

- Apresenta movimentos corporais repetitivos como ficar se balançando para frente e para trás ou torcendo as mãos e os dedos constantemente;

- Fixação por algum objeto, por água ou por um modo de agir;

- Reage de forma inadequada ao contexto, como rir em situações tristes;

- Tem dificuldade de se relacionar com outras crianças e prefere estar sozinho;

- Dá aos objetos funções diferentes das que possuem de fato;

- Não tem medo de se expor às situações perigosas ou não toma as devidas precauções ensinadas anteriormente;

- Fica muito agitado ou agressivo em situações públicas, ambientes barulhentos ou diante de atividades que saiam da rotina.

A ciência tem buscado marcadores biológicos que tornem o diagnóstico clinicamente mais preciso e ainda não há exames específicos para a identificação do transtorno. No entanto, alguns procedimentos clínicos podem auxiliar nesse processo, entre os quais estão: exame do cariótipo com pesquisa de X frágil para identificação de mutação genética; eletroencefalograma (EEG), ressonância magnética nuclear (RNM); teste do pezinho; sorologias para rubéola, sífilis e toxoplasmose; testes neuropsicológicos, entre outros.

Tratamento

Psicóloga fazendo testes com criança autista

Imagem: iStock

Não há cura para o autismo, mas existem tratamentos que permitem ao paciente desempenhar as atividades simples e cotidianas sem as muitas dificuldades impostas pela condição. Pela abordagem clínica, sintomas como auto-agressividade, hiperatividade, insônia e irritabilidade comumente são tratados com a prescrição de risperidona, um antipsicótico ativo. No entanto, o tratamento é multidisciplinar, ou seja, envolve diversas abordagens que incluem não só a Psiquiatria, mas também a Psicologia, a Pediatria, a Neurologia, a Fisioterapia, a Fonoaudiologia e a Pedagogia.

Alguns psicólogos têm aderido ao método terapêutico ABA — Applied Behavior Analysis ou “análise comportamental aplicada” — como abordagem para o entendimento e tratamento de indivíduos com autismo. Sua metodologia é pela aprendizagem sem erros e o objetivo é desenvolver as habilidades cognitivas e comportamentais necessárias para que o indivíduo diagnosticado com o TEA seja independente em suas ações e tenha qualidade de vida.

Leia também: Terapia ABA e sua aplicação nos casos de autismo

A aplicação e eficácia deste método têm sido extensamente estudada pela comunidade científica. Muitos destes estudos — bem como pesquisas sobre o TEA e demais distúrbios e condições psicológicas e mentais — são desenvolvidos e/ou publicados na APA PsycInfo, da American Psychological Association (APA), uma das mais tradicionais e respeitadas associações de Psicologia do mundo.  

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A cobertura inclui temas como Inteligência Artificial, Negócios, Educação, Leis, Linguística, Medicina, Neurociência, Farmacologia, Ciência Política, Sociologia, Esportes, entre outros assuntos. Na APA PsycInfo você encontra resumos de livros, revistas e dissertações do século XVI às mais atuais, todos apresentados por especialistas multidisciplinares que fornecem uma visão abrangente da evolução da Psicologia e podem auxiliar na sua pesquisa acadêmica.

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Leia também: Cinco filmes (sem spoiler) sobre saúde mental para refletir

 

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