5 termos usados em artigos científicos e seus significados
A pandemia de COVID-19 e as constantes notícias sobre a produção de vacinas contra a doença fizeram com que muitas pessoas tivessem interesse em entender como se dá esse processo.
Para os leigos — ou seja, as pessoas que não são do meio acadêmico e/ou científico — será impossível entender ou mesmo acompanhar um estudo em andamento. É aí que entram os artigos científicos, genericamente também denominados como estudos ou pesquisas.
Existem vários tipos de artigo e, um deles, é o científico. Eles são um registro escrito de todas as etapas da pesquisa científica — realizada por pesquisadores das ciências exatas, da terra, médicas ou biológicas — e suas descobertas.
Sua estrutura pode variar de acordo com as normas científicas internacionais e o periódico no qual será publicado. Porém, geralmente é composto por: introdução, resumo, método, resultados/conclusão, discussão.
Até aí, está fácil de entender. No entanto, são grandes as chances de, ao ler um artigo científico, deparar-se com termos desconhecidos ou até familiares, mas com sentido distinto do conhecido pelo leitor.
Dessa forma, a equipe DotLib preparou um glossário com dez termos comumente usados em artigos científicos e seus significados.
1) Amostra
O termo faz referência a uma pequena parte ou uma porção representativa do todo. No caso da estatística, é o conjunto de pessoas que integra uma população (local, regional, nacional, internacional ou mundial) e possui uma característica ou fenômeno em comum, diferenciando-os do restante. O estudo acerca desse conjunto de pessoas é chamado de amostragem.
Estatisticamente, existem vários tipos de amostra — que podem ser aplicadas dependendo do que se pretende estudar e da modalidade do estudo (qualitativo ou quantitativo). São divididos em dois grupos: probabilísticos ou aleatórios e não probabilísticos.
Saiba, em detalhes, o que é e como se dá a escolha de amostra para um estudo científico na publicação “Populações e amostras” (traduzido do inglês), no British Medical Journal (BMJ).
Já na Medicina, por exemplo, refere-se ao material biológico colhido de um paciente, que pode ser uma porção de sangue, urina, fezes, entre outros. A amostra desse material é enviada para a análise laboratorial, que aplicará técnicas específicas para o que se pretende descobrir. A análise feita a partir dessas amostras pode complementar os exames clínicos realizados anteriormente.
2) Diagnóstico
De acordo com a definição da Enciclopédia Britannica, a palavra diagnóstico vem do termo grego gnosis, que significa conhecimento.
O diagnóstico faz parte da consulta ou atendimento médicos e consiste em uma análise, feita por um especialista, das características de uma doença ou quadro clínico que devem levar a uma conclusão (uma ou mais causas da doença).
Neste processo, o médico analisa e interpreta os seguintes pontos: exames físicos ou complementares (laboratoriais etc.), sinais e sintomas e o histórico clínico e genético do paciente.
Atualmente, para a realização do diagnóstico, os médicos possuem diversas ferramentas, tecnologias ou técnicas à sua disposição. Na análise laboratorial, por exemplo, já existe uma variedade de tipos específicos de testes que podem fornecer informações valiosas para traçar um diagnóstico, entre eles: testes de sangue imunológicos, de tolerância à glicose, testes genéticos e de toxicologia etc.
Os instrumentos e procedimentos de imagem (como o raio-x e a ressonância magnética) podem ajudar a localizar fisicamente a parte do corpo que está comprometida ou sinais internos da doença, complementando os exames laboratoriais (e vice-versa).
Existem outros tipos de exames que auxiliam no diagnóstico, como os que empregam eletrodos (eletrocardiografia), transdutores ou ondas sonoras (ultrassom e ecocardiografia).
Publicado no JAMA Network Open, o artigo "Precisão da Tomografia de Emissão de Pósitron de Fluorodeoxiglicose 18-F / Imagem Tomográfica Computadorizada no Estadiamento Primário do Carcinoma de Células Escamosas da Cavidade Oral" (traduzido do inglês) discute o quão exato pode ser o diagnóstico de metástase realizado por imagem tomográfica computadorizada em carcinomas de células escamosas.
Resumidamente, o diagnóstico funciona como um funil: o médico identifica um padrão nas características do histórico médico do paciente, dos sintomas apresentados e dos resultados dos exames e faz uma lista com as possíveis causas que se encaixam neste padrão.
Durante o processo, novas suspeitas podem surgir e mais testes e exames serão feitos para confirmá-las ou descartá-las. Essa lista é refinada até que o médico ou a equipe se sintam justificados em avançar para o tratamento; caso o paciente não responda ao tratamento escolhido, a lista com as causas hipotéticas pode ser revisada.
3) Dados histopatológicos
A etimologia da palavra Histopatologia — área pela qual se pode obter os dados histopatológicos — pode ajudar na compreensão do termo. Histos significa “tecido”, pathos que significa “doença ou sofrimento” e logos é o “estudo”.
Assim sendo, a Histopatologia é um campo da Biologia e Medicina (também da Medicina Veterinária) que estuda as lesões e doenças que acometem os tecidos.
A coleta de um pequeno fragmento do tecido (ou mesmo de um órgão) se dá pela biópsia, que é um procedimento cirúrgico. Uma vez capturada, a amostra é enviada ao laboratório para análise microscópica, na qual é possível observar se há lesões ou células doentes nesse tecido.
As amostras para a finalidade histopatológica passam por dois processos específicos: a fixação química, na qual os fragmentos orgânicos ficam imersos por até 16 horas em um banho de parafina ou cera, facilitando que sejam cortados em partes de dois a sete micrômetros para exame; e o corte congelado, que ocorre com o congelamento da amostra de tecido para que passe pelo mesmo corte da fixação química.
Em seguida, o médico patologista aplica um corante à base de pigmentos específicos nessas partes da amostra para facilitar a identificação de possíveis anormalidades.
É a partir desse estudo histopatológico em laboratório que os dados histopatológicos são coletados, ou seja, quais os tipos de lesões ou anormalidades foram encontrados e a doença que podem indicar.
Um exemplo de descrição de um estudo histopatológico com obtenção de dados está descrito no artigo científico “O estudo de longo prazo de biomarcadores urinários de lesão renal em ratos espontaneamente hipertensos” (traduzido do inglês), que pode ser conferido no periódico Karger.
4) Ensaio clínico randomizado
Este termo faz referência a uma das muitas modalidades de pesquisa científica, aplicada especialmente à Medicina, Psicologia e entre outros campos da ciência.
O ensaio clínico randomizado é o mais utilizado para testagem da eficácia e segurança dos medicamentos em desenvolvimento ou de novas formas terapêuticas para remédios já desenvolvidos.
Um exemplo disso é a testagem das vacinas para a COVID-19, na qual os voluntários são divididos em dois grupos: os que receberam o imunizante (conhecido como grupo de controle) e os que tomaram o placebo (como um soro fisiológico, por exemplo).
Nenhum dos grupos sabe com o que está sendo tratado e os indivíduos participantes do estudo são escolhidos de modo randomizado, ou seja, aleatoriamente.
O estudo "Intervenções comportamentais para melhorar o alcance da saúde da população para o rastreamento da hepatite C: ensaio clínico randomizado" (traduzido do inglês), publicado no periódico British Medical Journal (BMJ), é um exemplo de um ensaio clínico randomizado.
5) Preprint
É uma versão de um artigo acadêmico ou científico prévia a sua publicação em uma revista científica e deve ser submetido a revisão por pares. Porém, não deve ser apresentado para orientar a prática clínica ou comportamento relacionado à saúde nem utilizado na mídia como informação estabelecida.
O acesso aos repositórios de preprints são abertos e os artigos nessa fase são disponibilizados gratuitamente. Saiba mais no artigo DotLib "COVID-19: conheça os principais repositórios de preprints".
Leia também: "5 finalidades de um artigo científico"
"Como escrever um artigo científico de qualidade"
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