Hormônio do tecido adiposo consegue modular a secreção de insulina de modo a restaurar as células beta pancreáticas, relacionadas à diabetes tipo 2 (imagem: iStock).
Wiley: adiponectina é capaz de reverter dano por obesidade em células do pâncreas
A adiponectina, um hormônio produzido pelo tecido adiposo que modula o sistema endócrino e protege contra inflamações, se mostrou capaz de regenerar células beta do pâncreas danificadas pela obesidade. É o que mostra um estudo realizado pelo Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo (USP) e publicado na Aging Cell, uma revista científica da Wiley. Para entender o mecanismo por trás da proteína, foram feitas análises comparativas de células beta com soro ou plasma de ratos e humanos obesos e de amostras de soro de doadores magros.
Os pesquisadores descobriram que as células dos doadores obesos dificultam dois importantes processos metabólicos: a fosforilação oxidativa mitocondrial — que forma a molécula de ATP, armazenando energia para as células — e a secreção de insulina estimulada por glicose. Ainda, a equipe identificou que, na falta do soro, a adiponectina consegue manter sozinha o funcionamento das células beta, revertendo os efeitos nocivos do plasma de obesos. Os resultados mostram que sua disfunção das células beta pode ser um indicador do desenvolvimento de diabetes tipo 2 que, por sua vez, está relacionada à baixa produção do hormônio.
Em entrevista para o Jornal da USP, a professora e líder do estudo Alicia Kowaltowski disse que as descobertas abrem caminhos para o desenvolvimento de novas terapias medicamentosas para a proteção dessas células. “Isso significa que a gente tem grandes possibilidades de poder desenhar drogas no futuro que previnam a degeneração pancreática na obesidade. O efeito da adiponectina nesse modelo é tão grande e é tão reprodutível em diferentes modelos animais, que para mim traz muita esperança”, explica a cientista.
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