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Conheça as características da variante surgida em 2021, o cenário brasileiro e últimos estudos científicos (Imagem: iStock). Conheça as características da variante surgida em 2021, o cenário brasileiro e últimos estudos científicos (Imagem: iStock).
Ômicron: tudo sobre a variante da COVID-19
  • Artigo
  • Saúde Pública
  • 04/02/2022
  • Variante Ômicron, DotLib

Desde o primeiro caso conhecido de COVID-19 — na província de Wuhan (China), em 17 de novembro de 2019 — até o momento, foram identificadas sete variantes, as quais a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou como Variantes de Interesse (VOI) ou Variantes de Preocupação (VOC).

No primeiro grupo estão as linhagens Lambda (antiga C.37), inicialmente detectada no Peru, e Mu (antiga B.1.621), registrada na Colômbia. No segundo constam: a Alfa (B.1.1.7), originária do Reino Unido, a Beta (B.1.351), da África do Sul, a Delta (B.1.617.2), da Índia, a Gama (P.1), do Brasil.

A variante Ômicron (B.1.1.529) que, segundo a OMS, veio de diversos países, é a que predomina desde novembro de 2021, sendo também considerada preocupante pelas autoridades de saúde mundiais. A seguir, entenda a estrutura da variante Ômicron, suas características e como se dá a sua infecção.

Características da Ômicron

(Imagem: iStock)

Por ser a variante mais recente, muitas das pesquisas sobre ela ainda estão em andamento ou em processo de revisão por pares. É importante lembrar que muitas das informações aqui contidas podem mudar conforme as investigações científicas se aprofundam. No entanto, alguns estudos preliminares mostram que a linhagem B.1.1.529 tem as seguintes características:

  • Possui 52 mutações, sendo que 32 delas estão localizadas na espícula viral (ou proteína spike), fato que fez a OMS considerá-la uma Variante de Preocupação (VOC);
  • É duas a três vezes mais infeciosa que a variante Delta, com probabilidade de reinfecção três maior do que as demais variantes;
  • De acordo com um estudo da Universidade de Hong Kong, tem replicação 70 vezes mais rápida nos brônquios humanos, o que a torna mais transmissível que as variantes anteriores;
  • Outro estudo, realizado pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, aponta que o risco de hospitalização pela Ômicron é de 30% a 70% menor em comparação com as outras variantes;
  • Os infectados pela Ômicron tem maior proporção de serem assintomáticos,
  • Segundo pesquisa da Universidade de Nebraska (Estados Unidos) publicada pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) do país, o tempo de incubação do vírus no organismo humano — ou seja, o período que compreende a infecção e o surgimento dos sintomas — é de até três dias.

Sintomas

Os sintomas mais comuns se assemelham aos da gripe e são: coriza, dor de garganta e no corpo e febre. No entanto, ao primeiro sinal de um desses sintomas, a OMS recomenda que seja realizado um teste RT-PCR ou de antígeno para o diagnóstico exato.

Cenário no Brasil

(Imagem: iStock)

De acordo com o levantamento do consórcio de veículos de imprensa, baseado nos registros das secretarias de estado, até 18 de janeiro deste ano, o Brasil registrou 132.254 novos casos de COVID-19 em apenas 24 horas. O país registra o total de 629.078 óbitos relacionados à doença desde o início da pandemia.

Até o fechamento deste artigo, 70,11% da população brasileira foi totalmente vacinada (com duas doses ou dose única) e 77,29% receberam a 1ª dose, de acordo com o infográfico divulgado na imprensa (diariamente atualizado).

Últimos estudos científicos

A seguir, veja as mais recentes descobertas científicas acerca da variante Ômicron publicadas nas mais renomadas editoras com cobertura em Ciências da Saúde do mundo.

Journal of American Medical Association (JAMA)

(Imagem: Reprodução/JAMA Network)

Neste estudo, os pesquisadores analisaram as características e os resultados de pacientes hospitalizados na África do Sul durante a denominada “quarta onda” — que corresponde ao surgimento e à predominância da variante Ômicron — e compararam esses dados com os de ondas anteriores.

Os resultados mostram que o número de pacientes atendidos nos hospitais sul-africanos durante o mesmo período inicial de cada onda diferiu (2.351 na onda da variante Ômicron contra o máximo de 6.342 na 3ª onda, correspondente à variante Delta); no entanto, 68% a 69% dos pacientes que chegaram ao departamento de emergência com resultado positivo para COVID-19 foram admitidos no hospital nas primeiras três ondas contra 41,3% na quarta onda.

Os pacientes hospitalizados durante a quarta onda (Ômicron) eram mais jovens — com média 36 anos, comparada com a idade média de hospitalizados na terceira onda, máximo de 59 anos — e com maior proporção de mulheres. Um número significativamente menor de pacientes com comorbidades foi admitido na quarta onda e a proporção com quadro respiratório agudo foi menor (31,6% na quarta onda contra o máximo de 91,2% na terceira onda.

Dos 971 pacientes admitidos na quarta onda, 24,2% foram vacinados, 66,4% não foram vacinados e o estado vacinal era desconhecido para 9,4%. A proporção de pacientes que necessitaram de oxigenoterapia diminuiu significativamente (17,6% na quarta versus 74% na terceira onda), assim como a porcentagem que recebeu ventilação mecânica. A admissão na terapia intensiva foi de 18,5% na onda 4 contra 29,9% na onda 3. A taxa de mortalidade ficou entre 29,1% na onda 3 e diminuiu para 2,7% na onda 4.

Leia o estudo na íntegra clicando aqui.

New England Journal of Medicine (NEJM)

(Imagem: Reprodução/New England Journal of Medicine)

Em um estudo piloto, a neutralização da variante Ômicron após o regime primário de duas doses da vacina mRNA-1273 foi menor do que a das variantes D614G e beta, mas aumentou substancialmente após uma dose de reforço da vacina mRNA-1273.

Os estudiosos descobriram que o regime primário de duas doses da vacina mRNA-1273 provocou anticorpos neutralizantes detectáveis ​​contra a variante Ômicron em 85% dos participantes um mês após a segunda dose. Sete meses após a administração da segunda dose (antes do reforço), a neutralização da variante foi detectada em apenas 55% dos participantes.

Uma dose de reforço de 50 μg da vacina mRNA-1273 foi associada a títulos médios geométricos ID 50 contra a Ômicron, que foram 20 vezes maiores do que os avaliados um mês após a segunda vacinação; estes títulos foram 2,9 vezes inferiores aos da variante D614G.

Seis meses após o reforço, os títulos de neutralização diminuíram mais rapidamente do que aqueles contra a variante D614G; no entanto, este declínio nos títulos contra a variante Ômicron foi semelhante ao declínio observado nos títulos contra a variante D614G após uma segunda dose da vacina mRNA-1273.

Leia o estudo na íntegra clicando aqui.

Wiley

(Imagem: Reprodução/Wiley)

Publicado no Journal of Medical Virology, um estudo computacional que compara as proteínas spike das variantes Delta e da Ômicron mostra que grandes mudanças no domínio de ligação do receptor (RBD, na sigla em inglês) da variante Ômicron podem contribuir para uma alta especificidade de ligação com o receptor hACE2, podendo resultar em no aumento da taxa de transmissão e em impacto considerável na patogênese quando comparada à variante Delta.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas identificaram a prevalência global da Ômicron (B.1.1.529) por meio da atribuição filogenética da linhagem de surto global nomeado (PANGO, na sigla em inglês), que fornece nomenclaturas usadas por agências de saúde pública e pesquisadores para rastrear a transmissão e disseminação do SARS-CoV-2, incluindo as Variantes de Preocupação (VOCs).

Para identificar a divergência da Ômicron, foi utilizado o software Nextstrain, que fornece a análise global mais recente do genoma do SARS-CoV-2 assim que eles são compartilhados pelo Global Initiative on Sharing Avian Influenza Data (GISAID), um consórcio global científico com o objetivo de fornecer abertamente dados genômicos sobre o vírus Influenza. A divergência mutacional da Omicron foi observada na análise da árvore filogenética realizada no formato de dispersão.

Para identificar os pontos com mais mutações na variante Ômicron, foi utilizado o programa Outbreak.info para entender comparativamente esses pontos mutacionais tanto variante Ômicron (B.1.1.529) e quanto da Delta (B.1.617.2). As mutações globais específicas para a estrutura da glicoproteína spike foram designadas usando o software Chimera 1.15.

Leia o estudo na íntegra clicando aqui.

É importante lembrar que, conforme as pesquisas científicas avançam, as informações e descobertas aqui descritas podem ganhar novos desdobramentos ou modificações. Além disso, este artigo é meramente informativo e não substitui a opinião médica ou a realização de exames. 

Leia também: Delta: um perfil da nova variante do COVID-19

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