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O panorama da Obstetrícia no Brasil
  • Artigo
  • Ciências da Saúde
  • 12/04/2024
  • Dia do obstetra, DotLib, Medicina, Obstetra, Obstetrícia, Thieme

Uma das especialidades médicas mais nobres e desafiadoras, a Obstetrícia desempenha um papel vital na promoção da saúde materna e neonatal. Desde o acompanhamento pré-natal até o cuidado pós-parto, os obstetras estão na linha de frente, oferecendo cuidados especializados para garantir uma jornada segura e saudável para mães e bebês.

No Dia do Médico Obstetra, comemorado em 12 de abril, a Dot.Lib traz um panorama da Obstetrícia no Brasil que abrange a formação, atuação, remuneração e desafios profissionais para médicos interessados em se especializar nessa área. Ao longo deste texto, vamos entender como é a formação em Obstetrícia, desde os primeiros passos na graduação em Medicina até a especialização e atualização contínua na área.

Além disso, exploraremos o papel de atuação do obstetra em todas as fases da gestação e do puerpério, inclusive no enfrentamento de situações obstétricas de emergência. Compreenderemos também o cenário atual de atuação profissional e as perspectivas para o futuro da especialidade, destacando desafios e oportunidades que moldam o campo da obstetrícia no contexto brasileiro.

Formação em Obstetrícia

Obstetrícia: alunos de residência em Obstetrícia em uma Unidade Intensiva Neonatal.

Imagem: Canva.

A Obstetrícia é uma das especialidades médicas fundamentais na área da Saúde, dedicada ao cuidado da gestante e do feto durante a gravidez, parto e pós-parto. No Brasil, essa área da Medicina desempenha um papel crucial na promoção da saúde materna e neonatal, enfrentando desafios e buscando constantemente aprimoramento.

Para se tornar um obstetra no Brasil, é necessário concluir a graduação em Medicina, que tem duração média de seis anos. Após isso, o médico deve realizar uma residência médica em Ginecologia e Obstetrícia, com duração de três anos. Durante a residência, o profissional recebe treinamento teórico e prático abrangente, adquirindo habilidades para lidar com as mais diversas situações obstétricas.

Além da residência médica, é possível realizar cursos de especialização e atualização na área, buscando aprimoramento contínuo e acompanhando as inovações e diretrizes na Obstetrícia.

Leia também: "O panorama da Enfermagem no Brasil"

Atuação do obstetra

Obstetrícia: médicos realizando o pré-natal de uma gestante.

Imagem: Canva.

O obstetra atua em diversas frentes, desde o acompanhamento pré-natal até o parto e o pós-parto. Durante o pré-natal, realiza consultas periódicas para monitorar a saúde da gestante e do feto, solicita exames de rotina, orienta sobre hábitos saudáveis e prepara a mulher para o parto.

No momento do parto, o obstetra pode atuar tanto em partos normais quanto em cesarianas, garantindo a segurança da mãe e do bebê. Após o nascimento, realiza o acompanhamento pós-parto, orientando sobre cuidados com o recém-nascido e a amamentação, além de monitorar a recuperação da mãe.

Além disso, o obstetra pode atuar em unidades de emergência, atendendo casos de urgência e emergência obstétrica, como hemorragias, pré-eclâmpsia e trabalho de parto prematuro.

Perfil atual da área

De acordo com a Demografia Médica no Brasil 2023 — produzida pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Associação Médica Brasileira (AMB) — 37.327 médicos atuam na Ginecologia e Obstetrícia, representando 7,5% do total de registros em especialidades médicas e ocupando o 4º de lugar no ranking das mais escolhidas. No quesito sexo, as mulheres representam 60,9% da população de médicos ginecologistas e obstetras.

A idade média dos médicos desta especialidade é de 50,7 anos, sendo que 40,7% têm 55 anos ou mais e apenas 18% têm 35 anos ou menos. Já no que diz respeito à distribuição destes especialistas no Brasil, São Paulo é o estado com maior concentração, contabilizando 10.537 ginecologistas e obstetras; já o Acre e o Amapá possuem apenas 75 médicos com esta formação, figurando como os menos assistidos nesta especialidade.

Segundo o Panorama Financeiro do Médico em 2022, 80% dos médicos ginecologistas e obstetras atuam na iniciativa privada, enquanto 70,7% estão na pública. Os ambientes de trabalho mais citados no relatório foram centro cirúrgico ou sala de parto (68%), consultório particular (63,3%), ambulatório ou policlínica pública (44%), emergência ou unidade de pronto atendimento (40%) e ambulatório ou policlínica privada (32%).

Salário médio

O salário médio de um obstetra no Brasil varia de acordo com a região, a experiência e a carga horária do profissional, bem como no tipo de atendimento prestado e instituição em que atua (seja pública ou privada).

Ainda de acordo com o Panorama Financeiro do Médico em 2022, a média de renda líquida mensal do médico ginecologista e obstetra no Brasil é de R$ 20.933,33: 6,7% dos participantes relataram ganhar até R$ 5 mil mensais, enquanto 8% ganham mais de R$ 40 mil por mês.

Já segundo o portal Salário.com.br — que considera acordos coletivos levando em conta profissionais em regime CLT de todo o Brasil — a média salarial desta especialidade é de R$ 7.480,47 para uma jornada de trabalho de 21 horas semanais. Em 2024, o piso salarial mediano é de R$ 7.276,17 e o teto salarial mediano é de R$ 16.386,71.

Desafios

Obstetrícia: uma equipe médica conversando em um pátio dentro de um hospital.

Imagem: Canva.

A Obstetrícia é uma das especializações médicas que mais crescem no Brasil. Por outro lado, a desigualdade social gera desafios a serem enfrentados tanto pelos médicos obstetras quanto pelas gestantes e puérperas, entre os quais estão:

1) Diminuição da mortalidade materna por complicações do parto 

De acordo com um levantamento do Ministério da Saúde, cujos dados foram disponibilizados pelo Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr), o número de óbitos maternos subiu para 94% durante a pandemia. Em 2019, a proporção foi 55.31 mortes a cada 100 mil nascimentos. Em 2020, foi de 71,97 mortes a cada 100 mil; em 2021, chegou a 107,53 mortes a cada 100 mil. Entre 2019 e 2021, o aumento do número total de mortes maternas foi de 77%. 

2) Acesso igualitário ao pré-natal

Um dos fatores para o aumento da mortalidade de mães e/ou bebês em decorrência de complicações do parto são os empecilhos para o acesso ao pré-natal. Ainda que esse atendimento tenha aumentado de 60,6% em 2010 para 71% em 2020, há uma desproporcionalidade na cobertura: 80,9% das mulheres brancas relataram ir a sete ou mais consultas durante a gestação, seguidas pelas amarelas (74,3%), pretas (68,7%), pardas (66,2%) e indígenas (39,4%). As gestantes negras são as que mais sofrem com a mortalidade por hipertensão (5% do total).

3) Redução da taxa de cesarianas desnecessárias

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o Brasil é o 2º país que mais realiza cesáreas no mundo. O procedimento pode salvar as vidas da mãe e do bebê se aplicada em conformidade com os critérios clínicos; fora deles, pode aumentar o número de óbitos. Cerca de 3 milhões de partos ocorrem no país, dos quais 1,6 milhão são cesarianas e 870 mil não têm indicação clínica. No Sistema Único de Saúde (SUS), as cesáreas representam 44,2% dos partos; já no sistema privado de Saúde, 86% dos partos são realizados desta forma.

4) Enfrentamento à violência obstétrica

Em linhas gerais, a “violência obstétrica” é todo o ato verbal, físico ou sexual de desrespeito à gestante antes, durante e após o parto. Os exemplos de violência obstétrica mais comuns são a realização de intervenções sem informar à gestante, amarrá-la ou imobilizá-la de alguma forma durante o parto, proibir a entrada do acompanhante escolhido pela mulher na sala de parto, negligenciar os sinais de dor e desconforto da parturiente, dificultar o aleitamento materno, entre outros.

Há poucos dados atualizados sobre a violência obstétrica no Brasil e um dos mais citados é o levantamento Nascer no Brasil, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que aponta que 30% das mulheres atendidas em hospitais privados em 2012 sofreram violência obstétrica; já no SUS, a taxa foi de 45%.

Dot.Lib indica: Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia

Obstetrícia: capa da Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.

Imagem: Thieme / Dot.Lib.

Pertencente à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), este é um periódico mensal de acesso aberto, com estudos duplo-cego e revisados por pares. Perfeito para quem quer saber mais sobre as recentes descobertas da área, seus conteúdos são voltados para obstetras, ginecologistas e demais especialidades relacionadas. Seu objetivo é o de publicar contribuições originais do Brasil e outros países sobre temas relevantes da Ginecologia e Obstetrícia. 

As pesquisas cobrem as seguintes áreas de atuação: Ciências Básicas, Epidemiologia, Atenção Primária, Gravidez de Alto Risco, Medicina Fetal, Cirurgia Ginecológica e Uroginecologia, Endoscopia Ginecológica, Endocrinologia Ginecológica, Genital Inferior Doenças do Trato, Doenças Sexualmente Transmissíveis, Reprodução Humana, Oncologia Ginecológica, Mastologia, Menopausa, Ginecologia Pediátrica e Adolescente, Sexualidade, e muitas outras áreas multidisciplinares relacionadas.

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Sobre a Thieme

Obstetra: logo da editora Thieme.

Imagem: Thieme / Dot.Lib.

O periódico citado acima faz parte da extensa coleção da Thieme, que há mais de 125 anos trabalha na difusão das mais recentes descobertas no campo da Medicina Clínica. Reconhecida internacionalmente pela alta qualidade e pela natureza didática de seu acervo, a editora conta com e-books, periódicos e produtos eletrônicos que abrangem as Ciências Agrárias, Biológicas, da Saúde, Exatas e da Terra.

Entre os destaques estão: 1) Thieme Clinical Collections: coleções de livros digitais de excelência em Medicina Clínica disponíveis em modelo de aquisição com direito perpétuo de propriedade; 2) MedOne Neurosurgery: ferramenta voltada para neurocirurgiões que oferece conteúdo de mais de 230 livros digitais, além de materiais de apoio para o ensino e 3) Science of Synthesis: com foco em química orgânica sintética, a plataforma fornece uma análise crítica da metodologia sintética desenvolvida desde o início do século XIX até hoje.

Se você se interessou pela indicação feita acima, quer saber mais sobre o tema ou deseja conhecer outros recursos do portfólio da Thieme, contate-nos pelo e-mail info@dotlib.com ou preencha o formulário clicando aqui. Para mais conteúdos como esse, acompanhe nosso blog, siga nossas redes sociais e se inscreva na Dot.Lib TV, nosso canal oficial no YouTube.

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