Residência Médica: a origem da especialização padrão-ouro
(William Osler - médico canadense considerado o “pai” da especialização)
A frase acima evidencia a importância do treinamento prático para o profissional de medicina oferecer um suporte melhor e de qualidade aos seus pacientes. Os conteúdos teóricos são de extrema importância, porém, inseri-los na prática se tornou fundamental para o aperfeiçoamento do médico.
Com o programa de Residência Médica (RM) — termo designado a uma forma de pós-graduação para médicos, realizada em um hospital com a supervisão de médicos qualificados — o profissional tem a opção de se aprimorar na sua área de atuação e obter o título de especialista.
No entanto, para entender como a RM foi reconhecida e regulamentada, precisamos recorrer à história. Onde e como surgiu o conceito de Residência Médica, classificado como o padrão-ouro da especialização médica? Neste artigo, você vai conhecer a origem da modalidade no Brasil e no mundo.
Origem
A especialização em medicina, com base na residência médica, teve sua origem com o médico cirurgião William Halsted, na Hospital da John Hopkins University, nos Estados Unidos.
Em 1889, o conceituado médico criou essa modalidade para que profissionais de medicina pudessem aprender na prática a se tornarem especialistas na área. Diante disso, selecionou e convocou quatro ex-internos como residentes em cirurgia.
O objetivo era fornecer aos residentes um treinamento em todo processo na execução de cirurgias, assim como nos estudos de cuidados no pré e pós-operatórios. Além disso, eles deveriam oferecer o suporte aos pacientes operados no período da noite.
O modelo de Halsted defendia que a cirurgia deveria ser aprendida através do treinamento prático em um programa hierárquico. Na época, a duração da residência médica era longa e dividida em três etapas: um ano como interno, 06 anos como residente assistente e 02 anos como "house surgeon", um tipo de instrutor.
Os futuros cirurgiões permaneciam praticamente 24 horas à disposição das atividades realizadas na especialização — como se residissem no hospital. Por isso, surge o termo residência médica.
Outro nome que contribuiu para a história da residência médica foi o médico e professor canadense William Osler. Ele criou um sistema de especialização de Medicina Interna, com base no ensino à beira do leito e uma estrutura hierarquizada com os internos, também no Hospital John Hopkins. O programa funcionava da seguinte maneira: em uma sala de cirurgia ficavam alguns internos assistindo (os novatos) enquanto dois ou três residentes auxiliavam no procedimento cirúrgico.
Em 1927, o sistema de especialização RM foi reconhecido pela American Medical Association (AMA) e foi publicada a primeira lista de hospitais aprovados para treinamento em residência. A partir de então, a RM foi classificada como o padrão-ouro para treinamento médico em especialização e começou a ser difundida em vários países.
Residência Médica no Brasil
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No Brasil, o primeiro programa de residência foi criado no Serviço de Ortopedia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em 1945. Alguns anos depois, em 1948, o Hospital dos Servidores do Rio (IPASE-RJ) abriu diversos programas em Clínica Médica, Pediatria e Cirurgia Geral.
Em 1967, foi criada a Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR) — órgão reconhecido pela Associação Médica Brasileira. Apenas na década de 70 ocorreu a disseminação dos programas de residência médica no país e, comitantemente, a exigência de um treinamento mais especializado cresceu por partes dos hospitais e dos pacientes.
Esse cenário estimulou a criação de uma regulamentação da modalidade. O Decreto nº 80.281, de 5 de setembro de 1977, instituiu a residência médica como procedimento formal de pós-graduação em medicina. Além disso, o mesmo decreto criou a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) para fiscalizar e regulamentar esse sistema de treinamento.
“A Residência em Medicina constitui modalidade do ensino de pós-graduação destinada a médicos, sob a forma de curso de especialização, caracterizada por treinamento em serviço em regime de dedicação exclusiva, funcionando em Instituições de saúde, universitárias ou não, sob a orientação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional”
(Decreto nº 80.281, de 05 de setembro de 1977)
O Programa de Residência Médica funciona em instituições de saúde, sob a orientação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional, sendo cumprido integralmente dentro de uma determinada especialidade, conferindo ao médico residente o título de especialista. A expressão “residência médica” só pode ser empregada para programas que sejam credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica.
Com as regulamentações oficiais, tanto no cenário da residência no Brasil quanto no mundo ficou mais organizado. Os residentes participam de um processo seletivo rigoroso e com fiscalização, recebem bolsa de auxílio, férias remuneradas, além de condições mais adequadas para desenvolvimentos das suas atividades.
Para ter acesso aos processos seletivos dos programas de Residência Médica nas instituições brasileiras, clique aqui.
Onde encontrar conteúdos específicos para residentes?
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Atualmente, ser aprovado na prova de residência não é uma tarefa fácil. Essa jornada de preparação requer dedicação e ter acesso a conteúdos de qualidade é fundamental para conquistar a aprovação. E após a conquista da vaga, o período de especialização também é desafiador.
Para apoiar o residente durante o seu treinamento em medicina interna, a plataforma NEJM Resident 360, do New England Journal of Medicine Group, disponibiliza coleções e recursos direcionados às necessidades específicas desses profissionais na consolidação dos seus conhecimentos.
São diversas ferramentas de aprendizagem interativa, como o Rotation Prep — recurso que oferece suporte para o residente gerenciar suas rotações clínicas com confiança. Além disso, são disponibilizados conteúdos para que possa aprender lidar com as pressões durante o treinamento e a se preparar para os próximos passos para aperfeiçoamento na carreira.
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