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Conheça o laureado da categoria médica e saiba como foi feito o sequenciamento genético que revelou mais detalhes dos antepassados humanos (imagem: Canva). Conheça o laureado da categoria médica e saiba como foi feito o sequenciamento genético que revelou mais detalhes dos antepassados humanos (imagem: Canva).
Nobel de Medicina ou Fisiologia 2022: a herança genética dos neandertais
  • Artigo
  • Ciências Biológicas, Ciências da Saúde
  • 04/11/2022
  • Denisovanos, Dot.Lib, Genética, Neandertais, Nobel de Medicina ou Fisiologia, Paleogenética, Prêmio Nobel, Prêmio Nobel 2022

Nos dois primeiros artigos da série Prêmio Nobel 2022, conhecemos a história da premiação, uma breve biografia dos vencedores das categorias LiteraturaQuímica, e suas respectivas contribuições artísticas e científicas. No artigo desta semana, conheça o vencedor do Nobel de Medicina e saiba como sua pesquisa de décadas ajudou a desvendar os antepassados da espécie humana e o que herdamos deles. Fique até o fim e conheça três indicações de journals para aprofundar os conhecimentos sobre o assunto. 

O vencedor 

Retrato ilustrativo do vencedor Svante Pääbo

Retrato ilustrativo de Svante Pääbo, ganhador do Nobel de Medicina ou Fisiologia de 2022 (imagem: Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach).

Nascido em 20 de abril de 1955 em Estocolmo, na Suécia, Svante Pääbo é filho da química estoniana Karin Pääbo, que 10 anos antes se refugiou no país nórdico na tentativa de escapar dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Seu pai, o bioquímico sueco Sune Bergström, ganhou o prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia em 1982, que dividiu com o também bioquímico sueco Bengt Samuelsson, por suas descobertas acerca das prostaglandinas — grupo de moléculas lipídicas com efeitos semelhantes aos dos hormônios nos animais.

Em 1975, Svante iniciou seus estudos na Universidade de Uppsala, uma das mais antigas dos países nórdicos. Lá, em 1986, obteve seu PhD. em Biologia Molecular ao investigar as funções imunomoduladoras da proteína E19 presente nos adenovírus. Neste mesmo ano, como parte de seu pós-doutorado, ingressou como pesquisador de Bioquímica na Universidade da Califórnia, Berkeley (Estados Unidos), especificamente no laboratório de Allan Wilson, onde deu seus primeiros passos nos estudos genômicos de espécies de mamíferos extintos. 

Mas foi a partir dos anos 90, ao voltar para a Europa como professor de Biologia Geral na Universidade de Munique e diretor fundador do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, ambos na Alemanha, que Svante passou a focar suas pesquisas em genética evolutiva. Por isso, tornou-se um dos fundadores da paleogenética, disciplina que estuda o passado por meio de sequenciamentos genéticos feitos a partir de amostras dos restos preservados de organismos antigos.  

O prêmio 

Svante Pääbo estava na Suécia, onde reside, quando recebeu uma ligação do mesmo país e acreditou que fosse algo corriqueiro. “Então eu estava bebendo a última xícara de chá para ir buscar minha filha na babá onde ela passou a noite, e então recebi uma ligação da Suécia e é claro que pensei que tinha algo a ver com nossa casinha de verão na Suécia. Eu pensei 'oh, o cortador de grama quebrou ou algo assim”, disse em entrevista ao Nobel Prize Outreach.  

O cientista premiado acredita que sua descoberta pode mudar a percepção que a humanidade tem de si mesma por sua proximidade genética com os neandertais e denovianos. “Na verdade, estamos tão intimamente relacionados que eles contribuíram diretamente 50, 60 mil anos atrás, com DNA para os ancestrais da maioria das pessoas hoje, aqueles que têm suas rotas fora da África. E essas variantes que herdamos deles influenciaram e influenciam muitas coisas em nossa fisiologia hoje”, afirma Svante. 

Confira, a seguir, o caminho percorrido pelo pesquisador para chegar à descoberta que lhe rendeu um dos maiores e mais importantes prêmios do mundo. 

No rastro dos ancestrais humanos

Ilustração da evolução das espécie humana

Ilustração da evolução dos humanos (imagem: Canva).

Em 1997, Svante e sua equipe anunciaram um sequenciamento bem-sucedido do DNA mitocondrial (mtDNA) de um neandertal, feito a partir de uma amostra descoberta na Pequena Gruta de Feldhofer, no Vale de Neander, próximo a Essen, Alemanha. Cinco anos depois, como parte de seus estudos sobre a evolução da espécie humana, Svante descobriu que o FOXP2, denominado “gene da linguagem”, apresenta mutações em algumas pessoas que possuem deficiências de linguagem. 

Em 2006, o cientista anunciou um plano para reconstruir todo o genoma dos neandertais, feito conquistado pelo Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em 2009, que resultou em uma versão preliminar. Isso só foi possível após o sequenciamento de mais de 3 bilhões de pares de bases (unidade fundamental de ácidos nucleicos de fita dupla que formam os blocos de construção da dupla hélice do DNA).  

Os dados coletados por Svante e seus colegas a partir do DNA retirado de um osso de um dedo encontrado na Caverna Denisova na Sibéria, em 2010, sugerem que a amostra pertencia a um membro extinto do gênero Homo que, até o momento, não fora identificado. Descobriu-se então o Hominídeo de Denisova, espécie de humanos que viveram entre os períodos Paleolítico médio e o Paleolítico superior, há cerca de 200 mil anos. O cientista pensou em classificar os denisovanos como uma espécie à parte, separada dos humanos modernos e dos neandertais, mas mudou de ideia após a revisão por pares. 

No mesmo ano, Pääbo e seus colegas publicaram um rascunho da sequência do genoma neandertal e tanto ele quanto sua equipe também concluíram que provavelmente neandertais e humanos da Eurásia (mas não da África Subsaariana) teriam se cruzado. A comunidade científica apoia esta teoria de cruzamento entre humanos arcaicos e modernos. Além disso, estima-se que esta mistura de genes humanos modernos e neandertais tenha ocorrido aproximadamente entre 50 e 60 mil anos atrás, no Oriente Médio. 

“Lições do nosso Neandertal Interior” 

Capa do livro The Chronicles of Evolution

Capa do livro "The Chronicles of Evolution" (imagem: Wildtype Books / World Scientific).

Os humanos agora exercem uma influência maior no planeta do que qualquer outra espécie na história. Por outro lado, as tecnologias desenvolvidas pelo homem, como a engenharia genética e a inteligência artificial, estão prestes a superar a evolução biológica. Como chegamos a este momento único na história humana, 14 bilhões de anos após o nascimento do Universo?  

Publicado pela World Scientific, o livro “The Chronicles of Evolution” (“As Crônicas da Evolução”) reúne 24 cientistas e pensadores proeminentes para traçar a história da evolução ao longo de dez escalas de tempo logarítmicas. Por meio de insights de especialistas, este volume exclusivo considera como os humanos encontraram nosso lugar no cosmos e imagina o que está por vir. 

A obra conta com a participação do vencedor do Nobel de Medicina ou Fisiologia de 2022, Svante Pääbo. No capítulo 11, “Lições do Nosso Neandertal Interior”, o cientista explica como o processo de sequenciamento do DNA oferece “um vasto repositório de informações com as quais se pode reconstruir a história genética de nossa espécie”. 

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Logo da editora World Scientific

Imagem: World Scientific / Dot.Lib

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