Nobel de Literatura 2022: conheça a ganhadora e 3 livros de autores premiados
Desde sua primeira cerimônia, realizada há 121 anos na Suécia e na Noruega, cerca de 943 pessoas e 25 organizações foram agraciadas com um dos Prêmios nas categorias de Química, Literatura, Paz, Física e Fisiologia ou Medicina. Criado em 1901, a premiação foi uma ideia sugerida pelo químico, engenheiro e inventor sueco Alfred Bernhard Nobel, como um último desejo antes de sua morte, em 1896. Além das suas diversas contribuições à Ciência, com mais de 350 patentes registradas, Nobel também deixou parte de sua fortuna para a criação do prêmio.
Para ser um dos laureados, é necessário passar por um processo que tem início em setembro e só é finalizado com o anúncio e a cerimônia em dezembro do ano seguinte. Por exemplo: para a realização da edição de 2022, as indicações de nomes foram feitas até setembro de 2021. Os candidatos elegíveis para o prêmio de literatura são indicados por pessoas que receberam um convite do Comitê Nobel para o envio de nomes. Pessoas consideradas qualificadas pelo Comitê, mas que não receberam convites, também podem enviar suas indicações, sem possibilidade de nomear a si mesmo.
Confira, abaixo, o cronograma específico para a seleção dos nomes ao Prêmio Nobel de Literatura, realizado pelo comitê da Academia Real de Ciências da Suécia:
Cronograma da seleção e premiação do Nobel de Literatura (imagem: Dot.Lib).
Os anúncios dos vencedores deste ano começaram com a categoria de Medicina ou Fisiologia, em 3 de outubro, seguida por Física (04), Química (05), Literatura (06), Paz (07) e Economia (10). Os escolhidos receberão um diploma, uma medalha e 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 4,7 milhões), cuja entrega será feita em uma cerimônia em dezembro.
No artigo desta semana, conheça a vida e obra da vencedora do Nobel de Literatura de 2022 e mais cinco indicações de leituras de autores também laureados.
Vencedora do Nobel de Literatura em 2022
Retrato ilustrativo da escritora francesa Annie Ernaux (imagem: Niklas Elmehed© Nobel Prize Outreach).
Nascida em 1 de setembro de 1940, em Lillebonne, na Normandia, Annie Ernaux cresceu e passou boa parte da sua juventude em um vilarejo em Yvetot, também na França. Filha de operários e pequenos comerciantes, Annie teve uma vida modesta, fato que sempre faz questão de lembrar em suas obras literárias. Em 1971, formou-se em Literatura Moderna pela Universidade de Rouen-Normandie e se tornou professora nessa disciplina.
Sua estreia como escritora foi em 1974, com o livro autobiográfico “Les Armoires Vides” (“Os Armários Vazios”, traduzido do francês), no qual narra as dificuldades que enfrentou em sua humilde infância, mostrando um lado de seu país pouco conhecido. Em 1983, a escritora publicou o “La Place” (“O Lugar”), também autobiográfico e de cunho sociológico, uma vez que, ao se debruçar sobre a vida de seu pai, Annie esmiuça as relações familiares e sua influência nas classes sociais; o livro lhe rendeu fama e o Prêmio Renaudot, uma das mais importantes premiações literárias da França.
Uma de suas obras mais aclamadas, “Les Années” (“Os Anos”) traz um panorama social do cenário pós-Segunda Guerra Mundial e se estende até 2008, ano de sua publicação. Com ele, a autora conquistou outro grande prêmio, o Prix de la langue française (Prêmio da língua francesa). Em 2011, Annie publica o livro “L'Autre Fille”, uma carta à sua irmã, que morreu antes mesmo de nascer. No mesmo ano, publicou suas anotações e reflexões acerca de sua obra literária, que conta com mais de 20 livros ao todo e dos quais quatro foram traduzidos para o português brasileiro.
Sobre entrar para a lista dos agraciados com o Nobel de Literatura, Annie Ernaux disse em entrevista que estava sozinha na cozinha de sua casa e que soube da notícia quando ligou o rádio justamente para saber quais foram os ganhadores. “Sim, é obviamente muito surpreendente. Ainda mais porque eu estava sozinha. É como... vou fazer uma comparação. Você está no deserto e ouve um chamado que vem do céu. Essa foi a sensação que eu tive”, explicou a escritora.
Este não foi o único feito de Annie: por sua “coragem e acuidade clínica com que descortina as raízes, os estranhamentos e os constrangimentos coletivos da memória pessoal”, aos 82 anos, ela é a primeira mulher francesa a ser congratulada nesta categoria em toda a história da premiação.
Ao todo, foram concedidos 115 prêmios na categoria de Literatura à 119 pessoas, alguns dos quais você pode conferir na lista a seguir com três dicas de livros de autores aclamados pela crítica e congratulados com o Prêmio Nobel de Literatura, todos publicados por selos da Companhia das Letras:
1) “Sobrevidas” (2022)
Autor: Abdulrazak Gurnah, vencedor do Nobel de Literatura em 2021
Capa do livro "Sobrevidas" (imagem: Companhia das Letras).
África Oriental alemã, início do século XX. Os colonizadores avançam violentamente pela África, dizimando povos e impondo regras e costumes. No litoral do oceano Índico, Khalifa e Asha estão tentando ter o primeiro filho e logo conhecem Ilyas, que chega à cidade para trabalhar.
Ainda menino, ele foi raptado por um soldado das tropas coloniais e anos depois descobre que os pais morreram e que sua irmã, Afiya, está vivendo em condições deploráveis. Já Hamza chega em busca de emprego e segurança e lá acaba se apaixonando por Afiya. Num período de lembranças traumáticas, ele integrou a Schutztruppe, lutando contra o próprio povo ao lado dos colonizadores.
Neste romance magistral, Abdulrazak Gurnah joga luz sobre as consequências devastadoras da opressão e do colonialismo sobre todo um continente. Enquanto os personagens vivem, trabalham e se apaixonam, pairam sobre eles o fantasma da guerra e a possibilidade de que novos combates arrasem a vida de todos mais uma vez.
2) “Receitas de inverno da comunidade” (2022)
Autora: Louise Glück, vencedora do Nobel de Literatura em 2020
Capa do livro "Receitas de inverno da comunidade" (imagem: Companhia das Letras).
Nesta coletânea de quinze poemas estão os temas que consagraram Louise Glück como uma das vozes mais apaixonantes da literatura contemporânea: a solidão, a exaustão, o trauma, as descobertas da juventude e as reflexões que acompanham o envelhecimento.
Seus poemas — que mesclam ensaio, ficção, mitologia, psicanálise e filosofia, na forma de épicos condensados — são capazes de iluminar as fragilidades da alma humana. Receitas do inverno da comunidade é um livro poderoso sobre a vulnerabilidade. Ao refletir sobre a finitude, Louise Glück trata de dramas individuais que são comuns a todos nós.
3) “Não me abandone jamais” (2016)
Autor: por Kazuo Ishiguro, vencedor do Nobel de Literatura em 2017
Capa do livro "Não me abandone jamais" (imagem: Companhia das Letras).
Aos 31 anos, Kathy H. tem está prestes a encerrar sua carreira de “cuidadora”. Enquanto isso, ela relembra o tempo que passou em Hailsham, um internato inglês que dá grande ênfase às atividades artísticas e conta, entre várias outras amenidades, com bosques, um lago povoado de marrecos, uma horta e gramados impecavelmente aparados. No entanto, esse internato idílico esconde uma terrível verdade: todos os “alunos” de Hailsham são clones, produzidos com a única finalidade de servir de peças de reposição.
Assim que atingirem a idade adulta, e depois de cumprido um período como cuidadores, todos terão o mesmo destino: doar seus órgãos até “concluir”. Embora à primeira vista pareça pertencer ao terreno da ficção científica, o livro de Ishiguro lança mão desses “doadores”, em tudo e por tudo idênticos a nós, para falar da existência. Pela voz ingênua e contida de Kathy, o leitor é conduzido até o terreno pantanoso da solidão e da desilusão onde, vez por outra, nos sentimos prestes a atolar.
Sobre o Grupo Companhia das Letras
Imagem: Companhia das Letras / Dot.Lib.
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