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A gentrificação tem gerado profundas transformações em bairros urbanos de todo o mundo. Essas regiões, que antes eram acessíveis, agora se tornam atrativos para residentes de alto poder aquisitivo e acabam por incomodar os locais. Um estudo publicado na revista Developing Economies, da Wiley, e conduzido por pesquisadores da Universidade Xi'an Jiaotong-Liverpool (China) e da Universidade de Liubliana (Eslovênia) mostrou os impactos dessa renovação urbana em dois bairros de Seul, na Coreia do Sul. A remodelação urbana no bairro de Sangwangsimni foi liderada pela iniciativa privada, resultando na substituição de áreas industriais por residências de luxo e o deslocamento direto de moradores.

Já na região de Changsin-Sungin, esse processo foi conduzido pelo Estado, sem o deslocamento direto dos moradores. Segundo Kon Kim, um dos autores do estudo, mesmo que moradores desse bairro não tenham sido fisicamente deslocados, muitos sentem que a transformação do bairro os desconecta emocionalmente de suas raízes e gera uma crescente alienação. Os resultados da pesquisa indicam que a remodelação urbana estatal, embora com menor impacto direto, ainda afeta o sentimento de pertencimento dos residentes. Uma moradora de Changsin-Sungin relatou sentir-se “como um animal em um zoológico” devido ao aumento de turistas no local, mas não se vê deixando a área.

Outro entrevistado elogiou a nova “vibração” do bairro, mas expressou receio de que a expansão de lojas sofisticadas acabe transformando sua vizinhança. Os autores planejam expandir o estudo para investigar o papel do Estado e a resistência popular à gentrificação, com o objetivo de contribuir para políticas urbanas mais equitativas. Kim destaca que o estudo oferece uma compreensão mais ampla do deslocamento indireto e simbólico, que ainda é pouco explorado, e espera que esses dados promovam cidades mais inclusivas e justas não só na Coreia do Sul, mas em outras regiões que também são afetadas pelo fenômeno da gentrificação.

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