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Uma das premiações mais importantes do mundo, o Prêmio Nobel anunciou seus vencedores no início de outubro, como tem sido costume ao longo das décadas. Iniciada em 2022, a Dot.Lib vai continuar a série de artigos sobre os vencedores e suas contribuições nas áreas da arte, ciência e sociedade.

No último artigo, conhecemos brevemente a história dos vencedores de 2023 na categoria de Medicina: a cientista húngara Katalin Karikó e o pesquisador norte-americano Drew Weissman. Juntos, eles criaram uma tecnologia à base de RNA mensageiro (mRNA) que possibilitou o desenvolvimento das vacinas no combate à COVID-19 e abriu portas para o aprimoramento de outras terapias e tratamentos.

Neste artigo, vamos apresentar brevemente a vida e a obra do vencedor da categoria de Literatura deste ano e uma indicação de leitura de autoria do laureado, publicada pela editora Companhia das Letras.

O vencedor

Jon Olav Fosse nasceu em setembro de 1959, na cidade de Haugesund, na Noruega, em uma família de membros quakers e pietistas — denominações religiosas com princípios do Protestantismo e Luteranismo, respectivamente. Hoje, convertido ao Catolicismo, o autor afirmou que crescer entre essas crenças moldou muito sua visão de mundo.

Retrato ilustrativo do escritor norueguês Jon Fosse (imagem: Niklas Elmehed© Nobel Prize Outreach).

Aos sete anos, Fosse sofreu um acidente quase fatal, cujas sensações durante o ocorrido influenciaram muito a sua escrita na vida adulta. Em uma extensa entrevista concedida ao jornal The New Yorker, o artista disse que chegou a se ver dentro de sua casa, contemplando da janela a paisagem, e descreveu a experiência como “muito fundamental”:

E então, lá de fora, eu pude me ver sentado aqui – eu me vi assim. E tudo estava em paz, e olhei para as casas em casa e tive certeza de que as vi pela última vez enquanto ia ao médico. Tudo estava brilhando e muito pacífico, um estado muito feliz, como uma nuvem de partículas de luz. Esta experiência é a mais importante da minha infância. E tem sido muito formativo para mim como pessoa, tanto no bom quanto no ruim. Acho que isso me criou como uma espécie de artista.

Na sua adolescência, Fosse almejava ser um guitarrista de uma banda de rock. No entanto, como um escritor nato, passou mais tempo compondo as letras de suas músicas e de peças musicais do que propriamente tocando algum instrumento. Ainda nessa fase da vida, disse que foi influenciado pelo comunismo e pelo anarquismo e que se considerava um “hippie”.

Já na década de 1980, ingressou na Universidade de Bergen, onde se graduou e obteve o título de mestre no curso de Literatura Comparada. Nessa mesma época, debutou no mundo literário com o livro “Raudt, svart” (do norueguês, “Vermelho, preto”) em 1983, seguido por “Stengd gitar” (“Guitarra Fechada”) em 1985 e um ciclo poético, “Engel med vatn i augene” (“Anjo com Água nos Olhos”) em 1986.

Jon Fosse é considerado um dos autores e dramaturgos mais importantes de seu tempo, listado entre os escritores com mais peças atuadas em palcos de todo o mundo. Suas mais de setenta obras publicadas — entre romances, poemas, livros infantis, ensaios e peças de teatro — foram traduzidas para mais de quarenta idiomas.

De acordo com a Academia Sueca, responsável pela escolha dos vencedores do Prêmio Nobel, Jon Fosse foi o laureado da categoria de Literatura de 2023 “pelas suas peças inovadoras e prosa que dão voz ao indizível”. Entre suas obras de destaque estão a peça teatral “Desse auga” (“Estes Olhos”, 2009), a poesia “Stein til stein” (“Pedra em pedra”, 2013), o ensaio “Gnostiske essay” (1999), e o romance “Det er Ales” (“É a Ales”, 2004) — este último foi traduzido ao português brasileiro pela Companhia das Letras, uma das renomadas editoras parceiras da Dot.Lib.

Indicação de leitura: “É a Ales”

Capa de "É a Ales", primeiro livro de Jon Fosse traduzido para o português brasileiro pela Companhia das Letras (imagem: Companhia das Letras / Dot.Lib).

“É a Ales” retrata a história de Asle, um homem que sai de casa com um barco para nunca mais voltar, e de Signe, uma mulher que permanece à sua espera. Certa vez, Signe está deitada em um banco de sua casa e tem uma visão sobre si mesma: ela está parada, olhando pela janela à espera de seu marido. Suas memórias a levam há cinco gerações, chegando à sua avó Asle, na qual reconhece não só sua história, mas a si mesma.

O romance também aborda sobre as marcas indeléveis que o amor, a perda e o legado de nossos antepassados reverberam nas gerações seguintes de uma família. “É a Ales” é uma das obras do norueguês Jon Fosse que o fizeram um dos mais destacados autores contemporâneos, esses momentos.

* Tanto a sinopse descrita acima quanto o livro estão disponíveis no site oficial da Companhia das Letras.

Sobre a Companhia das Letras

Imagem: Companhia das Letras / Dot.Lib.

Fundada em 1986, a Companhia das Letras se tornou um grupo editorial a partir de sua junção com a Objetiva, em 2015. É parte integrante do grupo Penguin Random House, atualmente o maior grupo editorial do Brasil e do mundo. Seu catálogo tem mais de 4 mil livros digitais em português, em diversas áreas do conhecimento, dispostos em 15 selos editoriais entre os quais estão a Zahar, a Objetiva e a Alfaguara. 

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