Novo artigo na “New German Critique” explora as múltiplas camadas do "drag" na obra de Rainer Werner Fassbinder. (imagem: Gorup de Besanez, CC BY-SA 4.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0>, via Wikimedia Commons)
Duke University Press: Uma Nova Análise sobre Fassbinder, Fascismo e a Estética do "Drag"
A obra de Rainer Werner Fassbinder, o enfant terrible do Novo Cinema Alemão, sempre foi celebrada por sua complexidade estética e crítica social mordaz. No entanto, um novo artigo publicado na New German Critique (Vol. 52, No. 3) — de nossa editora Duke University Press —, intitulado "Fassbinder's Fascist Drag", propõe uma leitura inovadora que entrelaça artes visuais, etimologia e teoria queer para reinterpretar o legado do diretor.
O ponto de partida do artigo da professora Fatima Naqvi é a obra Now Everybody (To R.W. Fassbinder), do artista Robert Longo, que retrata uma figura contorcida diante de escombros, evocando o final do filme O Soldado Americano (1970) . A partir dessa conexão visual, Naqvi desenvolve uma tese fascinante sobre o conceito de "drag" na obra de Fassbinder, indo muito além do sentido comum de travestismo.
As Três Dimensões do "Drag" em Fassbinder
O artigo argumenta que Fassbinder utiliza o termo e o conceito de "drag" em três acepções distintas para criticar a República Federal da Alemanha:
- O Peso (Heaviness): O "drag" como algo pesado que é arrastado pelo chão. Em O Casamento de Maria Braun (1979), o passado fascista é um fardo que continua a pesar sobre o presente, impedindo um verdadeiro recomeço ou "hora zero".
- O Impedimento (Hampering Movement): O "drag" como uma força de atrito que retarda o progresso. Em Lola (1981), personagens e estruturas sociais agem como freios ao desenvolvimento moral, revelando a estagnação sob a fachada do progresso econômico.
- A Performance de Gênero: O sentido mais conhecido de "drag" (uso de roupas do sexo oposto) é explorado como uma ferramenta metateatral. Em filmes como Lili Marleen (1981), a performance exagerada de gênero expõe a artificialidade e a teatralidade inerentes ao próprio fascismo.
Fascismo e Espetáculo
Uma das análises mais potentes do texto foca em Lili Marleen. Naqvi demonstra como a personagem Willie/Lili oscila entre ideais masculinos e femininos, e como sua performance reflete a estética totalitária do Terceiro Reich. O "drag" fascista, segundo a autora, torna visível como a política e a estética se cruzam com o gênero para quebrar a continuidade histórica.
Para pesquisadores de cinema, história e estudos culturais, este artigo oferece uma ferramenta vital para entender como a arte pode "dar um rosto" ao fascismo para confrontá-lo, em vez de apenas reproduzi-lo. É uma leitura essencial para compreender as nuances da memória cultural alemã.
Para aprofundar-se na análise detalhada das cenas e na conexão com a teoria de Judith Butler e a história do pós-guerra, recomendamos a leitura do artigo completo (aberto até o dia 28 de fevereiro de 2026).
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