Career cushioning: a nova tendência do mercado de trabalho
A pandemia de COVID-19 mudou radicalmente a forma como as pessoas veem o mundo e vivem suas vidas. Essas mudanças afetaram tanto o mercado de trabalho — que aderiu a prestação de serviços híbrida ou remota — quanto a forma como as relações profissionais são vistas e praticadas. Em meio a este cenário de incertezas, o dicionário corporativo só faz aumentar.
Em 2021, o termo great resignation (ou “a grande demissão” em inglês) ficou em alta quando os impactos da emergência sanitária na economia e na saúde mundiais geraram uma onda de demissões sem precedentes. Em 2022, surgiu o quiet quitting (ou “demissão silenciosa”), que consiste em fazer apenas o que foi combinado na contratação, sem exceções. O fenômeno é uma resposta às jornadas de trabalho exaustivas geradas pelo excesso de cobranças, expectativas e de horas extras, especialmente nos trabalhos remotos.
Se no primeiro caso as demissões partiram dos empregadores, no segundo, os empregados assumiram uma posição mais passiva, sem “vestir a camisa” da empresa, na tentativa de equilibrar a carreira e a saúde mental. No entanto, muitos empregadores veem essa postura como falta de comprometimento e, em alguns casos, como um motivo para a dispensa do trabalhador.
Como se pode perceber, a demissão (ou o risco de ser demitido) é o ponto em comum entre o great resignation e o quiet quitting. Mas o career cushioning, que se apresenta como uma nova tendência em 2023, parece ser um plano B que diverge dos movimentos anteriores e coloca em igual importância a carreira e a qualidade de vida, especialmente a saúde mental.
Mas afinal de contas...
O que é career cushioning?
Imagem: iStock.
Em tradução literal do inglês, career cushioning significa “amortecimento de carreira”. A expressão, em alta desde o fim de 2022, se refere aos profissionais que se preparam para mudar de emprego ou mesmo de área enquanto ainda estão empregados. Além de se precaver diante do risco de demissão por parte do empregador, o objetivo também é o de ampliar o leque de opções profissionais para trazer mais segurança e estabilidade às suas carreiras.
A tendência já está se tornando uma realidade: uma pesquisa realizada em 2022 pelo site Empregos.com mostrou que 3 em cada 4 profissionais pretendem mudar de emprego ainda em 2023. O levantamento feito com 544 pessoas apontou que a insatisfação com a ocupação atual é a principal causa da mudança para 81% dos entrevistados. Entre os atrativos para mudar de emprego, 70% citaram melhores salários, seguido pelos benefícios (22,4%) e pelo trabalho home-office (7,5%).
Geralmente, o perfil de quem adere ao movimento do career cushioning é o de alguém que sente que sua carreira está estagnada pela falta de estímulos ou espaço para aprendizado e crescimento no atual emprego. Isso motiva o profissional a desenvolver suas habilidades, a se atualizar na sua área ou a conhecer outras, trocar ideias com colegas e se manter bem-informado sobre novas tendências e oportunidades no mercado de trabalho.
De acordo com dados do LinkedIn, uma rede social voltada à carreira e negócios, seus usuários adicionaram cerca de 365 milhões de novas habilidades nos seus perfis nos últimos 12 meses — um aumento de 43% em relação ao período anterior. A instabilidade política, econômica e social, a concorrência cada vez mais acirrada e a baixa quantidade de mão de obra qualificada em muitas áreas também são fatores que fazem com que os trabalhadores se empenhem em se destacar dos demais.
Como lidar?
Tendo em mente o que significa a career cushioning e as motivações por trás deste movimento, as empresas precisam promover um ambiente de trabalho saudável e com condições justas para todos. A seguir, confira algumas dicas de como isso pode ser feito:
1) Cultura organizacional bem definida
Imagem: Canva.
A missão, a visão e os valores fazem parte da cultura de uma empresa e são como uma bússola para os colaboradores, uma vez que determinam as políticas internas e quais as práticas e comportamentos são ou não aceitáveis dentro das organizações, seja na execução das tarefas ou na relação com os colegas de trabalho. Ter uma cultura organizacional bem definida auxilia os possíveis candidatos a perceberem se os seus valores e objetivos são compatíveis com os da empresa e evite mal-entendidos.
2) Valorização dos feedbacks
É sempre bom que membros de uma mesma equipe e de outras ouçam a opinião uns dos outros acerca do trabalho realizado. Isso cria um ambiente de aprendizado e desenvolvimento não só de habilidades técnicas, mas também emocionais. Além disso, os feedbacks como parte do dia a dia geram um senso de pertencimento nos funcionários, que se sentem amparados, seguros e motivados a darem o seu melhor.
3) Plano de carreira
Imagem: Canva.
Por meio dele, o funcionário pode vislumbrar o caminho que ele percorrerá e as possibilidades de crescimento dentro da empresa. Essa é a hora dos líderes ajudarem a identificar os pontos fracos e fortes dos membros da sua equipe e de estipular metas e objetivos para cada um. Também é o momento em que a empresa pode mostrar o quanto se importa com a sua força de trabalho, ao ouvir e investir na atualização profissional de seus colaboradores com cursos, palestras, workshops e atividades de integração.
4) Retenção de talentos
Engana-se quem acha que apenas o aumento salarial ou de outros recursos financeiros faz os colaboradores permanecerem em uma empresa. Um salário competitivo ou, ao menos, na média da categoria, é essencial para uma relação de trabalho justa. Mas, de acordo com a plataforma digital de recursos humanos Gupy, as características necessárias para reter talentos, além de atrair novos, são:
- reconhecimento pessoal;
- metas e desafios tangíveis;
- estabilidade;
- expectativa de crescimento;
- comunicação direta, acessível e transparente;
- lideranças inspiradoras.
5) Se manter atualizado
Esta dica pode ser aplicada de diversas formas: desde investimentos na atualização profissional de seus colaboradores, como já citado antes, até a oferta de benefícios mais modernos e compatíveis com as necessidades de cada um. No entanto, os gestores também devem se atualizar quanto às tendências do mercado de trabalho, como o career cushioning. Assim, é possível identificar as fraquezas da cultura interna da empresa e aplicar as melhorias necessárias para torná-la um local saudável e atraente para todos.
E a equipe Dot.Lib indica dois journals da INFORMS que podem ajudar aqueles querem se manter bem-informados sobre o mercado de trabalho, carreira e negócios: os periódicos Organization Science, que abrange pesquisas sobre organizações e seus processos, estruturas, tecnologias, identidades, capacidades e desempenho, e a Management Science, que aborda de maneira científica os problemas, interesses e preocupações dos gestores, promovendo a ciência gerencial em empresas do setor público e privado.
Sobre a INFORMS
Imagem: INFORMS / Dot.Lib.
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