4 nomes importantes da biblioteconomia brasileira
De acordo com a história, a formação acadêmica em Biblioteconomia no Brasil é datada no início do século XX. O primeiro curso nesta área no país foi inaugurado no dia 10 de abril de 1915, na Biblioteca Nacional (BN), no Rio de Janeiro. Na época, o ensino sofreu influências do modelo humanista francês.
Após anos de ensino, na década de 1940, novos cursos foram implantados em várias cidades do país. No entanto, a regulamentação da profissão de bibliotecário e o seu exercício aconteceram apenas em 1962, com a aprovação da Lei 4.084.
Neste processo de consolidação, o país contou com a participação de grandes bibliotecários. A seguir, você vai conhecer a vida, carreira e as contribuições de 4 nomes que foram fundamentais na história da biblioteconomia brasileira.
1 - Adelpha Figueiredo
Adelpha Silva Rodrigues de Figueiredo é reconhecida como uma das pioneiras da Biblioteconomia no Brasil. Ela nasceu no dia 20 de setembro de 1894, em Sorocaba, no estado de São Paulo.
Sua carreira profissional começou como professora da Escola Americana de São Paulo, atual Instituto Mackenzie. Estudou farmácia e música, mas seu principal interesse era a organização de acervos. Por isso, optou por realizar a graduação em Biblioteconomia na Universidade de Columbia, em Nova Iorque.
A bibliotecária teve um papel importante para o progresso da profissão no país. Veja abaixo as suas principais contribuições.
• Introduziu novas técnicas de classificação do material, registro do acervo, arranjo dos catálogos e a estratégia para o livre acesso dos leitores às estantes.
• Em 1926, foi a primeira diretora da Biblioteca Pública Municipal Mário de Andrade, maior biblioteca pública da cidade e a segunda maior biblioteca pública do país.
• Junto com o bibliotecário Rubens Borba de Morais fundou o curso na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP), onde também lecionou.
• Participou da criação da Escola de Biblioteconomia da Faculdade de Filosofia Sede Sapientiae da Pontifícia Universidade Católica, em 1948.
• Em 1936, criou a primeira Escola de Biblioteconomia do Estado sob os votos da Prefeitura Municipal de São Paulo, formando a primeira turma em 1938.
Em 18 de março de 1967, em homenagem à bibliotecária, a Prefeitura de São Paulo deu o seu nome à biblioteca pública implantada no bairro do Pari, na capital paulista. Adelpha faleceu em 3 de agosto de 1966.
2 - Edson Nery da Fonseca
Nascido em Recife no dia 6 de dezembro de 1921, Edson Ney da Fonseca foi bibliotecário, professor universitário brasileiro e considerado o maior especialista na obra do sociólogo Gilberto Freyre. Sua carreira foi dedicada a ministrar cursos e à publicação de livros na área de biblioteconomia e também sobre a vida e obra do sociólogo, com que cultivou uma amizade de mais de 40 anos.
Suas principais contribuições na área foram:
• Graduou-se em 1947, no curso de Biblioteconomia na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro. No ano seguinte, retornou ao Recife e foi convidado pelo reitor da Universidade, professor Joaquim Amazonas, do Recife (atual, Universidade Federal de Pernambuco) para fundar o primeiro curso de biblioteconomia do Nordeste. Ele ficou como coordenador até 1951.
• Participou da fundação da Universidade de Brasília (UnB), onde foi responsável pela criação da Biblioteca Nacional Central da instituição e do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), hoje Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT).
• Foi eleito Presidente da Associação Brasileira de Bibliotecários, organizando e dirigindo a Comissão de Documentação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) no período de 1956 a 1960.
• Em 1965, junto com Darcy Ribeiro, inaugurou o curso de biblioteconomia na UnB.
Ele ainda foi condecorado com diversas honrarias por suas realizações na área, entre elas o título de professor emérito pela UnB, em 1995, e de doutor honoris causa pela Universidade Federal de Pernambuco, em 2011. Em 22 de junho de 2014, aos 92 anos, Edson Nery faleceu vítima de complicações causadas por infecções urinária e pulmonar, na sua casa em Olinda.
3 - Manuel Bastos Tigre
Filho de Delfino da Silva e Maria Leontina Bastos Tigre, Manuel Bastos Tigre nasceu no dia 12 de março de 1882, em Recife. O pernambucano foi um homem de muitas habilidades, pois foi engenheiro, bibliotecário, jornalista, poeta, compositor, humorista e publicitário brasileiro.
Estudou no Colégio Diocesano de Olinda, em Pernambuco, onde compôs os primeiros versos e criou o jornal humorístico “O Vigia”. Em 1906, formou-se em Engenharia e para se aperfeiçoar em eletricidade foi estudar nos Estados Unidos. Lá conheceu Melvil Dewey, o bibliotecário que foi fundamental para a transformação de sua carreira profissional. Em 1915, aos 33 anos, decidiu largar a sua primeira faculdade e atuar na biblioteconomia.
Veja abaixo suas principais realizações na área:
• Ele exerceu a profissão de bibliotecário por 40 anos, sendo considerado o primeiro bibliotecário por concurso público no Brasil. Em 1915, prestou concurso para o Museu Nacional e se classificou em primeiro lugar com a pesquisa sobre a Classificação Decimal.
• Trabalhou na Biblioteca Nacional, entre os anos de 1945 a 1947.
• Mais tarde, assumiu a direção da Biblioteca Central da Universidade do Brasil, atual UFRJ, onde trabalhou por 20 anos.
Manuel Bastos Tigre morreu no dia primeiro de agosto, no Rio de Janeiro. Por sua contribuição social e cultural para o país, o dia 12 de março é comemorado o “Dia do Bibliotecário”, data do seu aniversário. A data foi regulamentada com o Decreto nº 84.631, de 12 de abril, de 1980.
4 - Laura Russo
Nascida em 1915 no dia 20 de fevereiro, em São Paulo, Laura Garcia Moreno Russo foi uma bibliotecária brasileira importante no processo de aprovação da legislação da profissão no Brasil.
Formou-se em Biblioteconomia pela Escola Livre de Sociologia e Política, hoje Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, e em Documentação pela mesma instituição, em 1942. Recebeu o título de mestre em Biblioteconomia e Arquivística, na Biblioteca Nacional de Madrid, em 1958. Além disso, realizou cursos de especialização em biblioteconomia nos Estados Unidos na década de 1960.
Suas principais contribuições foram:
• Com o auxílio de Maria Helena Brandão, ela redigiu o documento que se transformou no projeto de lei de regulamentação da profissão de bibliotecário, a atual Lei 4.804/1962.
• Russo foi uma das responsáveis pela fundação da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (FEBAB), em 1959, sendo eleita a primeira presidente. O órgão foi criado a partir de uma proposta apresentada por ela em parceria com Rodolfo Rocha Junior no II Congresso de Biblioteconomia e Documentação em Salvador.
• Em 1961, desenvolveu a primeira versão do Código de Ética Profissional do Bibliotecário, que foi aprovado em 1963 no IV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação.
• Participou da implantação do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), sendo também a primeira presidente entre 1966 e 1968.
• Trabalhou na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na Academia Paulista de Letras e foi diretora da Biblioteca Mário de Andrade.
O Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo (CRB-8) criou em 1998 o Prêmio Laura Russo, em sua homenagem. A proposta dessa honraria é reconhecer as iniciativas culturais e de incentivo ao uso da biblioteca e estímulo à leitura no estado. Ela recebeu ainda títulos honoríficos nos Estados Unidos e na Alemanha pelos seus trabalhos na biblioteconomia no Brasil. Russo faleceu em 30 de abril de 2001, em São Paulo.
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