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Saiba mais sobre a Ayahuasca, a Cannabis e a Psilocibina e porque essas substâncias têm ganhado a atenção de cientistas no Brasil e no mundo (imagem: Canva). Saiba mais sobre a Ayahuasca, a Cannabis e a Psilocibina e porque essas substâncias têm ganhado a atenção de cientistas no Brasil e no mundo (imagem: Canva).
3 psicoativos com potencial uso na Medicina moderna
  • Artigo
  • Ciências Biológicas, Ciências da Saúde
  • 21/07/2023
  • Ayahuasca, Cannabis, DotLib, Farmácia, Medicina, Natural Medicines, Psicoativos, Psilocibina

Ao longo das últimas duas décadas, muito se discutiu sobre como as sociedades devem encarar as substâncias psicoativas e alguns questionamentos ainda permeiam as rodas de conversa. Elas devem ser banidas de vez ou liberadas? Caso sejam liberadas, será com moderação ou para uso livre?

Nesse sentido, a conscientização da população sobre o uso dessas substâncias basta ou também é necessário o rigor das leis? Em qualquer um dos cenários, como as autoridades devem lidar com as consequências do uso abusivo dos psicoativos? Há algum limite ético para o manuseio, desenvolvimento e comercialização de produtos associados ou baseados nessas substâncias?

O tema gera controvérsias não só entre cidadãos comuns e formadores de políticas públicas, mas também entre pesquisadores que, com base em estudos científicos, tentam responder a essas e outras questões igualmente complexas. Seguindo esta tendência, em 2023, o governo brasileiro retornou com o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável que, por sua vez, criou o grupo de trabalho denominado “Política Nacional de Substâncias Psicoativas”.

O conselho reunirá políticos, ativistas, representantes de instituições e especialistas da Medicina e outras ciências para debater as drogas pelos vieses da economia, saúde e segurança públicas. O objetivo é reformular e criar políticas públicas que tornem a legislação brasileira mais clara e objetiva sobre as substâncias psicoativas.

Considerando o contexto, a Dot.Lib preparou este artigo que visa esclarecer sobre o assunto, apresentando brevemente a definição do que é uma substância psicoativo e quais têm potencial para integrar a Medicina moderna. Leia até o fim e confira uma solução que auxilia no entendimento do tema e ajuda profissionais da saúde na aplicação prática da Medicina natural.

O que são os psicoativos

Psicoativos: cientista segurando um comprimido com um rosto feliz desenhado que representa a substância psicoativa

Imagem: Canva.

As substâncias psicoativas são aquelas que afetam o sistema nervoso central e têm a capacidade de alterar a atividade mental, o comportamento, as emoções e a percepção das pessoas. Essas substâncias podem ser encontradas em diversas formas, como drogas ilícitas, medicamentos prescritos, álcool, tabaco e até mesmo algumas plantas.

Existem diferentes classes de substâncias psicoativas, incluindo:

Estimulantes

São substâncias que aumentam a atividade cerebral e podem levar a um aumento da energia, euforia e alerta. Exemplos incluem cocaína, metanfetaminas e cafeína.

Depressores

São substâncias que diminuem a atividade cerebral, causando relaxamento, sedação e diminuição da ansiedade. Exemplos incluem o álcool, benzodiazepínicos e opiáceos.

Alucinógenos

Provocam alterações na percepção, pensamento e sensações, muitas vezes produzindo experiências sensoriais intensas e distorcidas. Exemplos incluem LSD, psilocibina (cogumelos mágicos) e DMT.

Canabinoides

Atuam nos receptores canabinoides do cérebro e podem causar efeitos variados, como relaxamento, alterações de humor e percepção. A maconha é um exemplo conhecido de substância canabinoide.

O uso de substâncias psicoativas pode ser feito por diferentes razões, como recreação, busca de prazer, autoexploração ou, em alguns casos, com finalidades medicinais. No entanto, o uso indevido ou excessivo dessas substâncias pode levar a sérios problemas de saúde física, mental, social e legal. A dependência e o vício são também preocupações significativas associadas ao uso prolongado de algumas dessas substâncias.

A seguir, conheça as três substâncias psicoativas mais promissoras para o uso medicinal.

Ayahuasca

Psicoativos: um copo contendo chá de ayahuasca e rodeado pelas raízes e ervas que compoem a bebida

Imagem: Canva.

A Ayahuasca é uma bebida psicoativa tradicionalmente utilizada por povos indígenas em seus rituais na região amazônica da América do Sul e em demais cerimônias espirituais. Também é conhecida como “vinho da alma”, “Santo Daime” ou apenas “Daime”. A palavra “Ayahuasca” deriva de dois termos indígenas que significam “liana dos espíritos” ou “vinho dos mortos”. Em muitos países, o consumo do chá é objeto de debate legal e regulatório, com algumas nações permitindo o uso cerimonial e religioso, enquanto outras restringem ou proíbem seu uso.

A preparação da Ayahuasca envolve a combinação de duas plantas principais: a Banisteriopsis caapi e a Psychotria viridis ou outras plantas que contenham a dimetiltriptamina, uma substância psicodélica cuja sigla é DMT). A primeira planta contém inibidores da monoamina oxidase (IMAOs), que permitem que o DMT presente na segunda planta seja absorvido pelo organismo quando consumido oralmente, provocando alterações de consciência e percepção.

Quando consumida, a Ayahuasca pode induzir visões vívidas, introspecção profunda e experiências espirituais intensas. De acordo com relatos de pessoas que já a experimentaram, a bebida proporciona sensações de terem insights sobre si mesmos, de conexões com a natureza e de comunhão com o que entendem por divino ou transcendental.

Nos últimos anos, a Ayahuasca tem atraído interesse de pessoas em todo o mundo, incluindo pesquisadores e terapeutas, que estudam seus potenciais efeitos terapêuticos no tratamento de problemas de saúde mental, como a depressão e o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Dentre as várias pesquisas sobre o potencial medicinal do chá que estão em andamento no Brasil, vale citar a da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto.

Segundo notícia da Agência Brasil, os pesquisadores buscam entender como a Ayahuasca pode ajudar no tratamento de transtornos mentais associados ao câncer, bem como no alcoolismo e nos casos de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Outra linha investigativa deste estudo — cujas conclusões preliminares devem sair dentro de 3 anos — vai comparar os efeitos da bebida com uma dose da cetamina. Isso porque a segunda substância, que já é usada no tratamento de TEPT, tem entre seus efeitos adversos o risco de indução a um estado psicodélico.

Apesar das descobertas promissoras, é importante destacar que o uso da Ayahuasca também pode ser associado a riscos e efeitos adversos, especialmente quando combinado com certos medicamentos ou em contextos inadequados.

Cannabis

Psicoativos: ilustração da fórmula química da cannabis com as folhas da erva de fundo

Imagem: iStock.

Mais conhecida como maconha ou marijuana, a Cannabis é uma planta que tem sido utilizada há milhares de anos para diversos fins, desde medicinais e recreativos até usos industriais. Ela contém compostos químicos conhecidos como canabinoides, dos quais os mais conhecidos são o delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD).

O THC é responsável pelos efeitos psicoativos da Cannabis, que podem causar sensações de euforia, relaxamento e alterações na percepção. Por outro lado, o CBD não produz esses efeitos e é mais conhecido por suas propriedades terapêuticas, como analgesia, redução da ansiedade e propriedades anti-inflamatórias.

A história do uso da planta é vasta, com evidências de seu consumo por várias culturas ao redor do mundo ao longo do tempo. Contudo, ao longo do século XX, ela foi proibida em muitos países devido a preocupações com o abuso de drogas e questões sociais.

Nas últimas décadas, houve um movimento crescente para a legalização ou descriminalização da Cannabis em muitos lugares, principalmente com foco em seu uso medicinal. Isso se deve ao reconhecimento crescente de seus benefícios terapêuticos em condições como epilepsia refratária, dores crônicas, náuseas relacionadas à quimioterapia, entre outras.

De acordo com os estudos mais recentes e com as novas diretrizes clínicas sobre o uso de canabinóides no tratamento da dor crônica, por exemplo, é recomendado fortemente que seu uso seja isolado ou como complementar, incluindo casos de dor neuropática central e periférica. As formulações predominantes de delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) parecem ser mais eficazes do que o canabidiol, embora os estudos incluíssem uma variedade de canabinoides e formulações.

Quanto às questões de segurança, o THC está associado a mais eventos adversos do que o CBD. No entanto, esses eventos adversos são menos graves do que os associados aos analgésicos padrão, como os opioides. As diretrizes recomendam a introdução lenta de canabinoides em pacientes que não estão respondendo bem aos opióides ou que estão tomando altas doses.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a importação da Cannabis in natura e partes da planta. De acordo com a Nota Técnica 35/2023, a justificativa é de que há “alto grau de risco de desvio para fins ilícitos”. No entanto, os demais produtos derivados do canabidiol continuam autorizados para fins medicinais.

É essencial destacar que o uso de cannabis, especialmente quando utilizado para fins recreativos, pode ter efeitos negativos na saúde mental e física, especialmente quando consumida em excesso ou por pessoas mais jovens. Portanto, a discussão sobre a cannabis é complexa e continua evoluindo à medida que a ciência, a sociedade e a política lidam com os desafios associados a essa planta.

Psilocibina

Psicoativos: ilustração da fórmula química da psilocibina com os cogumelos de fundo

Imagem: Canva.

A Psilocibina é um composto psicodélico encontrado em diversos tipos de cogumelos alucinógenos, conhecidos como “cogumelos mágicos”. Esses cogumelos são utilizados há séculos por diferentes culturas em rituais religiosos/espirituais e práticas xamânicas.

Quando ingerida, a Psilocibina é convertida em Psilocina no organismo, que é o composto responsável pelos efeitos psicodélicos. A substância interage com os receptores de serotonina no cérebro, especialmente com os subtipos 5-HT2A, causando alterações na percepção, pensamento, emoções e demais partes da consciência.

Os efeitos desse tipo de cogumelo variam de pessoa para pessoa, mas comumente incluem alterações visuais, distorções da realidade, experiências místicas, conexões emocionais profundas, introspecção intensa e, em alguns casos, sensações de unidade com o universo ou com uma entidade superior.

A Psilocibina tem atraído crescente interesse na pesquisa científica e terapêutica, devido ao seu potencial no tratamento de transtornos de saúde mental, como a depressão resistente ao tratamento e o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Estudos sugerem que a substância pode ter efeitos positivos no bem-estar psicológico, auxiliando no enfrentamento de traumas e na redução da ansiedade.

Em 2022, os cientistas do Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais do Nordeste (Certbio) e da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) realizaram um estudo pioneiro com o princípio ativo dos “cogumelos mágicos”. De acordo com uma matéria do Viva Bem UOL sobre a pesquisa, o objetivo é o de abrir portas para o desenvolvimento de produtos derivados da Psilocibina que sejam indicados para o tratamento de depressão, ansiedade, dependência química, traumas, entre outros.

No entanto, é importante lembrar que a Psilocibina não é isenta de riscos e seu uso pode levar a reações negativas ou perturbadoras. Além disso, seu uso é proibido em muitos países e pode ser ilegal possuir ou distribuir cogumelos contendo o princípio ativo.

Sobre a Natural Medicines

Psicoativos: logo da TRC Natural Medicines

Imagem: TRC Healthcare / Natural Medicines / Dot.Lib.

A TRC Healthcare oferece soluções de aprendizagem e educação baseadas em evidência para capacitar os profissionais de saúde a ajudar as organizações a reduzir erros de medicação e melhorar o atendimento ao paciente. Uma destas soluções é a Natural Medicines, um banco de dados baseado em evidências que traz informações sobre medicamentos naturais e terapias alternativas.

Diferente de outras bases que disponibilizam informações limitadas e em menor número sobre medicina alternativa, a Natural Medicines é atualizada diariamente e oferece ferramentas que auxiliam a tomada de decisões e o aprimoramento do cuidado com o paciente. Entre elas: a maior base de dados de produtos comerciais em Medicina natural dos Estados Unidos, com mais de 185.000 registros; verificador de efeitos adversos; verificador de depleção de nutrientes, e cursos focados na educação continuada de médicos, farmacêuticos, terapeutas e demais profissionais da saúde.

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