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Conheça os temas dos trabalhos finalistas do desafio realizado por uma das maiores e mais respeitadas associações médicas do mundo (Fonte: American Medical Association). Conheça os temas dos trabalhos finalistas do desafio realizado por uma das maiores e mais respeitadas associações médicas do mundo (Fonte: American Medical Association).
AMA Research Challenge 2021: confira os trabalhos finalistas
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  • 03/12/2021
  • AMA Research Challenge, Medicina, DotLib, AMA, Pesquisas

Realizado anualmente pela American Medical Association (AMA) — associação responsável pelo periódico JAMA — o evento AMA Research Challenge premia as melhores pesquisas médicas. Na edição de 2021, a organização recebeu mais de 780 submissões, entre as quais 5 foram escolhidas para concorrer à final, que será realizada no dia 8 de dezembro.

Estudantes de Medicina, graduados, residentes e bolsistas de todo o mundo podem submeter seus trabalhos e, em 2021, o mais bem avaliado pelo júri ganhará 10 mil dólares como um incentivo para a continuidade das pesquisas. Você que é médico ou estudante de Medicina e quer participar do desafio na edição de 2022, siga a Dot.Lib nas redes sociais para ficar por dentro.

A seguir, confira os trabalhos que concorrem à final.

Micróbios, infecções e algoritmos, por Marielisa Cabrera-Sánchez (Porto Rico)

Estudante do segundo ano da Escola de Medicina de Porto Rico, Marielisa Cabrera-Sánchez concorre a final do AMA Research Challenge com a pesquisa “Adaptação genômica de Moraxella catarrhalis durante a persistência nas vias aéreas de pacientes com DPOC”.

O trabalho tem o objetivo de compreender o comportamento de micróbios e doenças infecciosas por meio de um programa com algoritmos que permitissem a avaliação à distância no contexto da COVID-19. Em entrevista para o periódico, Sánchez disse que o evento foi uma oportunidade de aprendizado multidisciplinar e falou sobre a importância da tecnologia na viabilização da sua pesquisa.

“Acho que aprendemos ao longo da pandemia de COVID-19 que a bioinformática e a ciência da computação desempenharam e continuarão a desempenhar um papel importante no avanço das ciências e no campo médico. Então, eu acho que essa é uma porta que estará continuamente aberta para os estudantes de medicina”, disse a futura médica.

Cigarros eletrônicos e doenças pulmonares, por Naga Ganti (Índia)

A pesquisa “Epidemiologia e prevalência de doenças pulmonares entre usuários de cigarros eletrônicos nos EUA: um estudo nacional”, realizada pela graduada em Medicina Internacional e candidata à residência médica no hospital Keystone Health (Estados Unidos) Naga Ganti, é uma das cinco finalistas do AMA Research Challenge 2021.

Estudos científicos sobre cigarros eletrônicos e seus efeitos no sistema respiratório foram vitoriosos em outras edições do desafio. Mas este trabalho parte de premissas promissoras: um artigo publicado no New England Journal of Medicine (NEJM) sugere que os cigarros eletrônicos foram mais eficazes para a cessar o tabagismo do que a terapia de reposição de nicotina em um contexto de terapia comportamental. Outro artigo, publicado no JAMA, afirma que indivíduos que mudaram do tabagismo tradicional para os cigarros eletrônicos eram mais propensos a ter uma recaída.

Em decisão recente, a agência reguladora de alimentos e medicamentos (FDA, na sigla inglesa) e o Centro de Controle de Doenças (CDC) autorizaram a comercialização do primeiro conjunto de Sistemas Eletrônicos de Entrega de Nicotina nos Estados Unidos. Todos esses dados e fatos fizeram os cigarros eletrônicos voltarem aos assuntos mais comentados na área da saúde e tornaram o trabalho de Ganti mais que necessário.

A futura clínica-geral e sua equipe avaliaram dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição do CDC entre os anos de 2015 e 2018. Assim, eles traçaram um perfil dos usuários de cigarros eletrônicos: geralmente são jovens na faixa dos 25 anos; em mulheres e nos mexicanos-americanos, a prevalência do tabagismo eletrônico foi maior em comparação com o tabagismo tradicional.

A equipe também descobriu os tipos e prevalência de doenças pulmonares entre esses fumantes: a chance de desenvolver doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC) com o tabagismo tradicional é de 7,05 em comparação com o cigarro eletrônico, que é de 11,28. A asma, por exemplo, foi maior em usuários de cigarros eletrônicos (1,47) em comparação com fumantes tradicionais (1,27).

“Essas descobertas nos ajudarão a planejar mais estudos de observação prospectivos para avaliar os efeitos de longo prazo dos cigarros eletrônicos na saúde, especialmente na população de alto risco como mulheres, mexicanos-americanos e população de asma infantil pré-existente”, afirma a finalista Priya, que pretende dar continuidade ao trabalho expandindo seu escopo de pesquisa.

Vivências acadêmicas em diferentes níveis socioeconômicos, por Anastasia Piersa (Estados Unidos)

Como as experiências da Faculdade de Medicina diferem entre alunos com experiências de nível socioeconômico baixo e superior? Esta é a pergunta central da pesquisa que a residente em anestesiologia do Mass General Hospital (EUA), doutora Anastasia Piersa, pretende responder.

Piersa entende que é fundamental que os profissionais da saúde tenham perfis socioeconômicos diversificados, o que tornaria o atendimento médico mais empático e acessível à população cada vez mais diversa dos Estados Unidos. No entanto, há poucos estudos sobre como os diferentes níveis socioeconômicos dos estudantes de Medicina podem influenciar na formação do futuro médico, desde a acessibilidade ao curso de Medicina até a sua formação e/ou especialização e atendimento.

O trabalho surgiu da sensação de estranhamento e não-pertencimento da autora e de seus colegas de baixo nível social e econômico ao ingressarem no curso de Medicina. A partir disso, ela tenta compreender as lacunas na diversidade socioeconômica entre os estudantes de Medicina, incluindo definições e sinalizadores de aplicação em vigor pelas instituições, e como isso determinará as experiências acadêmicas, o desenvolvimento profissional e a forma de atendimento desses médicos.

Para isso, Anastasia e sua equipe avaliaram o perfil do corpo discente de 14 instituições acadêmicas de Medicina por meio de instrumentos de pesquisa cuja contribuição de estudantes de diferentes origens foi fundamental para desenvolver um questionário com perguntas objetivas e centradas nos impactos sociais e econômicos. As respostas foram ajustadas por fatores demográficos e indicadores de status socioeconômico.

Eis algumas descobertas proporcionadas pelo estudo: alunos de baixo nível socioeconômico eram menos propensos a se sentirem conectados à sua comunidade, e se sentiam menos confortáveis ​​compartilhando suas experiências com seus colegas. Eles também eram mais propensos a sofrer burnout e pontuaram mais alto nas escalas de solidão, se comparados aos alunos de níveis mais altos.

Anastasia vê na conscientização e no investimento financeiro algumas saídas para melhorar o acesso das pessoas de níveis socioeconômicos mais baixos aos cursos de Medicina. “Fornecer apoio financeiro não só para hospedagem e alimentação, mas também para experiências educacionais, para algumas das experiências sociais que ajudem a lidar um pouco com o aspecto da solidão e da falta de conexão. Acredito que seria importante aumentar a conscientização sobre a condição socioeconômica como um aspecto da diversidade, criando grupos de alunos, organizando eventos voltados para isso”.

Prevenção e tratamento de traumas na infância, por Priya Shah

No quarto ano do curso de Medicina pela Harvard Medical School (Estados Unidos), Priya Shah pretende se especializar em Pediatria. Dessa forma, a jovem concorre às finais do desafio com o trabalho “Cuidados Informados sobre Trauma em Pediatria: Um Módulo Interativo para Alunos de Escritórios”.

Nesta pesquisa, Priya criou uma metodologia de atendimento denominada “tratamento informado sobre o trauma” para instruir profissionais da saúde — em especial os médicos pediatras — a identificar comportamentos que remetem às experiências traumáticas durante a infância.

A premissa para a pesquisa está pautada em estudos que demonstram que muitas crianças não têm acesso aos tratamentos de saúde comportamental adequados, o que pode atrapalhar tanto seu desenvolvimento quanto a futura vida adulta.

A estudante explicou que o método combina técnicas e conceitos multidisciplinares com o objetivo de educar os pediatras, entre os quais estão: debates sobre a multiplicidade das manifestações do trauma a fim de evitar erros de diagnóstico; diagrama de Venn para ilustrar como o trauma pode surgir em crianças, revisão das medidas de cuidados delegadas aos pais, responsáveis legais ou profissionais; dramatização e estudo do caso; uso de dados de estudos anteriores acerca do tema, entre outros.

Sobre a importância de seu trabalho, Priya afirmou: “acho que este estudo realmente mostrou como as experiências da infância impactam tudo no futuro, tudo, desde lesões à saúde mental aos comportamentos de risco, doenças crônicas... Então eu acho que aprender sobre isso como pediatra é um assunto muito importante para ser capaz de intervir em um momento crítico na vida das crianças, no qual essa intervenção pode fazer a diferença no desenvolvimento a longo prazo”.

Medicina humanizada e as questões étnicas/raciais entre médicos e pacientes, por Arman Shahriar (Estados Unidos)

Assim como a pesquisa da Doutora Anastasia Piersa (citado acima), o trabalho do estudante do quarto ano de Medicina pela University of Minnesota Medical School, Arman Shahriar, é voltado para as questões socioeconômicas dos ingressantes na área médica.

“Diversidade Socioeconômica de Estudantes de Medicina dos EUA por Raça e Etnia de 2017 a 2019”, como o próprio nome sugere, descreve a diversidade socioeconômica do corpo estudantil de Medicina alopática em geral por quatro principais grupos raciais/étnicos, sendo esses: brancos não hispânicos, negros não hispânicos, hispânicos e asiáticos.

De acordo com Arman, há evidências consistentes de que os indivíduos têm melhor desempenho enquanto pacientes quando eles e seus médicos têm aspectos ou experiências de vida semelhantes. No entanto, a pesquisa apontou um abismo entre as etnias/raças dos médicos alopatas que ingressam ou conseguem se formar nos cursos de Medicina.

Para detalhar o perfil desses profissionais, o autor usou os dados disponíveis sobre a renda dos estudantes de Medicina declarada nas matrículas universitárias e dados disponíveis sobre a renda familiar dos Estados Unidos. Em seguida, esses dados foram comparados os entrevistados foram estratificados por raça e etnia, entre as citadas anteriormente.

Quando questionado sobre a importância de sua pesquisa, Shahriar respondeu que, por meio deste trabalho, que estimular a conversa sobre o tema e trabalhar em planos de ação para começar a abordar o problema de forma mais consistente.

“Há poucos planos de ação quando se trata de diversidade socioeconômica. Acho que parte da razão para isso é que as soluções são provavelmente muito mais complexas. E, na minha opinião, as soluções para esse problema virão de parcerias com escolas e comunidades de baixa renda e esforços realmente intencionais por parte das escolas de medicina e de sistemas de saúde que fazem parceria com essas escolas”, afirma o único finalista masculino do AMA Research Challenge.

*Para saber como participar do desafio na edição de 2022, siga a Dot.Lib nas nossas redes sociais.

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