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Resistência antimicrobiana: qual é o impacto no mundo?
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  • Dotlib, Saúde Pública
  • 29/11/2019
  • NEJM, resistência antimicrobiana

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a resistência antimicrobiana (RAM) está entre as dez maiores ameaças à saúde pública mundial. De acordo com o relatório da Coalizão Internacional de Autoridades Reguladoras de Medicamentos (ICMRA), estima-se que até 2050 a ineficiência dos antibióticos pode ser responsável pela morte de 10 milhões de pessoas. Além de um prejuízo econômico de 100 trilhões de dólares.

Mas o que é a resistência antimicrobiana?

Segundo a OMS, o uso indiscriminado de antibióticos faz com que as bactérias se alterem, tornando-se resistentes aos medicamentos. Dessa forma, comprometendo desde tratamentos de infecções simples até procedimentos cirúrgicos para salvar vidas. Como resultado, os tratamentos padronizados tornam-se ineficazes, as infecções persistem e podem se espalhar para outras pessoas. A OMS estima ainda que pelo menos 700 mil pessoas morram por ano devido a doenças resistentes a medicamentos antimicrobianos.

Para entender melhor sobre o assunto e a importância da Semana Mundial de Conscientização sobre Antimicrobianos (18 a 24 de novembro), assista o vídeo abaixo com a explicação da Especialista de Regulação, Mara Rúbia:

A RAM é uma ameaça à saúde pública global, mas afeta também a prosperidade econômica e segurança mundial. A ICMA, formada por 29 autoridades reguladoras de medicamentos, entre elas a ANVISA e a OMS, reconhece a necessidade de uma abordagem On Health. Ou seja, a visão é planejar e implementar programas, políticas e legislação com integração de todos os setores para alcançar melhores resultados em saúde pública.

Os objetivos para o combate ao RAM relatados na declaração do ICMA são:

• Minimizar o surgimento e a expansão de RAM;
• Continuar os avanços na vigilância antimicrobiana, prevenção e controle de infecções e gerenciamento;
• Priorizar o desenvolvimento de medicamentos novos e outros produtos terapêuticos inovadores que auxiliarão no combate à RAM, incluindo de diagnóstico e alternativas aos antimicrobianos;
• Garantir o acesso equitativo aos antimicrobianos em todo o mundo; e
• Minimizar a liberação de substâncias com propriedades antimicrobianas no meio ambiente. 

Atualmente, no Brasil o monitoramento da resistência microbiana é feito em 2.200 hospitais com leitos de UTI. Periodicamente são divulgados boletins nacionais com dados sobre o assunto através da Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS) e da Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde (GGTES).

O médico Dráuzio Varela fala também sobre como enfrentar essa resistência microbiana, pois estima-se que 50% dos antibióticos sejam usados de maneira inadequada. Assista o vídeo abaixo: 

Semana Mundial de Conscientização sobre Antimicrobianos

Em 2019, a Semana de Mundial de Conscientização sobre Antimicrobianos aconteceu entre os dias 18 e 24 de novembro, com o slogan “O futuro dos antibióticos depende de todos nós”. A proposta da campanha é potencializar as ações individuais dos membros da ICMRA para informar a população sobre a resistência antimicrobiana, a fim de evitar complicações de saúde e mortes.  

O alerta é para que ocorra uma conscientização conjunta, entre autoridades públicas, profissionais de saúde, pacientes sobre a indústria farmacêutica e o uso de antibióticos. Entende-se a importância de preservar os antimicrobianos disponíveis, reduzindo o uso e forma excessiva e incorreta, pois isso promove a resistência. Há a necessidade também de novas terapias e tecnologias inovadoras para ajudar a evitar, diagnosticar e tratar infecções.

O uso prudente dos antibióticos

Stuart B. Levy foi pesquisador, professor de biologia e microbiologia, médico e conhecido como pioneiro na conscientização sobre o uso prudente dos antibióticos. Em 1971, tornou-se professor Biologia Molecular e Microbiologia e de Medicina e Diretor do Centro de Adaptação Genética e Resistência a Medicamentos da Tufts University School of Medicine, em Boston, onde atuou nas pesquisas durante 47 anos até a sua aposentadoria em 2018. Em 4 setembro de 2019, morreu aos 80 anos.

As pesquisas de Levy sobre o uso consciente aos antibióticos vem de longa data. Em 1976, publicou junto com sua equipe, no New England Journal of Medicine, o artigo “Spread of antibiotic-resistant plasmids from chicken to chicken and from chicken to man” sobre o uso de antibióticos. Neste relatório, revelou que as galinhas criadas comendo rações contendo pequenas doses de antibióticos desenvolveram bactérias intestinais resistentes aos antibióticos. Além disso, essas bactérias poderiam ser transferidas para os trabalhadores agrícolas.

Em 1981, Levy criou a Aliança pelo Uso Prudente de Antibióticos (APUA), com o objetivo de fortalecer as defesas globais contra doenças infecciosas, garantindo acesso a um tratamento eficaz, assim como, o uso adequado de antibiótico para combater a resistência aos medicamentos. Em  fevereiro de 2019, a APUA se fundiu com a Sociedade Internacional de Quimioterapia Antimicrobiana.

No periódico The BMJ está disponível o artigo “Stuart B Levy: antibiotic resistance researcher and advocate for “prudent use” of antibiotics”, sobre a história de Stuart Levy e as suas ações de combate a resistência antimicrobiana.

 

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