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Conheça os fármacos que prometem revolucionar o tratamento desta doença complexa por meio da precisão (imagem: iStock). Conheça os fármacos que prometem revolucionar o tratamento desta doença complexa por meio da precisão (imagem: iStock).
Outubro Rosa: anticorpos monoclonais contra o câncer de mama
  • Artigo
  • Ciências da Saúde
  • 14/10/2022
  • Anticorpos monoclonais, Câncer, Câncer de mama, DotLib, NEJM, Novo Tratamento, Outubro Rosa

Ainda que outubro seja o mês dedicado à prevenção e tratamento do câncer de mama, os cuidados devem ser constantes, especialmente entre as mulheres, que são as mais acometidas pela doença tanto no Brasil, quanto no mundo. Para se ter uma ideia, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, em 2021, surgiram 66.280 casos novos de câncer de mama; em 2020, as regiões sul e sudeste tiveram os maiores índices de mortalidade por neoplasia maligna da mama com 12,64 e 12,79 óbitos/100.000 mulheres, respectivamente.

Por ter diversos fatores de risco que variam de um paciente para outro — como estilo de vida, ambiente, propensão genética e histórico familiar, entre outros — a medicina de precisão tem sido determinante para o tratamento desta doença tão complexa. Dessa forma, os pesquisadores têm se dedicado a desenvolver terapias-alvo, ou seja, que tenham ação especificamente em células cancerígenas e poupem as células normais.

Anticorpos monoclonais

Simulação 3D de um anticorpo monoclonal

Simulação 3D de um anticorpo monoclonal (imagem: Canva).

Algumas dessas terapias incluem os chamados anticorpos monoclonais, que basicamente funcionam como moduladores do sistema imunológico para combater não somente o câncer de mama, como outros tipos de câncer (inclusive leucemias e linfomas), doenças autoimunes e até mesmo a COVID-19.

Por definição, os anticorpos são moléculas de defesa do organismo produzidas pelos plasmócitos que, por sua vez, derivam da diferenciação dos linfócitos B. Essas glicoproteínas atuam contra antígenos (corpos estranhos) específicos. A palavra monoclonal significa que esses anticorpos são clonados em laboratório a partir de um único linfócito B e, dessa forma, agem de forma idêntica contra um mesmo antígeno.

A seguir, confira os tipos de anticorpos monoclonais existentes:

Recombinantes: são os mais comuns e seu desenvolvimento se dá por meio de engenharia genética. Eles atuam contra uma proteína específica presente no antígeno e induzem o sistema imunológico a destruir células tumorais, detendo seu avanço e impedindo uma metástase.

Imunoterápicos: este tipo de anticorpo monoclonal não age diretamente contra o câncer, mas estimula o sistema imunológico a ser mais potente contra a doença.

Conjugados: estes transportam de doses de quimioterápicos ou radiofármacos até células específicas para destruí-las. Também são conhecidos por reduzirem os efeitos adversos dos tratamentos quimioterápicos clássicos uma vez que agem diretamente no tumor.

Novos tratamentos

A seguir, confira dois novos tratamentos contra o câncer de mama a base de anticorpos monoclonais que prometem revolucionar o combate à doença e se mostraram bem-sucedidos em testes clínicos:

Trastuzumabe deruxtecano (T-DXd)

Exemplar do medicamento trastuzumabe deruxtecano

Exemplar do medicamento trastuzumabe deruxtecano (imagem: Canva / Dot.Lib).

Destinado às pessoas com câncer de mama metastático, o trastuzumabe deruxtecano (T-DXd) é um anticorpo monoclonal conjugado com uma molécula de quimioterapia. Seu alvo é o receptor HER2 em pacientes com níveis baixos dessa proteína, que em níveis normais é responsável pelo crescimento e desenvolvimento de diversas células epiteliais. O estudo sobre o medicamento foi destaque no ASCO 2022, realizado anualmente pela American Society of Clinical Oncology e um dos mais importantes eventos de Oncologia.

A pesquisa de fase 3 intitulada Destiny-Breast04 testou a terapia em 557 voluntários, dos quais 494 apresentavam doença com receptor hormonal positivo (HER2 +1 ou HER2 +2) e 63 tinham a doença com receptor hormonal negativo (HER2-Low). Os resultados mostraram que a taxa de resposta em pacientes que receberam o T-DXd foi 52,3%, enquanto no grupo dos que receberam a quimioterapia foi de 16,3%.

A nova terapia também se mostrou mais segura que a tradicional, com taxa de eventos adversos de 52,6% contra 67,4% para a quimioterapia à escolha do médico; no grupo experimental, os eventos mais comuns foram náuseas, fadiga e alopecia. Além disso, a sobrevida global média foi 23,9 meses para o grupo do T-DXd e de 17,5 meses para o grupo da quimioterapia.

Pembrolizumabe

Exemplar do medicamento pembrolizumabe

Exemplar do medicamento pembrolizumabe (imagem: Canva / Dot.Lib).

Aprovado em maio deste ano pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o pembrolizumabe combinado com quimioterapia mostrou grande potencial para o tratamento de câncer de mama triplo-negativo localizado e de alto risco. O anticorpo monoclonal humanizado age no sistema imunológico, aumentando sua capacidade de combate às células tumorais.

Um primeiro estudo de fase 3, denominado Keynote-522, avaliou os efeitos do pembrolizumabe em 1.174 pacientes com carcinoma invasivo de mama triplo negativo precoce. De modo aleatório, 784 foram designados para o grupo de quimioterapia (paclitaxel e carboplatina) com o anticorpo monoclonal e 390 para o grupo de quimioterapia com placebo.

Após acompanhamento de cerca de três anos, os resultados mostraram que a taxa de sobrevida livre de eventos foi de 84,5% no grupo de teste contra 76,8% do grupo-placebo. Além disso, a taxa de resposta completa foi de 63% no controle de e 56% no placebo, com benefícios consistentes entre os subgrupos analisados, incluindo os estratificados de acordo com a expressão do biomarcador PDL-1.

Já o segundo estudo, de nome Keynote-355, contou com 847 voluntários com a versão metastática do mesmo carcinoma com uma pontuação positiva combinada de PD-L1 (PPC). Destes, 566 foram designados para o grupo de quimioterapia com o pembrolizumabe e 281 para o grupo de quimioterapia com placebo. Os resultados: na população com PPC ≥ 10, o grupo de teste teve 23 meses de sobrevida global mediana contra 16,1 meses do grupo controle.

Já entre os pacientes da população com PPC ≥ 1, a sobrevida global mediana foi de 17,6 meses no grupo teste e de 16,0 meses no grupo controle. Na população com PPC < 1, a sobrevida global média foi de 16,2 contra 14,7 meses. Por fim, na população com intenção de tratar, a sobrevida global mediana foi de 17,2 meses no grupo de teste contra 15,5 meses no grupo controle.

Sobre o NEJM Group

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Imagem: NEJM Group / Dot.Lib.

Os estudos citados neste artigo foram publicados no New England Journal of Medicine (NEJM), um dos mais renomados periódicos de saúde do mundo e com o maior fator de impacto entre os de sua especialidade. O journal faz parte do NEJM Group, uma divisão da Sociedade Médica de Massachusetts que fornece as informações que os profissionais de cuidados com a saúde necessitam para ampliar seu conhecimento e aprimorar o cuidado com o paciente.

Além dos artigos de revisão, relatórios de casos e orientações das linhas de frente do atendimento clínico, o NEJM Group tem em seu portfólio três recursos indispensáveis para docentes, estudantes e profissionais da saúde que primam pela atualização profissional: o NEJM Journal Watch, o NEJM Knowledge+ e o NEJM Resident 360 (veja o vídeo baixo).

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