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Os pioneiros da ciência no Brasil
  • Artigo
  • Dotlib, Ciências Humanas
  • 08/07/2020
  • pioneiros da ciência no Brasil, José Bonifácio, Bartolomeu Gusmão, D. Pedro II, Roberto Landell
"Existem muitas hipóteses em ciência que estão erradas. Isso é perfeitamente aceitável, eles são a abertura para achar as que estão certas" 

Carl Sagan


A palavra “ciência” tem origem do latim “scientia” e pode ser traduzido como “conhecimento” ou “saber”. Ou seja, a ciência pode ser definida como todo conhecimento adquirido por meio de estudo, pesquisa ou prática baseada em métodos científicos, produzidos por pesquisadores.

De acordo com o Índice Global de Inovação (IGI) de 2019, entre os 129 países analisados, o Brasil ocupa a 66ª posição como mais inovador. A publicação apresenta ainda que os brasileiros se destacaram em pesquisas e desenvolvimento (P&D), tecnologia de informação e comunicação (TIC). Além da qualidade das publicações científicas e universidades.

Por isso, a ciência e o conhecimento desenvolvido através dela têm um papel fundamental para o progresso de uma nação. A partir das pesquisas científicas, novas técnicas e instrumentos são criados, o que pode otimizar as atividades do dia a dia e auxiliar profissionais de diversas áreas de conhecimento.

Logo, a produção de um “novo saber”, insere os cientistas e pesquisadores como elementos essenciais nesse processo. No Brasil, há grandes nomes que contribuem para  o desenvolvimento científico nacional. Porém, é importante lembrar dos precursores, aqueles que começaram a contar a história da ciência no país.

Então, vamos viajar no tempo e conhecer os personagens que foram fundamentais e abriram as portas para mostrar a importância da ciência para sociedade. Neste post, você vai descobrir o perfil de 4 brasileiros e as suas contribuições que marcaram o cenário científico no país e no mundo.

1 - Bartolomeu Lourenço de Gusmão, “o padre voador”

O inventor Bartolomeu Lourenço de Gusmão. (Fonte: Reprodução Internet)

Bartolomeu de Gusmão foi sacerdote jesuíta, cientista e inventor brasileiro. Nasceu na Vila de  Santos, São Paulo, no dia 18 de dezembro de 1685, em uma época que o Brasil era uma das maiores colônias portuguesas e a economia era baseada no comércio e na agricultura de subsistência. Ficou conhecido como “o padre voador”, por ter inventado o primeiro aeróstato operacional — o conhecido balão.

Ele  iniciou os seus estudos na Capitania de São Vicente, no Colégio de São Miguel, fundado em 1653, a única instituição educacional da região. Depois ingressou no Seminário de Belém, em Cachoeira, onde iniciou a sua trajetória como inventor. Sua primeira invenção foi nesta instituição, quando planejou e construiu um mecanismo para levar a água do brejo através de um cano longo. A instituição ficava situada sobre um monte de 100 metros de altura e a água para chegar até lá tinha que ser transportada em vasos a partir de brejo subjacente.

Mas o seu grande feito estava por vir. Conhecido como o primeiro inventor e cientista brasileiro, Bartolomeu Gusmão, marcou a ciência com a criação do balão a ar quente. Em agosto de 1709, na sala dos embaixadores da Índia, diante de D. João V, da Rainha, membros do corpo diplomático e autoridades eclesiásticas, ele fez elevar a 4,60 metros de altura um pequeno balão de papel pardo grosso, cheio de ar quente, o que impressionou bastante o rei e seus convidados. Assim, este era o primeiro balão aeróstato construído no mundo. 

Por ser um jovem estudioso, conhecia os trabalhos de Descartes, Leibniz, Newton, Bernoulli e outros. Assim, conseguiu desenvolver estudos em diversas áreas do conhecimento como: Matemática, Física, Filologia, Química e Astronomia. Ele inventou também máquinas e equipamentos, como um moinho mais veloz que os existentes na época, um sistema de lentes para assar carne ao sol, inspirado nos ensinamentos de Arquimedes.

Apesar de suas contribuições inovadoras para a época, sofreu com perseguições pela Inquisição e zombarias. O “padre voador” viveu apenas 39 anos e faleceu em Toledo, na Espanha, no dia 18 de novembro de 1724. Morreu indigente e com nome falso, sendo enterrado na Igreja de São Romão. 

2 - José Bonifácio de Andrada e Silva

O patriarca da Independência do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva. (Fonte: Reprodução Internet)

Conhecido pelos brasileiros por sua trajetória na política, que iniciou quando tinha 57 anos, José Bonifácio de Andrada e Silva foi também um grande incentivador da ciência brasileira. A sua carreira científica e as suas contribuições nos campos da Química e da Mineralogia eram reconhecidas e admiradas, principalmente, pelos pesquisadores europeus. Porém, desconhecida pela maioria dos seus compatriotas.

Membro de uma das famílias mais ricas da cidade, José Bonifácio, nasceu em 13 de julho de 1763, no litoral de Santos. Aos 14 anos, iniciou seus estudos em Humanidades, no Colégio dos Padres em São Paulo, onde estudou gramática, retórica e filosofia. Posteriormente seguiu para o Rio de Janeiro e, em 1783, deu continuidade aos seus estudos em Portugal, onde ingressou na Universidade de Coimbra. Em 16 de junho de 1787, concluiu o curso de Filosofia Natural e, no ano seguinte, o de Leis. 

Na sua trajetória política, de janeiro de 1822 a julho de 1823, foi ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros, tutor de D. Pedro II durante o período de regência. Após a proclamação da  Independência, ele comandou uma política centralizadora e organizou a ação militar contra os focos de resistência à separação de Portugal.

Apesar da sua atuação mais marcante na política, Bonifácio se destacou como naturalista, no campo da mineralogia e teve reconhecimento ainda em vida. Ele descobriu também quatro minerais, incluindo a petalita, que permitiria mais tarde a descoberta do lítio, e a andradita.

Ele é considerado o fundador da Marinha brasileira e foi o primeiro a propor um projeto de Universidade no Brasil. Além disso, é patrono no campo da Geologia e da Mineralogia no Brasil. 

3 - Roberto Landell de Moura

O padre Roberto Landell de Moura, considerado o pioneiro das Telecomunicações. (Fonte: Reprodução Internet)

Dividido entre a fé e a ciência, o padre Roberto Landell de Moura é considerado um dos grandes cientistas brasileiros que marcaram a época com a sua invenção tecnológica no campo das telecomunicações. Nascido em 21 de janeiro de 1861, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, desde jovem teve interesse pelos estudos sobre tecnologia na transmissão de sons e sinais telegráficos sem fio, utilizando ondas de rádio e luz.

Aos 18 anos, saiu do Rio Grande do Sul e foi estudar Física no Rio de Janeiro. Em seguida, foi para o Seminário em Roma, onde foi ordenado padre, em 1886. Na Universidade Gregoriana desenvolveu as primeiras teorias sobre “Unidade das forças e a harmonia do Universo”.

Landell de Moura ficou conhecido por ser pioneiro na ciência da telecomunicação, pois desenvolveu uma série de pesquisas e experimentos que o colocaram como um dos primeiros a conseguir a transmissão de som e sinais telegráficos sem fio através de ondas eletromagnéticas, o que daria origem ao telefone e ao rádio. Em 1901, conquistou a primeira patente de um aparelo destinado à transmissão fonética à distância, com fio ou sem fio, através do espaço, terra e elemento aquoso.  

Ele faleceu em 30 de junho de 1928, porém teve grande contribuição para ciência e um papel importante para o desenvolvimento das telecomunicações do país.

4 - D. Pedro II

Dom Pedro II, o grande incentivador da ciência no Brasil. (Fonte: Reprodução Internet)

Em 2 de dezembro de 1825, no Rio de Janeiro, nasceu o príncipe herdeiro Pedro de Alcântara, o D. Pedro II, o filho mais novo de D. Pedro I e da Imperatriz Maria Leopoldina de Habsburgo. Ele foi o último monarca do Império do Brasil e o seu reinado teve duração de 58 anos. 

D. Pedro II se dedicou à ciência, à artes, à literatura, à filosofia e à astronomia. A partir de 1850, como imperador do Brasil — consagrado em 18 de julho de 1841 — buscou desenvolver um projeto de criar uma identidade nacional. Assim, queria transmitir a imagem de um imperador esclarecido e que a elite brasileira estava empenhada no avanço científico. Além disso, estava preparada para desenvolver técnicas modernas, como o telégrafo e a ferrovia.

Para incentivar a produção científica, o imperador criou iniciativas para estimular esses avanços tecnológicos. Ele patrocinava projetos de pesquisas de documentos relevantes sobre a história do Brasil, ajudou o trabalho de vários cientistas e financiou profissionais de diferentes áreas de conhecimento e se correspondia com as sociedades científicas e cientistas da Europa.  

Um exemplo desse trabalho desenvolvido em prol da ciência foi o investimento em Guilherme Schuch, o futuro Barão de Capanema. Em agosto de 1841, ele foi enviado para a Áustria com o objetivo de estudar engenharia com todo o seu estudo custeado pelo imperador. Posteriormente, ele ficou responsável pela tarefa da implantação do primeiro sistema de telégrafo brasileiro, em 1852. Por esses projetos desenvolvidos, o monarca se tornou um incentivador na história da ciência no Brasil. A data do seu falecimento ocorreu em 5 de dezembro de 1891, em Paris.

 

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