Dot.lib

Conheça a vida e obra de três mulheres que, em diferentes épocas e lugares, foram exemplo de resiliência, coragem e inteligência (imagem: iStock). Conheça a vida e obra de três mulheres que, em diferentes épocas e lugares, foram exemplo de resiliência, coragem e inteligência (imagem: iStock).
3 escritoras para conhecer e se inspirar
  • Artigo
  • Ciências Sociais Aplicadas
  • 10/03/2023
  • Dia Internacional das Mulheres, DotLib, Escritoras, JSTOR, Literatura

A dedicação de historiadores, bibliotecários e demais pesquisadores da área têm trazido à luz diversas histórias reais e inspiradoras que, por muito tempo, permaneceram esquecidas em arquivos pelo mundo. Para celebrar o Mês da Mulher, a Dot.Lib selecionou três escritoras que representam toda a força, resiliência e potência para o bem que as mulheres carregam consigo.

A seguir, confira a vida e obra da brasileira Almerinda Farias Gama, da norte-americana Christine Quintasket e da anglo-americana Iris Origo, todas mulheres que desafiaram as normas sociais impostas e se tornaram exemplo de coragem, persistência e inteligência.

Almerinda Farias Gama (1889 – 1999)

“Eu sempre, por instinto, me revoltei contra a desigualdade de direitos entre homem e mulher.”

Em 16 de maio de 1899 nascia, em Maceió, a advogada, jornalista e sindicalista Almerinda Farias Gama. Ela foi uma das primeiras mulheres negras a atuar ativamente na política que, à época, era um meio dominado por homens. Aos 8 anos ficou órfã e se mudou para a casa de sua tia, no Pará, onde se formou em datilografia e atuou como cronista no jornal “A Província”.

Aos 30 anos, a alagoana se mudou para o Rio de Janeiro, onde se tornou presidente do Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos. Ela descobriu que o salário das datilógrafas era menor que o valor recebido por seus colegas de profissão masculinos para executar as mesmas tarefas. O fato foi o estopim para que Almerinda se juntasse a outras mulheres na luta por igualdade, que começou com sua filiação à Federação Brasileira pelo Progresso da Mulher (FBPM).

Pautas como o direito ao voto feminino eram, segundo suas próprias palavras, "uma arma que nós tínhamos para poder ingressar no recinto onde se discutia esses assuntos”. Pioneira do feminismo no Brasil, Almerinda foi uma das mulheres que solicitou permissão à Assembleia Nacional para participar da votação de artigos sobre os direitos da mulher que seriam incluídos na Constituição de 1934. Sua trajetória na advocacia política focada na igualdade entre homens e mulheres é longa e árdua.

No entanto, Almerinda também via na arte, especialmente na literatura e na atuação, uma forma de extravasar as dores de uma “advogada consciente dos direitos das classes trabalhadoras, jornalista combativa e feminista de ação”. Ela foi autora do livro de poesias “Zumbi”, que lançou de forma independente em 1942, já que não teve apoio de nenhuma editora, em um contexto de pouca ou nenhuma valorização das mulheres escritoras, especialmente as negras.

Após tentar, sem sucesso, concorrer ao cargo de deputada pelo Distrito Federal (então no Rio de Janeiro), a jornalista permaneceu na política como dirigente do Partido Socialista Proletário do Brasil. Por sua atuação nas artes, na comunicação e na política, Almerinda passou por diversos lugares do país, especialmente entre Alagoas, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo. Até hoje não se sabe, ao certo, onde Almerinda passou seus últimos dias de vida, mas há indícios de que tenha residido em um bairro do subúrbio carioca. Ela morreu em 31 de março de 1999, prestes a completar 100 anos.

Christine Quintasket (1884/1888 – 1936)

"Tudo na terra tem um propósito, cada doença uma erva para curar, cada pessoa uma missão a cumprir. Esta é a concepção dos índios sobre a existência.”

Mais conhecida como Mourning Dove (ou “Pomba do luto” em inglês), Christine Quintasket foi uma escritora nativa-americana, famosa por ter sido uma das primeiras indígenas norte-americanas a publicar um livro. Não se sabe com exatidão quando e onde Christine nasceu, mas alguns historiadores sugerem que seja entre 1884 e 1888. Sobre o local, as fontes divergem entre Bonners Ferry, em Idaho, e o condado de Okanogan, em Washington, ambos nos Estados Unidos.

Filha de pais Okanagan, um povo nativo-americano, Christine cresceu em uma reserva indígena em Washington, onde frequentou uma escola católica. Mais tarde, ingressou na Universidade de Washington, onde estudou enfermagem. Ela abandonou o curso para se casar e viver com seu marido no estado de Montana, de quem se separou por ser um homem violento.

Por ter aprendido inglês ainda durante a infância, a escritora teve contato com livros publicados por autores brancos que narravam uma visão estereotipada e eurocêntrica dos povos indígenas. Então, após o divórcio, Christine voltou a morar na sua reserva onde cresceu e começou a usar seus talentos de escrita para mostrar a realidade dos nativos-americanos por meio de matérias para jornais de Seatlle e romances.

Christine estreou no mundo literário em 1926 com “Cogewea: the half-blood” (ou “Cogewea: a mestiça”), um romance que retrata a situação dos mestiços dentro e fora das reservas, especialmente os filhos de homens brancos e descendentes de europeus com mulheres indígenas. O livro narra uma história fictícia, que se baseia na realidade de como essas relações e trocas culturais aconteciam à época.

Já em “Coyote Stories” (ou “Histórias de Coiotes”), uma de suas obras mais conhecidas, Christine reuniu histórias que ela ouvia de seus avós quando era criança. O livro foi muito elogiado por críticos literários e é considerado uma das primeiras obras literárias nativas-americanas publicadas nos Estados Unidos. Além de romper com mitos e tabus sobre os nativos-americanos, seus livros se destacavam pelas protagonistas femininas, que eram frequentemente retratadas como mulheres independentes, que usavam de sua inteligência e força para superar desafios e resolver problemas.

Christine continuou a escrever e publicar, mas teve dificuldades financeiras ao longo de sua vida, o que a forçou a ter vários empregos para sustentar a si mesma e a seus filhos. Ela morreu jovem, aos 48 anos, em 1936, em um acidente de carro. Embora ela não tenha se identificado explicitamente como feminista, sua obra desafiou as normas de gênero e apresentou uma visão alternativa do papel das mulheres na sociedade. Como uma das primeiras escritoras nativas americanas a ser publicada nos Estados Unidos, ela abriu caminho para outras mulheres indígenas e contribuiu para ampliar as vozes literárias das mulheres como um todo.

Saiba mais sobre a vida de Christine Quintasket no artigo da JSTOR.

Iris Origo (1902 – 1988)

“Esses — os atos simples e compartilhados da vida cotidiana — são as realidades sobre as quais o entendimento internacional pode ser construído.”

Iris Margaret Origo foi uma escritora e filantropa anglo-americana, conhecida por suas obras sobre a vida rural na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Nascida em Surrey (Inglaterra) em uma família americana rica, ela passou grande parte de sua juventude viajando pela Europa e aprofundando seus estudos em Literatura. Em 1924, Iris se casou com Antonio Origo, um aristocrata italiano, com quem passou a viver em uma propriedade rural na Toscana, onde se dedicaram à agricultura e à criação de gado.

Durante a guerra, Iris e Antonio trabalharam incansavelmente para proteger os camponeses locais dos abusos e das deportações. Além disso, também abrigaram crianças refugiadas, prisioneiros de guerra e soldados aliados em fuga dentro da propriedade a fim de escondê-los das forças nazistas e fascistas que começavam a ocupar a região. Iris documentou esses eventos em seu famoso diário, “War in Val d'Orcia” (que no Brasil foi traduzido como “Guerra na Toscana”), publicado postumamente em 1984.

A obra é considerada um relato precioso e autêntico da vida rural na Itália durante a guerra. Após o conflito armado, Iris continuou a viver e trabalhar em sua propriedade, além de se dedicar à filantropia, estabelecendo várias instituições de caridade na Toscana e em outras partes da Itália. Ela recebeu várias honrarias por sua contribuição para a preservação da história e da cultura italiana. Iris Origo faleceu em 28 de junho de 1988, na Toscana, mas sua obra e sua filantropia continuam a ser lembradas como um exemplo de coragem, compaixão e dedicação à comunidade local.

Conheça mais sobre a vida e obras de Iris Origo no artigo “Iris Origo Italian War Diary”, publicado no JSTOR.

Sobre o JSTOR

Logo da JSTOR

Utilizado por milhões de pessoas para pesquisas, ensino e aprendizado, JSTOR é uma das mais confiáveis fontes de conteúdo acadêmico em todo o mundo. Com a missão de manter e prover acesso amplo a um arquivo confiável de importantes publicações ilustradas, o JSTOR detém hoje mais de 2,4 mil periódicos acadêmicos, 100 mil livros e 50 milhões de imagens, correspondências e outras fontes primárias.

No Archive Collections, por exemplo, é possível ter acesso às coleções multidisciplinares e específicas por tema que abrangem conteúdo acadêmico em mais de 60 disciplinas, divididas em 15 volumes ou por disciplinas. Há também o JSTOR Essential, que conta com um rico portfólio com aproximadamente 700 periódicos em 45 temáticas voltadas às Ciências Humanas e Sociais para todos os níveis de ensino e pesquisa.

Já o Life Sciences é um recurso para biólogos e demais pesquisadores das Ciências da Vida que desejam ter acesso a cerca de 160 periódicos com cobertura em Ciências Aquáticas, Botânica, Biologia Celular, Ecologia, Paleontologia e Zoologia.

Se você quer conhecer mais sobre o portfólio do JSTOR e considera incorporá-lo nos seus estudos ou na sua instituição, contate-nos pelo info@dotlib.com ou preencha o formulário clicando aqui. Para mais conteúdos como esse, siga-nos nas redes sociais e acompanhe o nosso blog. Aproveite e se inscreva no canal oficial da Dot.Lib no YouTube, a Dotlib TV, para ficar por dentro dos tutoriais e de novidades.

Dot.Lib
Dot.Lib

A Dot.Lib distribui conteúdo online científico e acadêmico a centenas de instituições espalhadas pela América Latina. Temos como parceiras algumas das principais editoras científicas nacionais e internacionais. Além de prover conteúdo, criamos soluções que atendem às necessidades de nossos clientes e editoras.

Quer conhecer o nosso conteúdo?

Podemos lhe oferecer trials (períodos de acesso de teste gratuitos) dos conteúdos de nossas editoras parceiras. Se você tem interesse em conhecer alguma de nossas publicações ou soluções de pesquisa, preencha o formulário ao lado.

Informe os dados abaixo.
Utilizamos seus dados para analisar e personalizar nossos conteúdos e anúncios durante a sua navegação em nossa plataforma e em serviços de terceiros parceiros. Ao navegar pelo site, você autoriza a Dot.Lib a coletar tais informações e utilizá-las para estas finalidades. Em caso de dúvidas, acesse nossa Política de Privacidade ou Política de Cookies.