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Pesquisas selecionadas foram publicadas nos mais renomados e têm grande contribuição na qualidade de vida e na evolução da Ciência como um todo (imagem: Canva). Pesquisas selecionadas foram publicadas nos mais renomados e têm grande contribuição na qualidade de vida e na evolução da Ciência como um todo (imagem: Canva).
3 contribuições de pesquisadores brasileiros nas Ciências da Saúde em 2022
  • Artigo
  • Ciências da Saúde
  • 05/08/2022
  • BMJ, Brasil, Ciência brasileira, Dia Nacional da Saúde, DotLib, JAMA, Wiley

Apesar das dificuldades observadas na infraestrutura, modelos de ensino e dos poucos investimentos em pesquisas científicas — para além da falta de reconhecimento e apoio aos profissionais da Saúde — a Ciência brasileira tem mostrado resiliência diante do cenário pouco favorável. Dados do Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelaram que, nos últimos 20 anos, a produção científica nacional nas áreas da Saúde dobrou sua participação na produção mundial: foram cerca de 237 mil publicações catalogadas, o equivalente a 2,6% da produção científica mundial nesse período.

É importante lembrar que nem mesmo a pandemia de COVID-19 foi capaz de deter a dedicação dos cientistas brasileiros: em 2020, as pesquisadoras Ester Sabino e Jaqueline Goes de Jesus conseguiram realizar o sequenciamento genético completo do SARS-CoV-2 apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso no Brasil. O grande feito não só auxiliou no rastreio da origem do surto, mas também revelou características importantes do vírus que, mais tarde, ajudaram na formulação de vacinas e tratamentos contra a doença.

Em homenagem aos brasileiros ilustres que se dedicam à Ciência e em ocasião do Dia Nacional da Saúde — instituído em 05 de agosto em homenagem ao médico e sanitarista Oswaldo Cruz, nascido na mesma data em 1872 — selecionamos 3 contribuições científicas de pesquisadores brasileiros em 2022, todas publicadas nos periódicos de renome internacional e parceiros da Dot.Lib. Confira.

Padronização do processo diagnóstico para depressão

Uma médica psiquiatra estendendo as mãos em apoio ao paciente com depressão

Imagem: iStock

Uma pesquisa de revisão sistemática realizada pelos cientistas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) e publicada no British Medical Journal (BMJ) mostrou que parte das diretrizes clínicas de tratamento para quadros de depressão não define com clareza os critérios necessários para a avaliação da resposta dos pacientes à terapia inicial.

Essas diretrizes são documentos com evidências científicas que auxiliam na tomada de decisão de psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, farmacêuticos e demais profissionais da saúde mental caso os pacientes não respondam à terapia farmacológica definida inicialmente. Líder do estudo e integrante da FCF, a pesquisadora Franciele Cordeiro Gabriel explicou que um dos principais objetivos dessas diretrizes é tornar as decisões clínicas mais objetivas por meio da educação de médicos e pacientes e, dessa forma, diminuir a variabilidade de respostas dos pacientes aos tratamentos.

Apesar da revisão mostrar alguns pontos positivos em comum nas diretrizes — como a reavaliação do diagnóstico e da presença de comorbidades, além do ajuste da dosagem dos antidepressivos e a adição de psicoterapias — Franciele diz que há pontos a melhorar. “Isso inclui apresentar uma definição padronizada de resposta adequada, inadequada ou parcial ao tratamento farmacológico da depressão e estabelecer o tempo necessário para declarar uma resposta, ou até mesmo a sua ausência”, explicou a cientista em entrevista ao Jornal da USP.

O estudo integra o projeto de pesquisa do grupo Chronic Diseases And Informed Decisions (Chronide) que, por sua vez, conduz o projeto Saúde Baseada em Evidências e Recomendações para o Sistema Único de Saúde (Saber-SUS). A iniciativa é conduzida por pesquisadores de diversas universidades brasileiras, entre as quais estão a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Para ler a pesquisa completa, clique aqui.

Envelhecimento do cérebro

Ilustração de um quebra-cabeças incompleto representando um cérebro com déficit cognitivoImagem: iStock

Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — com colaboração de cientistas dos Estados Unidos e da Holanda e publicado pela Wiley — mostrou que há uma diminuição de determinadas proteínas no cérebro conforme o envelhecimento avança. De modo inédito, os cientistas descobriram que a falta da lamina-B1 na região do hipocampo pode gerar déficit cognitivo, comumente observado em pessoas idosas e característico de doenças neurodegenerativas típicas desta fase da vida.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram amostras de tecidos obtidos de camundongos e de material cerebral humano post-mortem de 30 doadores obtidos por meio de dois bancos de cérebros, sendo um deles o Brain Bank of the Brazilian Aging Brain Study Group, mantido pela USP e um dos maiores do mundo. Os procedimentos experimentais aplicados na pesquisa consistiram na realização de imunocitoquímica de culturas de astrócitos e neuronais, imuno-histoquímica de tecido cerebral de camundongo e de tecido hipocampal humano embebido em parafina, medição de nitrito e de espécies reativas de oxigênio, entre outros.

Em entrevista concedida à CNN Brasil, a professora do Instituto de Ciências Biomédicas e uma das responsáveis pelo estudo, Flávia Gomes, explicou resumidamente a descoberta. “Nós caracterizamos exatamente o tipo celular afetado pela diminuição dessa proteína: os astrócitos. Eles são células essenciais no funcionamento do sistema nervoso, por conta da formação de memória e de sinapses. Identificar um fenômeno que faz com que essa célula pare de funcionar é uma informação importante, porque isso impacta em entender como acabamos caminhando para um déficit cognitivo”

Para ler a pesquisa completa, clique aqui.

“Atletas de fim de semana” e redução da mortalidade

Pessoas praticando atividades físicasImagem: iStock

Publicado no JAMA Internal Medicine, o artigo “Association of the ‘Weekend Warrior’ and Other Leisure-time Physical Activity Patterns With All-Cause and Cause-Specific Mortality” sugere que tantos os praticantes regulares de atividades físicas quanto os chamados “atletas de fim de semana” têm taxas de óbito reduzidos se comparados aos sedentários.

Os resultados mostraram que, com base na 150 minutos semanais recomendados para esses exercícios, a porcentagem de proteção é de 15% para os que praticam com maior frequência e de 8% para quem cumpre a rotina de exercícios semanais em um ou dois dias. A proteção abrange tanto a mortalidade por todas as causas quanto apenas por câncer doenças cardiovasculares. Para fins estatísticos, a diferença percentual entre os grupos não foi considerada significativa.

Apesar de ser liderado por brasileiros, o estudo contou com colaboração internacional e foi realizado com base nos dados de mais de 350 mil adultos dos Estados Unidos obtidos por meio do banco de dados do US National Health Interview Survey; os autores pretendem expandir o trabalho com foco nos dados brasileiros disponíveis na Pesquisa Nacional de Saúde.

De acordo com Mauricio dos Santos, mestre em Neurociência e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), doutorando na Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp) e um dos autores, o estudo focou apenas na mortalidade. Portanto, não há dados comparativos entre os grupos que se exercitam sobre, por exemplo, o impacto dessas atividades na qualidade de vida em geral, no desenvolvimento de doenças ou lesões, entre outros.

Para ler a pesquisa, clique aqui.

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